A
carona deixou-nos a margem do São Francisco. Informei-me e dirigi a um dos barcos
que faria a travessia, não sei se foi a mulher que se encontrava no caminhão, antecedendo-se
a mim na embarcação, humildemente solicitou ao condutor que a levasse sem
cobrança para o outro lado. Logo após, mais constrangido ainda por este motivo
lhe pedi o mesmo, sendo que ele apenas pronunciou em movimentos negativos com a
cabeça: - Nossa! Hoje é meu dia mesmo, sobe aí! Tivemos que dar uma imensa
volta desviando-se dos bancos de areia, pois o velho Chico estava passando por
uma de suas primeiras grandes secas. Aquilo e outras coisas me faziam acreditar
que o mundo realmente acabaria até o ano 2000. É óbvio, segundo os escritos de
Nostradamus.
Pretendo discorrer pausadamente e tentar provar que não há verdade absoluta no meio em que acreditamos viver.
segunda-feira, 31 de outubro de 2016
sexta-feira, 28 de outubro de 2016
Minhas Viagens 21
Dando
um alô para os que lá se encontravam. Um grupo de dois ou três rapazes na parte
mais próxima da cabine e uma jovem senhora com um bebê de colo e mais um ou
dois pequenos em sua volta. Subi e me acomodei numa parte mais ao fundo para
não incomodar ninguém e nem ser incomodado. Não demorou nada e a rapaziada
começou a meu modo de ver a confeccionar um cigarro. Pensei: caramba! Não é
este meu propósito, tomara que não me ofereçam. Mas no decorrer daquele ato
percebi pela cena que os moleques estavam naquela atitude, apenas por assim
dizer “seja bem vindo forasteiro, firma um acordo conosco, participe de nosso
ritual, somos seus camaradas”. Óbvio que por fim me ofereceram aquele reduzido
cigarro. Ainda imaginei: não devo aceitar, mas cheguei à conclusão evangélica
que não seria um grande mal recebê-lo e assim fiz. A jovem senhora fixou os
olhos em mim e não desviou mais. Percebendo fiquei sem graça e talvez aquilo
associado ao tamanho do objeto que abrasava, fez com que meu dedo queimasse e
aquela dor me perturbou o resto do dia. O que me fez pensar por várias vezes
que realmente não deveria ter aceitado aquilo.
quinta-feira, 27 de outubro de 2016
Minhas Viagens 20
Não caminhei muito e percebi que em outra
propriedade realizava-se uma ordenha. Ah! A casa do casal ficava a minha
direita; a porteira à esquerda e o curral novamente a direita de quem vai de
Santa Maria a Bom Jesus da Lapa. Me lembro de dois vaqueiros e do curral ser
próximo a uma casa. Ao fartar-me do leite morno espumante e forte, agradecendo
voltei a estrada. Daí minha memória adormece até quando num extremo calor,
provavelmente provocado pelo sol do meio dia um caminhão parou. Não me lembro
de ter pedido carona, sem saber se era para mim, mesmo assim corri. Numa breve
conversa com o motorista, subi na carroceria que era apenas uma prancha sem as
proteções laterais, pelas características transportavam-se toras de árvores
nele e havia alguns buracos no piso, pequenos, mas suficientes para encaixar um
pé ou perna de um adulto.
quarta-feira, 26 de outubro de 2016
Minhas Viagens 19
Por fim a citada chuva
não passou de uma garoa e teve um pouco mais forte no período em que eu parara
pedindo abrigo, por pouco mais de 40 minutos durou a fracassada negociação.
Voltei à estrada, o cansaço não podia fazer parte de minhas opções. Parece que
aquela reunião me deu mais ânimo, pelo menos foi uma pausa na solidão. Quase ao
raiar do dia a chuva voltou a cair, bem fina e fria, sendo que logo avistei uma
porteira com uma proteção de telha acima, o chão era pedregoso, talvez eu tenha
escolhido uma pedra maior e escorado a cabeça. Protegendo-me dos pingos
consegui dar um cochilo e aos primeiros clarões do sol me senti forte para
continuar a jornada.
terça-feira, 25 de outubro de 2016
Minhas Viagens 18
Avistei uma casa
próxima à pista, um cachorro latiu, como ele era pequeno rodeei-a perguntando
se havia alguém, até que uma voz respondeu. Expliquei minha situação e me
deixaram entrar. Era um casal com uma criança e outro jovem, enquanto a mulher
amamentava, seu marido tentava me convencer que não poderia me abrigar,
principalmente por estar com esposa e filho, não seria prudente ele permitir
que um estranho ficasse ali e que eu poderia descansar por alguns instantes,
tomar água (filtro de barro) e partir. Tentei persuadi-lo dizendo que não
haveria perigo, pois eu era gente boa não um delinquente. Este embate demorou
por minutos, creio que sua esposa e até o outro jovem estavam prestes a intercederem
pela minha estada, suas feições me davam esta impressão, mas imaginei que se a
moça isto fizesse, a situação poderia não ficar muito boa para ela no futuro. Então
parti sob os pedidos de desculpas do pai de família e o silêncio dos outros que
foram coadjuvantes daquela trama.
