O mundo X Marcelinho: Fiquei muito angustiado de terça a
quinta procurando esclarecimentos quanto ao fato ocorrido em São Paulo. Pensava
em escrever algo, mas não sabia como; não sou psiquiatra, não entendo sobre
psicologia ou ciências parecidas... Até que quinta-feira, ao amanhecer com uma
leve dor de cabeça, imaginei que poderia ser por esse motivo. Num grande
esforço e sofrimento, naquela manhã procurei penetrar na mente daquela criança
e percebi que não foi apenas por fazer parte de uma família de militares e
policiais e nem por gostar de jogos de violência que ele agiu assim. Mas, juntando
todas essas coisas e tudo mais que o mundo pôde lhe oferecer desde o início da
formação de sua mente e memória, ele foi recebendo, mas não absorvendo, o que
lhe impúnhamos. Já ao nascer lhe deram uma curta existência, e é óbvio que, num
dado momento, foi informado sobre isso. Dessa forma, o acúmulo de outras
informações foi despertando nele uma revolta. Não contra alguns, mas contra
todos que fazem parte e aceitam esse mundo fictício como real. Então se armando
de tudo que era ofertado, revidou numa forma sombria e brusca. Só aí percebeu
que não conseguiria destruir o gigante que lhe atormentava. Sendo assim, não se
rendeu; apenas abandonou a batalha de forma honrada. Eu, tanto como qualquer
outro, tenho o direito de não crer que ele fez essas coisas. Portanto, sempre
quando recordar esse fato, orarei ao Pai e pedirei mais uma chance ao Marcelinho,
mas não nesse mundo que o impeliu a morte.
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