Sinopse geral

Minhas viagens 86

   Fiquei alguns instantes a observá-la e logo tentamos ter algum diálogo, aliás, tivemos. Tudo foi se desenvolvendo naturalmente, e sei que num breve período já nos encontrávamos em sua casa e junto a nós seu irmão mais novo, de 8 a 10 anos aparentemente.

Minhas viagens 85

   Em poucos quilômetros, no início da tarde, deparei com uma lagoa repleta de jacarés. Ela era um pouco menor que meio campo de futebol e havia cerca de uma centena de répteis talvez mais. Já havia passado por outra um pouco menor e com muito menos bicho. Próximo a essa uma casa que ficava a esquerda a uns cem metros da estrada e a lagoa a direita, (praticamente limitando-se com a estrada) aonde uma pré-adolescente entre 11 e 12 anos, abandonando o corpo de criança, pescava com uma pequena vara, entre os jacarés.

PMM 210

      Aproximei do companheiro de serviço e disse: - Ia fazer uma ronda completa, mas cansei. O elevador já funciona? - Sim!, Mas a única vez que ia usá-lo ouvi barulhos estranhos e desisti. Logo fomos interrompidos por um som, tendo ele levantado imediatamente para averiguar. Perguntei exclamando, motocicleta!? Parece mais uma trombeta, respondeu. Então fui logo terminar a ronda antes que a coragem acabasse. Chamei o elevador e quando ele abriria a porta imaginei que me depararia com uma figura humana, sub-humana ou sobre-humana. Sei lá! Não enxerguei e nem entrei, óbvio. Ao fechar a porta imaginei que alguém ou algo o solicitaria em outro andar, também não ocorreu. Tentei sair o mais rápido possível daquele comodo escuro, mas a porta não abriu, forcei mais um pouco e enfim livre. Já na alta madrugada, o alarido de sempre. Cansei de acreditar que fossem crentes em vigília, ou ventos, ou ecos, ou pássaros... quase corri. Que eu saiba nas proximidades só tem casas de eventos e um grande centro de macumba. Da próxima vez que ouvir aquela grande ladainha espero ter coragem de investigar o que pode ser.

     Obs: isto ocorreu ontem numa das maiores igrejas do Planalto Central e só havia eu e outro guarda. É tudo verdade, fico imaginando como seria uma noite no Vaticano.

Minhas viagens 84

   Em uma última conferida, joguei a pesada mochila nas costas e parti pela estrada que logo a frente se afunilou, e o mato quase a interrompia. Transformou-se em dois trieiros por onde passavam as rodas dos veículos e outras coisas. Cada rastro eu olhava e tentava decifrar de qual animal seria e o temor quanto ao tigre era constante.

Minhas viagens 83

   O Jorge e a Cristina me sequestraram em Rincon Del Cerro (próximo a residencia do Senador Pepe Mujica) e me trouxeram para dentro de sua casa, e acá estoy a quase uma semana e hoje dei meu primeiro beijo no casal, não sei se deverei beijá-los todos os dias... e tudo mais... bem... estou em minha segunda viagem na escrita, esta de agora já é outra. Na realidade quase uma semana são três dias e hoje é sete de maio de 2017.

Minhas viagens 82

    Amanheceu, desmanchei o acampamento que praticamente era só os panos de cama. Provavelmente orei, lembrei da música, aliás esta e minha namorada (à época) não saiam um só instante da minha mente e eu pensava que aquilo muito me atrapalhava. Agora me encontro aqui na casa de amigos, Jorge e  Cristina (casal, óbvio), nos arredores de Montevidéu em mais uma viagem religiosa e libertadora.

Minhas viagens 81

      O ardor da pinga ainda sinto na garganta, o efeito não lembro... Mas me recordo de ver passar duas ou três pessoas pelo local durante o dia e quando lhes falava dos jacarés, não davam bola. Um de bicicleta parou e me dedicou alguns minutos de atenção e logo caiu mais uma noite torturante... Ah! Na primeira noite percebi raios bem distantes e já na última chegou a nublar, sendo que eu fiquei muito preocupado, pois se chovesse a minha situação pioraria e muito.

Minhas viagens 80

   Meditou por um tempo e disse-me que seria melhor acompanhá-los até sua fazenda, comer, descansar e se fosse o caso eu poderia ir em algum dos seus carros. Agradeci e lhe pedi que ficasse tranquilo, porém eu não poderia abandonar meu propósito, que era permanecer no local ainda aquele dia e partir ao amanhecer do outro. Mais uma pausa e disse-me: -Quero te ajudar, como faço para te ajudar? Se eu tivesse pelo menos um pó para lhe oferecer, mas essa mulher cheirou tudo (a boliviana simplesmente não conseguia pronunciar uma só palavra, nem feição alguma apresentava, apenas esboçava um leve e malicioso sorriso). Ah! Pelo menos sobrou uma cachaça!  tendo me apresentado a garrafa peguei-a, e achei por bem que deveria beber um bom gole, e o fiz. Mais uma vez ofereceu ajuda sendo que respondi: não muito obrigado. Parecia realmente que ele queria me ajudar, creio nisso até hoje. Os dois se encontravam com muitas armas à mostra e munição também, após a conversa assim como saíram retornaram a mata.

Minhas viagens 79

    Então perguntou-me se havia ouvido o tiroteio, respondi que sim e que pensava se tratar de fogos de artifício, tendo ele complementado -Não! Me fizeram cerco, os milicos, então trocamos tiros a noite toda, não foi fácil. Sou eu que comando essa área e eles querem me derrubar, envio carros roubados para Santa Cruz e troco por drogas e você vai me atrapalhar ficando aqui. Retruquei: -Não vou atrapalhar, amanhã sigo meu caminho, não vi nada e nem ouvi, pode ficar tranquilo que não lhe atrapalharei em nada.