terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Minhas Viagens 39

    Ao clarear do dia, despedi-me dos responsáveis pela minha estada ali, e segui meu caminho. Lembro-me de um posto de gasolina já no final da cidade. Vagamente parece que pedi leite numa fazenda próxima, quanto ao resto, no momento não existe. Peguei uma carona, como e quando não sei, mas sei que de manhã já me encontrava na prefeitura de Santana, na tentativa de conseguir uma cortesia para vir de ônibus para Brasília, conforme me informaram que poderia ocorrer.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Minhas Viagens 38

       A menos de um km, vi uma casa a minha direita. Olhei: um alpendre. Pensei: poderia ser aqui! Fui até uma casa próxima em frente e expus minha situação, não passava das 21 horas e por acaso eram parentes do dono da outra, e até lhes agradou o meu pedido. Providenciaram uns papelões e lá passei a noite. Alguns pernilongos e alguns gatos e mais tarde certos ruídos no interior da casa, ficava imaginando: Será que é gato, rato ou assombração. Mas deveria ser o fraco vento.

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Minhas Viagens 37

       Em outro momento: outro bar; não me lembro do motivo, talvez para me informar da distância há percorrer até a saída da cidade. Sei que expus meus problemas a um moleque de 14 a 16 anos, e ao lhe dizer que dormiria pelas ruas, ele falou que seria perigoso. Tendo eu lhe dito que não haveria outra forma, que ninguém me ajudaria, e se ele quisesse poderia fazer o teste com seu pai. Para minha surpresa ele concordou e me surpreendeu, mas não me decepcionou, quando o senhor ouvindo a conversa que seu filho relatava, me olhou de baixo a cima e acenou negativamente com a cabeça. O menino veio em minha direção e eu lhe disse: não falei! Não se preocupe é assim mesmo, eu me viro, sei me cuidar, muito obrigado. Tendo-o deixado apreensivo e como último adeus olhou-me e virou-se para seu pai olhando-o também. Ambos eram claros e de boa aparência.

sábado, 14 de janeiro de 2017

Minhas Viagens 36

     Lembro-me de estar no ônibus muito aliviado. Após, quando a memória me volta, estou entrando num bar em Santa Maria a procura de um abridor de latas. Alguns bebiam sorridentes, entre eles um que parecia ser o dono. Narrei algumas coisas, e disse que tinha umas moedas (não me lembro como sobrou, teria sido da menina?) e se me indicariam alguma padaria aberta para comprar pão. Enquanto o dono procurando dizia que havia uns ali, ao me dar lhe ofereci o dinheiro, porém entre risos e piadas não aceitou. Foi um momento de descontração, as brincadeiras foram sadias e a parte mais tensa da viagem, havia acabado junto com a janta do religioso. 

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Minhas Viagens 35

        Já era quase noite, quando começava a imaginar que poderia ficar ali e já avaliava como seria. Quando o rapaz da empresa me chamou, e solicitando o dinheiro que eu havia arrecadado a maioria moedas, e que provavelmente não cobria o valor. Disse-me que eu poderia embarcar no ônibus que iria até Santa Maria da Vitoria. Avisei a linda moça, que me disse para aguardar, voltando logo após com duas latas de sardinha, ainda recusei por um instante, mas aquela simples e humilde menina insistiu, peguei e guardei. E num abraço e beijo, a deixei, com os olhos de ambos quase chorando, e nunca mais nos vimos. Ah! Desconfiei que ela havia pego a sardinha numa espécie de mercearia que ela trabalhava, sem que o dono soubesse. O tempo que ela dispunha a ficar ao meu lado muito o incomodava.

Obs: com estes relatos encerrei as últimas partes do meu livro “O Manuscrito” ‘Revelações de Marco Marcial’.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Minhas Viagens 34

      Hora de partir, não me lembro o que fiz, devo ter tomado café com eles... Quando me volta a memória já estava no lado de cá do São Francisco, pelejando para conseguir um transporte que me aproximasse de Brasília. Isto foi demorado apesar de muitos carros e motos desembarcarem e ônibus saírem (os ônibus, não atravessavam o rio) todos me negavam carona. Enquanto isto uma menininha, morena cor de jambo, magra, bonita, aparentando quinze ou dezesseis anos me era prestativa. Sempre que podia estava ao meu lado, é obvio que gostei e foi minha única companheira feminina durante aquela viagem. Ah! Só me lembrei agora: me sugeriram, provavelmente o rapaz do guichê, queria que eu pedisse dinheiro aos outros para pagar a passagem, pois de outra forma eu não poderia ser levado, pelo ônibus.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Minhas Viagens 33

      Logo após, o outro detento que permanecia calado, posicionou o colchão no melhor local, tendo o que me repreendera, dito que eu poderia descansar primeiro, sobre o seu único colchão. Ainda insisti que ele fosse antes e qualquer coisa eu me viraria, mas não aceitou. Deitei com o ombro próximo ao vaso, o qual em dados momentos, exalava um odor de urina e também mesmo com cuidado, às vezes parte do meu braço o tocava. Quando dei por mim acordei já com o dia claro, ainda no colchão, enquanto o preso cochilava sentado, encostado nas grades de ferro. Disse-lhe por varias vezes que deveria ter me acordado, e ele apenas respondia que estava tudo bem. E aquele provável mau elemento, considerado pela sociedade, naquela ocasião foi o meu próximo, o que talvez tenha me curado as feridas do cansaço e me dado novo ânimo.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Minhas Viagens 32

      Mais tarde trouxeram um delinquente, dizendo que ele havia feito um frango (a principio pensei que fosse roubar galinha). Puseram-no na cela do louco, que era um jovem claro aparentando idade próxima aos 30, e um pouco acima do peso, que o recebeu desferindo-lhe muitos socos, principalmente no rosto. Relatei aos meus companheiros que não achava correto aquele proceder, porém o que eu imaginava ser o líder, por me dar mais atenção, com uma feição seria disse-me que eu não sabia das coisas e era melhor eu ficar calado. Fiquei temeroso, por aquilo e não toquei mais no assunto. Ah! Os dois detentos e o louco eram de estaturas próximas a minha beirando 1,70m, de qualquer outro que cruzou o meu caminho, fora o delegado, naquele ambiente, nada me lembro.