quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Epístola de Agosto

            O mundo X Marcelinho: Fiquei muito angustiado de terça a quinta procurando esclarecimentos quanto ao fato ocorrido em São Paulo. Pensava em escrever algo, mas não sabia como; não sou psiquiatra, não entendo sobre psicologia ou ciências parecidas... Até que quinta-feira, ao amanhecer com uma leve dor de cabeça, imaginei que poderia ser por esse motivo. Num grande esforço e sofrimento, naquela manhã procurei penetrar na mente daquela criança e percebi que não foi apenas por fazer parte de uma família de militares e policiais e nem por gostar de jogos de violência que ele agiu assim. Mas, juntando todas essas coisas e tudo mais que o mundo pôde lhe oferecer desde o início da formação de sua mente e memória, ele foi recebendo, mas não absorvendo, o que lhe impúnhamos. Já ao nascer lhe deram uma curta existência, e é óbvio que, num dado momento, foi informado sobre isso. Dessa forma, o acúmulo de outras informações foi despertando nele uma revolta. Não contra alguns, mas contra todos que fazem parte e aceitam esse mundo fictício como real. Então se armando de tudo que era ofertado, revidou numa forma sombria e brusca. Só aí percebeu que não conseguiria destruir o gigante que lhe atormentava. Sendo assim, não se rendeu; apenas abandonou a batalha de forma honrada. Eu, tanto como qualquer outro, tenho o direito de não crer que ele fez essas coisas. Portanto, sempre quando recordar esse fato, orarei ao Pai e pedirei mais uma chance ao Marcelinho, mas não nesse mundo que o impeliu a morte. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente aqui