quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

RMM – Autobiografia 196

      Outro dia no início da noite, ouvi gritos do Júnior: seu Manel seu Maneeel... Pensei ser alguma palhaçada, pois ele sempre foi metido a cômico. Depois da gritaria minha memória guarda o registro de todos juntos na entrada da varanda, minha mãe choramingava com as mãos no pescoço avermelhado, seu Manel pedia calma, e parece que meus irmãos principalmente a Geni, demonstravam uma grande indignação em palavras. Meu pai parou por pouco tempo e falou: - isso é pra você aprender a respeitar os outros, respeita os outros. Aparentava alterado, mas não embriagado, e eu nos meus dez ou onze anos achei que seu Manel deveria ter sido mais enérgico.
           Segundo relatos: meu pai deu uma esbarrada numa moça com o RT ou um leve atropelamento, como queira, tendo ela logo em seguida corrido aos prantos, e minha mãe ficou cobrando de meu pai, (pelo percurso de retorno a chácara, cerca de quinze quilômetros). Que deveria ter seguido a moça para prestar-lhe alguma forma de ajuda. No final meu pai não conseguiu conter sua tensão e a enforcou com as duas mãos. Apenas o Júnior os acompanhava e não conseguiu fazer com que a agressão cessasse. No final minha mãe pedia calma e nos dizia que já estava tudo bem.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

RMM – Autobiografia 195

     Um fato muito chato, também ocorrido na fazenda foi quando o Camargo e um grupo de amigos e parentes passaram uns dias por lá, e se envolveram num acidente. Eles deram a versão do ocorrido, mas por outras vias chegou ao meu pai que estando eles se divertindo, correndo pra lá e pra cá numa carroça, em determinado momento o cavalo escorregou e caiu, tendo quebrado a perna. Porém meu pai nada falou a qualquer um deles e o animal foi sacrificado assim que ele chegou à fazenda, para tomar a decisão em referência ao grave ferimento do cavalo.

sábado, 21 de fevereiro de 2015

PMM – Eu Sou Deus 11ª parte

     O catolicismo representa o cristianismo? Não, o cristianismo foi o nome dado aos primeiros seguidores de Cristo, através  principalmente da pregação dos apóstolos, e como em toda organização se as principais mentes forem perdidas, no caso em especial citado pela morte, ela é profundamente afetada, se não houver nomes a altura de seus precursores. - Mas Pedro fundou o catolicismo – você esta afirmando, que tipo de estudo fizeste para defender esta que para você é uma verdade? – todos nos sabemos disto. – outra afirmação, quão difícil é remendar trapos velhos com panos novos, pois sempre o último prevalecerá ao primeiro, tornando a reforma inviável. – senhor sou Eli Mancebo: prego o evangelho e tenho mais do que esta multidão presente de seguidores, na outra vida serei um ser influente? – numa realidade que você não conhece não existe outra vida, a espiritual nasce aqui mesmo nesses casulos, se a respeito de sua instituição. Você provavelmente estará na presença do Altíssimo e lá ouvira o que já foi dito antes quando falaram: “profetizamos em seu nome e realizamos diversos milagres, expulsamos demônios e falamos línguas estranhas” e recebera como resposta: - pois bem, ponha-se aqui a minha esquerda. – mas senhor? – afastai-vos de mim todos vós que pratiqueis iniquidades teu lugar é entre os que rangem os dentes. – anti Cristo. Foi a ultima palavra do único cidadão a se identificar ate aquele momento. – é mais fácil passar um camelo no buraco de uma agulha do que um rico ir para o céu? – bem, naquela época todos julgavam isto impossível, mas hoje em dia alguns já consideram essa possibilidade falo do camelo. Aquela geração era por demais,  dura e ignorante o que tornara necessário palavras ásperas, porem vos digo, concordando com o pensamento que todos os ricos, homicidas, ladrões de não serem excluídos do reino dos céus. Mas no caso em particular citado os milionários podem sim entrar no reino, basta que num determinado momento ele esteja disposto. “a largar tudo que tem e seguir o reto caminho”. Do contrario será mais fácil sim o camelo.....

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

PMM 163

      Qual o limite do carnal ao espiritual se referindo ao amor? Onde começa um e termina o outro? O carnal é aquele que todos nós conhecemos e está diretamente ligado ao sexo e a tudo que lhe rodeia. Refiro-me a homem e a mulher, lógico. É devido a esse citado amor que estamos aqui no mundo físico ou natural. E o espiritual? Infelizmente nessa e em tantas outras gerações ele se mistura ao carnal, e nesta miscigenação não conseguimos saber qual a proporção de cada é usada nos diversos momentos. O amor espiritual esteve mais presente em nossa historia quando foi disseminado há dois mil anos atrás, o motivo todo mundo sabe. Como se relacionavam os homens e suas mulheres naquela irmandade? Tenho certeza que uns completavam os outros e eram felizes. E Paulo de Tarso e o tal Francisco de Assis? Se tivessem tido parceiras talvez pudessem ter sido mais produtivos, pois um antigo ditado é sempre válido. “por trás de um grande homem há sempre uma grande mulher”. Mas no caso particular destes dois acharíamos alguma mulher disposta a acompanhá-los? No decorrer do passado provavelmente muitas acreditavam que poderiam fazê-los, mas como seria? Paulo vivia de um lado para o outro, enfrentando diversas complexidades e Assis além de tudo pregava que deveríamos dar e receber esmolas, e até mesmo depender delas para sobreviver. Uma mulher, digamos: “com o pé no chão”, jamais confrontaria a tradição milenar da sociedade apenas por um amor carnal, pois com certeza seria tachada como louca assim como todos os santos são em seus dias, só após suas mortes as gerações os reverenciam. Feliz foi Jesus que no decorrer de sua vida teve varias noivas e porque não dizer esposas: aquelas sim foram mulheres fiéis, castas e a ele somente a ele, se dedicaram por toda vida. Talvez antes do, segundo sol chegar saberemos qual é o limite do carnal ao espiritual.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