sexta-feira, 21 de outubro de 2016
PMM – Eu Sou Deus 35ª parte
Jesus teve um caso com
Maria Madalena e tiveram filhos? – os idiotas não herdarão o reino dos céus,
guardem bem estas palavra, aqueles que vos fazem portarem-se assim, terão o
mais rigoroso juízo, havendo até a possibilidade da segunda morte para os tais,
aos que permanecerem na tolice vedados lhes serão os caminhos da salvação.
Jesus foi homem e desta forma poderia sim ter um caso (aliás em se tratando
Dele nunca poderia chamar “um caso”) mas
pela sua demonstrada personalidade Ele não teria e se tivesse tido poderia se dizer
que estaria entre os anjos caídos, hipoteticamente, não se esqueçam. Se lhe
fosse concebido do Alto casar e ter filhos e filhas não pensem que seriam
poucas as mulheres que se interessariam, não pela sua beleza natural (apesar
que pelo o que existe em nossa mente, Maria com certeza era uma jovem linda e
José também não devia ser diferente), mas pela sua inteligência e boa maneira
de tratar a todos e não confundam a grande elevação que ele quis dar as
mulheres e realmente deu com promiscuidades de vossas perversas e ignorantes
mentes.
quarta-feira, 19 de outubro de 2016
Minhas Viagens 17
Voltei à estrada e caminhei choramingando,
imaginando que não teria coragem de deitar-me no mato e não suportaria tanto
cansaço, se deitasse no asfalto provavelmente apagaria. Até então não me lembro
de pensar na mulher que não sabia se amava, provavelmente sim, mas não muito. Devo
ter andado recitando novamente “cordeiro de Deus que tirai os pecados do mundo,
tende piedade de nós”, devo ter sentado e até mesmo deitado por algumas vezes
sobre o asfalto. Até que em meados da noite uma chuva se formou, iniciando a
ameaça de que ela viria com raios longínquos, quando percebi que seria iminente
sua chegada, me entristeci mais ainda.
segunda-feira, 17 de outubro de 2016
PMM – Eu Sou Deus 34ª parte
Então devemos esquecer
os evangelhos? – Caramba! Falei isto em algum momento? Como esquecer o que nada
se sabe? O que eu disse que pode ter lhe confundido: foi que a divulgação da
bondade extrema pregada pelos que se dizem evangelistas e aceita por todos, com
o motivo para praticardes o mal, não é real. Tudo mais relacionado a isto não
lhes dão garantias de outras vidas (cada um por si), a princípio deverá ser a
nossa meta. Neste momento histórico procure sua salvação imediata, esqueça os
pregadores atuais e até seus antecessores, desperta o imortal que se encontra
em vosso coração, unam-se a ele antes que seja tarde, reúna todo o seu egoísmo
em si mesmo e mais ninguém, consiga sua salvação individual, após isto, todas
as demais coisas vos serão acrescentadas, segure-as, abrace-as, prendam-se a
elas não as deixem fugir. Sejam crianças em inocência e aptas a aprender coisas
novas, as velhas fossilizadas não tem mais valor.
sexta-feira, 14 de outubro de 2016
Minhas Viagens 16
Exausto, mas aliviado
por não trair minha religião, só pensava em cruzar a cidade o mais rápido
possível e deitar em qualquer lugar e dormir, imaginando: Cristo fez isto, mas
acho que não usarei pedra como travesseiro; muitos há poucas décadas também
fizeram; fora os que fazem naturalmente até os dias de hoje. Assim que o
aglomerado de casas acabou, já sai procurando um local para o aguardado
descanso, mas ainda havia lotes esparsos com suas casas, o que me fez andar
mais um pouco: não queria ser flagrado naquela situação, nem tão pouco
imaginaria que um dia tornaria aquilo tudo público. Por fim livre do perímetro
da cidade, com calma achei um lugar aparentemente arejado, deitei, instantaneamente,
formiga, levantei irritado e andando mais um pouco, sapos, então surtei e entre
choro imaginei que aquilo tudo estava acontecendo por não ter cumprido à risca
a palavra de Cristo “não levarás dinheiro...” peguei a nota e rasguei-a de
forma que alguém achando-a ainda poderia recuperá-la.
