Na rodoviária de Goiânia (construção estranha,
feia e repugnante na época) decidi fazer ali minha ultima refeição. Tendo pedido um PF (prato feito), achei-o
ruim e lamentei comigo mesmo “como goianos fizeram uma comida tão ruim, não sei
nem quando comerei de novo”, comi. Tendo revirado minha carteira e olhando a
tabela de preços dos ônibus, embarquei para Cuiabá. Do trajeto nada me lembro,
apenas guardo o nome de algumas cidades: Jataí, Rio Verde, Ara Garça, Barra do
Garça, Divinópolis, ou sei lá. Cheguei de madrugada em Cuiabá, lembro-me de ir
ao banheiro, talvez tenha banhado, mas creio que não, escovado os dentes sim.
Pretendo discorrer pausadamente e tentar provar que não há verdade absoluta no meio em que acreditamos viver.
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017
Minhas Viagens 49
Minha intenção era
guardar o escasso dinheiro para o fim da viagem. Havia traçado um caminho, mas
em reuniões de adoradores da Maria Joana, o quê, era por nós e por ele mesmo,
considerado mais esperto, pelo menos era a impressão que nos dava por ser o
mais bem sucedido financeiramente, disse-nos que o caminho seria por Cuiabá, o
qual não era o que eu havia delineado com o mapa em mãos. Argumentei ainda que
gostaria de ir por uma região mais habitada, pois havia sofrido com a solidão em
terras baianas. Mas como ele insistiu acreditei que tinha certeza quanto aquele
fato, por isso fui por Goiânia. Optei subitamente em pegar logo o ônibus, para
não ficar exposto a alguns conhecidos que poderiam passar e me ver, e parar. E
naquele momento meu lema era “Eu não gosto de me explicar”.
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017
Minhas Viagens 48
Fiquei aliviado por ouvi-la
falar assim. Não sei se lhe dei uma data, não sei se havia uma, só me lembro de
que em fins de maio arrumei as minhas coisas e parti. Não recordo da despedida
dos meus parentes, nem o que disse ou deixei de dizer, parece que houve um
ritual de despedida envolto a fumaça e cheiro de mato queimando. Era uma manhã
ensolarada. Peguei o ônibus para Goiânia.
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017
Minhas Viagens 47
Um desespero a dominou, me contaminando imediatamente. Ela
numa dor profunda, materializada num pranto sofrido, implorava que eu não fosse
que não fizesse aquilo a ela, por tudo que houvesse de mais sagrado e eu também
em prantos dizia que era impossível ficar. Não poderia, sentia muito, mas não
iria contra meus ideais. Não, não contrariaria minha intenção de ser como Paulo
de Tarso “melhor que sejam como eu, não se contaminem com mulheres”. Por fim
alguém abriu a porta perto da qual nos encontrávamos na casa da frente, pois
ela morava nos fundos. Não sei se alertado pelo som do nosso pranto. Era o
filho da dona, apenas nos olhou e sem ninguém dizer nada, novamente fechou a
porta. Então a Rosa (fictício) serenamente disse-me: você quem sabe, quer ir
vá, mas se voltar não me terá mais, seguirei minha vida e você a sua. Se você
for me esquece, pois eu te esquecerei.
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017
Minhas Viagens 46
De volta à viagem... Não era necessário
dinheiro, pois imaginava que ele me havia feito mal na primeira. Então logo
após minha hoje amada (só descobri que a amo agora, pois seu amor para mim era como
as estrelas, nunca deixaria de existir, esta certeza vã me dava muita liberdade,
inclusive a de acreditar que não a amasse) voltar, lhe relatei que partiria e
daquela viagem se houvesse volta não havia uma data prevista, já tinha lhe dito
isto antes, apenas lhe informei que a hora havia chegado.
terça-feira, 14 de fevereiro de 2017
Minhas Viagens 45
Quando os índios
invadiram o garimpo, e a minha fuga tornou-se inevitável, peguei a mochila de
meu cunhado, deixando a minha que era menor, também as melhores roupas dele e
fugi (Nunca lhe dei satisfação a respeito disso, só falo agora). Pensei que
seria evidente a todos que se tratava de uma questão de guerra e nelas as leis
e outras questões éticas e de caráter, normalmente deixam de existir e o pior
de todos os males torna-se a principal meta: tirar a vida de outrem.