RMM – Autobiografia 194

        Ah, antes que me esqueça, desde os três ou quatro anos já sabia, devido às palavras de minha mãe, que os padres e freiras eram os santos sobre a Terra e que o Papa era a autoridade máxima: uma espécie de homem deus, sabedor de tudo; que mentir era pecado assim como diversas outras coisas, e que ir para o céu era um tanto difícil, mas devíamos nos esforçar para evitar o inferno, que se encontrava no fundo da Terra, aonde caldeirões de líquidos imundos fervia; de vez em quando criaturas malignas passavam instrumentos com lâminas afiadas, obrigando a todos os ocupantes a mergulhar suas cabeças na gosma. Ainda bem que havia o purgatório, e eu tinha esperança de ser digno de passar por ele: este lugar era destinado à purificação de nossos pecados e após um tempo angustiante nele, poderíamos ir para o céu, carregado por anjinhos de asas brancas, aonde um idoso chamado deus e seu filho cabeludo e barbudo nos receberiam. Lá encontraríamos os finados que meu velho pai costumava citar e outros tantos que já haviam partido desta para outra.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

RMM – Autobiografia 193

       Na fazenda íamos quase todos os finais de semana, reuníamos todas as tralhas e partíamos. A Geni a princípio nos acompanhava, mas em alguns meses passou a detestar o passeio, falava que não iria e muitas vezes até chorava, só de pensar que ficaria só na casa da chácara, que nem tranca na porta do fundo tinha, encostávamos uma cadeira. Mesmo chorando insistia em ficar, minha mãe normalmente pedia para alguns de nós lhe fazer companhia e às vezes olhava para mim neste intuito, mas sempre recusei.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

RMM – Autobiografia 192

     Certa vez na fazenda, a Geni falou que atravessaria a represa de comprido (pouco mais de cem metros). O Camargo duvidou, e disse: - se você atravessar te darei cem cruzeiros (o que equivaleria hoje a cento e poucos reais). Ela cumpriu sua palavra, e eu me lembro que ele se negou a pagar, pois imaginou que seria sem paradas o que não ocorreu. Comentando este fato com a Geni em dias recentes, ela relatou-me que a Isaura se opôs muito ao fato dele dar o dinheiro, mudou o humor e cochichou várias vezes ao ouvido do Camargo. Minha mãe tomou o partido dela, porém seu Manel e praticamente todos os outros presentes, exigiram que ele cumpri-se o prometido. Ultimamente minha memória não anda das melhores, mas creio que a Geni disse-me ter pegado a grana no final da historia. 

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

RMM – Autobiografia 191

        Nossa relação sempre foi conturbada, ele um militar durão (parece que passou do exército para a P.M de Brasília, isto era comum até poucas décadas, não só no militarismo, mas em muitos outros órgãos em nosso país). Eu uma criança habituada à tortura, porém acreditava ter algum poder, por ser rico. Numa certa manhã presenciava ele, seu Manel e algum outro pelando um porco (processo no qual joga-se água fervente, ou em nosso caso, também fazíamos labaredas de fogo, com palhas de bananeiras secas envolvendo o animal e rapidamente passasse a faca pelo corpo do porco, como se barbeia por exemplo). O nariz do Camargo, devido ele estar muito resfriado, pingava sobre o bicho. Após observar aquilo por alguns minutos criei corajem e falei: - o seu nariz ta pingando no porco. – tem nada não e só água. Outra vez estávamos os dois a pescar na represa, que aliás chamávamos de lagoa. Eu arremessava a vara como se fosse um chicote e ele disse: - só tem um tipo de peixe que gosta desse barulho e aqui não tem dele. Não gostei nada deste comentário, virei o rosto para ele e fiquei encarando-o, isto a uma curta distância, porém ele não olhou para mim por sorte, pois eu pretendia dizer: - a vara é minha, a lagoa e a terra é do meu pai e eu faço do jeito que eu quiser.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

RMM – Autobiografia 190

         Estranho, poucas semanas depois vi novamente o João, num shopping da cidade (alameda) que fica próximo à casa que minha mãe achou que moraria logo após o barraco do posto. Dei-lhe um tapa na costa: - e aí Camargo, de novo?. – e aí camarada, pois é. No final da curta conversa retrucou. – pô, mas se toda vez que você me ver me der um tapa desse, eu to lascado. Respondi: - ta vou tentar não fazer mais isso, mas se fizer não reage não. Uns dias após este último encontro, pensei tê-lo visto passar por mim em um veiculo. Estranho não, após trinta anos ver um antigo amigo três vezes no curso de poucas semanas.