terça-feira, 11 de outubro de 2016
RMM – Autobiografia 247
Em um dia pela manhã na
varanda da casa, minha mãe disse aos filhos, todos reunidos, “iremos à Nova
Veneza” alegria geral, mas a minha e do Samaroni durou poucos minutos. Ela
continuou detalhando como seria a viagem e por fim disse para que todos
ouvissem, direcionando-se a mim. “O Marco não vai” nos meus 11 ou 12 anos de
idade não pude compreender aquilo. Hoje ao relembrar ainda às vezes choro por
aquele moleque que perguntou varias vezes a sua mãe o porquê dele não ir, não
obtendo respostas, aliás, implacavelmente ela repetiu algumas vezes que eu não
iria. O Samaroni a minha frente e de olhar fixo em minha face percebendo minha
angustia (não, eu não choraria), chorou compulsivamente em meu lugar. Comentei
varias vezes este fato dele chorar entre conversas familiares, mas a trama toda
ainda me acompanha e só agora a poucos anos creio ter desvelado o motivo.
Obs: não comentem este
texto com ela, não façam como fizeram quanto a minha última viagem. Pedi a
todos que a faria recomendando a cada um que nada a ela dissesse, com o intuito
de diminuir seu sofrimento. E alguém por um motivo inexplicável falou e ainda
pediu-lhe que não dissesse nada a mim que sabia. Tornando assim seu sofrimento
ainda maior por um ato insano de alguém muito próximo, não me lembro quem foi e
não gostaria de saber, o responsável por aquela proeza.
domingo, 9 de outubro de 2016
PMM – Eu Sou Deus 33ª parte
Quer dizer que nada do
que nos foi ensinado tem valor? – Sim, tudo o que o Mestre ensinou teria valor
se alguém seguisse. A vossa falta de inteligência que é gigantesca e também vosso
grande egoísmo, somado a distância que nos encontramos das coisas do alto, cria
em vós uma falsa sensação de que poderíamos ser imortais. Sensação que de um
plano superior, não o vosso, procede, pois somos investidos de imortalidade, mas
vosso proceder se possível fosse a extinguiria. Como o espírito que habita em
vós e a alma que vos escolheu são imortais e vieram do seio do próprio criador,
estes lutarão juntos às vossas mentes para acompanhá-las neste longo retorno,
porém como todo o mundo e toda tradição que a ele pertence se unem ao corpo e
também mente inculcando-lhes coisas irreais, na maioria das vezes, os seres são
enganados e dão único e exclusivo valor as coisas perecíveis, então quando se
esgota as possibilidades de haver união entre alma espírito/corpo e mente os
imortais abandonam o perecível. É necessário realmente vos pedir para que
tornem crianças novamente para compreenderem as novas revelações ministradas.
sexta-feira, 7 de outubro de 2016
Minhas Viagens 15
A família dele
constituía-se de mais alguns irmãos que estavam alheios ao problema, por serem de
pouca idade. Apesar de exausto aquilo tudo me incomodava, aparentemente todos
dormiam amontoados em um dos cômodos e percebi também que a mulher como companhia
só tinha os filhos. Então, misturando-se tudo aquilo com a adrenalina e
cafeína, declarei: vou embora! Foi um momento desesperador, já estava
convencido que acompanharia o jovem ao culto para ver ou ouvir o tal Espírito
Santo. O rapaz devido à insistência de sua mãe e percebendo que as condições
realmente não eram favoráveis a minha permanência, aceitou minhas palavras,
olhando cabisbaixo para mim e para a mãe. A senhora demonstrando uma feição de
alívio e alegria despediu-se, no intimo de seu coração... Não sei, mas o rapaz
provavelmente jamais se esqueceu daquele outro que cruzou o seu caminho.
quarta-feira, 5 de outubro de 2016
Minhas Viagens 14
Ele acabou convencendo-me
de passar em sua casa. Lembro de estar escuro e sua mãe fazia a comida num
fogareiro a lenha. A casa tinha dois cômodos pequenos e duas portas próximas uma
da outra, que davam para o quintal, tendo o fogo por perto. Havia um bule de
café quente na chapa, após tomar o primeiro gole eu não conseguia parar de
beber, repetindo várias vezes. Imaginando: será que posso fazer isso? Será que
vou resistir a esta comida cheirosa que está prestes a sair? Enquanto ele
tentava me convencer a ficar, sua mãe tomou uma postura contraria, dizendo num
tom baixo de voz que não havia possibilidade de ficarem comigo ali durante a
noite, de forma que eu ouvia as palavras e eles sabiam disso.
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