sábado, 11 de fevereiro de 2017
PMM – Eu Sou Deus 40ª parte
As dez horas, com um
pequeno atraso acontece o único diálogo e com a única autoridade que teria este
privilégio, Vossa Santidade. Sem interrupção ao cronograma, apenas havendo um
alerta vocal anunciaram o fato (é óbvio que todos já sabiam com antecedência
que isto ocorreria). Então a primeira pergunta do papa foi: porque se intitulas
assim, ESD? Porque escrito está “Sois Deuses porque Eu Sou Deus”. Continuou o
papa... Qual é seu principal propósito? Me dispus a alertá-los quanto a coisas
que pensam saber, quando nada sabem. O que, por exemplo? Por exemplo, dizem por
aí, e não são poucos, que Pedro foi o primeiro papa. – E não foi? – vossa santidade
que deveria nos esclarecer. Pelo conhecimento que tenho, não, pois a igreja Católica
Apostólica Romana oficialmente não existia no tempo em que Pedro pregara em
Roma, e esta inverdade faz com que a massa débil e ignorante imagina que ele
(Pedro) se portou como os papas que os sucederam: em vestimenta; rituais; ordenanças
e outros dogmas e atitudes não cristãs.
sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017
Minhas Viagens 44
Após vê-la partir
daquela forma: enlouqueci, ficava imaginando; dificilmente uma mulher resistiria
a investidas minhas naquela situação, mas com certeza ela sim, e o cara não era
eu. Não a tirava da cabeça um só instante. Tentei retornar ao estudo da bíblia
(que, aliás, assim que cheguei na chácara meu irmão estava lendo-a, exatamente
no quartinho que eu arrumara. Elogiei-o por isso e fiquei sem graça por
imaginar que eu voltaria a todas minhas loucuras cotidianas, e que também não
havia conseguido cumprir o plano que a ele unicamente havia declarado). Foram
os primeiros dias angustiantes pela sua falta, nela não parava de pensar.
Imaginava que poderia pegar dinheiro emprestado com alguém e ir ao seu encontro,
até mesmo com o auxilio de carona, mas tudo me parecia difícil, e foi nesta
tensão que decidi “vou embora”, peguei uma antiga e grande mochila do meu
cunhado a qual eu havia tomado posse, lavei-a e coloquei no varal. É obvio que
o sofrimento de todos e principalmente da minha mãe retornou ao ver aquele
objeto estendido.
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017
Minhas Viagens 43
Quando percebi que o
garimpo poderia dar errado, fui me preparando para sair do Brasil,
provavelmente EUA. Ao ler a bíblia mudei de planos, tendo imaginado que poderia
fazer como Abraão, sair da terra natal e prosperar em outras estranhas, portanto
sem visar emprego, mas prosperidade ou talvez ser pescador como os apóstolos. O
que me fez procurar no mapa algum lugar. Escolhi uma ilha no Peru e acho que o
seu nome era Ilha dos Patos. Isto já me liga a mulher que amo, pois me parece
que procurei por em prática esses meus projetos assim que começamos a nos
relacionar. A primeira desculpa que dei para que ela não ficasse comigo e que procurasse
outra coisa, porque minha intenção era sair do país, sem detalhar os motivos e
as formas.
sábado, 4 de fevereiro de 2017
Minhas Viagens 42
Cheguei um dia antes da mulher que não sabia se
amava, viajaria para Maceió. Ela havia insistido que eu não fizesse a minha
viagem e sim a dela. Lembro-me dela entrar no ônibus no fim da Comercial (Taguatinga),
e sentar-se ao lado de um jovem. Isto muito me incomodou (como pode minha
namorada passar a noite ao lado de um homem estranho?). A partir dali sofri meu
primeiro grande estresse pela ausência dela.
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017
Minhas Viagens 41
Consegui o ônibus, e por coincidência ele chegaria em Brasília de madrugada, exatamente no dia em que nós trabalharíamos na Ceasa, portanto bem próximo a rodoferroviária. Lembro do largo sorriso de minha mãe ao me ver, e também de meu irmão. Não imaginava ela que estas loucuras a incomodaria, ainda por algumas vezes.
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017
Minhas Viagens 40
Lá comentei sobre o
casal que conheci na fazenda, do banco que eu descansara e sobre outras coisas,
inclusive os quarenta dias, lógico. Um jovem disse-me que tinha uma doença e
segundo os médicos o levaria a morte. Perguntou-me se ele se portando como eu
havia tentado me portar com referência ao jejum, poderia curar-se? Eu lhe
garanti que sim. Meses após a viagem, me informaram que numa ruína em nossa
chácara, perto da BR, havia um jovem bem aparentado, que se recusava a comer. Fiquei
imaginando que poderia ser ele. Minha mãe ficou muito preocupada com a situação
daquele rapaz, e eu receoso de ir vê-lo, sempre deixando para um outro dia, até
que me disseram que ele havia partido. Esta dúvida e pensamento persegue-me até
os dias de hoje.
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