Minhas viagens 289

     Ouvindo Moacir Franco e umas outras, chegamos em Brasília nos últimos clarões do dia, o doutor me deixou entre o Conjunto Nacional e o Buraco do Tatu e partiu, fui em direção ao ônibus na dúvida se iria direto para minha casa, filhos, esposa ou para minha mãe, fiz o mais sensato, a última opção. A mala realmente imensa, passei com dificuldade pela roleta e foi difícil segurá-la próxima ao meu banco, acabei por trazer ainda muitas coisas, como algumas panelas, minha obra de arte: a colher de matar onças, facão, faca (presenteei  o Sandro), barraca, etc. 

Minhas viagens 288

     Na segunda-feira fomos a Cavalcante, aonde o doutor resolveria algumas coisas. Passamos pela fazenda na volta, pois minha grande mala estava pronta, a pegamos e outras coisas, partimos rumo a Brasília, parando para o almoço na famosa, mística e linda, Alto Paraíso. Chegando em Brasília liguei para minha amiga que numa sensação de alívio e raiva me atendeu muito irritada, dizendo que havia perdido mais de 4kg por esta minha loucura e que não tinha condição psicológica e nem uma outra de estar ligada a mim.

Minhas viagens 287

    No domingo tudo transcorreu bem, a noite fomos a tal festa, mas o doutor não animou em entrar na área que ela ocorria, pois percebíamos que estava muito fraca comparada ao dia anterior, por mim entraríamos, porém voltamos a fazenda. Ah! Havia falado ao doutor da festa que tinha ido em Cavalcante aonde conheci a Ingrid e que a organizadora e sua sobrinha que a ajudava, eram mulheres muito bonitas. Às encontrei na festa e as recordei quanto a mim, e apresentei elas ao doutor

Minhas viagens 286

     Ah! Quando passou da meia noite, falei ao doutor que havia completado anos no dia anterior, e por acaso há pouco mais de três dias aqui no Uruguai, falei a Cristina que meu aniversário fora a quase dois meses, ela falou a todos que eu havia escondido meu cumpleanos e que não deveria ter feito aquilo. Tendo eu dito que minhas viagens são sempre programadas para este período, desde a da Bolívia que passei com dois jacarés, da chapada que passei engatado, e aqui que passei despercebidamente até de mim mesmo. 

Minhas viagens 285

     Lá pelas quatro da manhã, eu e o doutor, meio sem querer resolvemos ir embora. Quanto a minha conquista, achava muito improvável, pois a barba por fazer a quase 2 meses, me dava a aparência de um idoso, e quando percebi ainda no acampamento que não havia deixado vestes para o meu retorno (minha intenção seria queimar todas que havia levado), quando me dei conta deste fato, selecionei e reservei a menos pior: calça, camisa, tênis e todo o resto da veste para o retorno e com ela fui a tal festa.

Minhas viagens 284

     Já que estava bebendo pensei que poderia também partir para alguma conquista, apesar de ter feito compromisso comigo mesmo, fora o café e a bebida, que não me meteria mais em nenhum relacionamento e que ao sair de lá, interromperia um, com uma pessoa que possivelmente, agora e sempre se preocupa comigo, amiga? Creio que sim... Aqui o casal que me acolheu, disse que devemos ter tido algum desentendimento em vidas passadas, por isso estamos juntos agora: eu, Cristina, Jorge, Victor Hugo, Barcus e os Fabians e muitos outros, acho estranho isso e um tanto confuso para mim, mas quem sabe com a minha amiga de Brasília seja o mesmo caso, circunstâncias mal resolvidas no passado.

Minhas viagens 283

     O doutor ao contrário de mim, não tinha o costume de beber, e a certo momento o vi acompanhado de PMs e tratei logo de alcançá-los, quando cheguei mais próximo ele se explicava dizendo que não havia nada em seu celular que poderiam olhar, enquanto o PM o chamava de safado. Cheguei já informando que estava com ele e perguntando o que havia ocorrido, com o pouco caso que faziam de nós, me identifiquei como policial militar da reserva, tendo um deles me pedido o documento, e eu explicado que não havia levado, etc. quase nos complicamos, mas terminou tudo bem, uma jovem havia falado aos PMs que ele havia fotografado ou a filmado.

Minhas viagens 282

     Então acabamos indo eu e o doutor no sábado... 30 de maio, o dia da festa. Ficamos por ali dando algumas voltas, num breve período falei que tomaria uma cerveja, tendo ele se oferecido para me acompanhar (entre os hábitos que acreditava que deixaria, este era um). Logo tomamos outra e mais outras, e eu imaginava se não passaria mal, por ter passado tantos dias sem beber, e em quebrar uma viagem espiritual que já havia começado mal, exatamente pelo excesso do álcool. Tudo isso me perturbou ainda mais a mente, quando peguei uma bebida que não me lembro bem, mas sei que era a base de vodca.

Minhas viagens 281

     Fui ao Banco, o doutor ao me deixar resolveria outras coisas, tínhamos que tomar todos os cuidados, pois me encontrava sem sinal de telefone. Bem! Enfrentei a fila para falar com o atendente e expus que não portava documento algum fora a carteira de habilitação, pois estava acampado e para uma casualidade não premeditada, precisaria de dinheiro. Sabendo a senha tudo se resolveu rapidamente. Agora estou aqui no Uruguai, 25 de julho a véspera de ir a Santana do Livramento, para resolver principalmente problemas ligados a banco e telefonia.

Minhas viagens 280

     Na quinta o doutor chegou e lhe comuniquei, como já havia dito aos peões que gostaria de ir a Cavalcante tentar sacar dinheiro para que se possível fosse ir à festa, teria alguma coisa no bolso. Então fomos papeando na picape ao som de Moacyr Franco, não ouvia há décadas e achei sua voz muito bem afinada, uma grande diversidade de músicas, as últimas composições dele são normalmente gravadas hoje em dia pelos sertanejos. Lhe demonstrei interesse em gravar algumas em CD e ofertar a minha mãe.

Minhas viagens 279

     Na fazenda, sim! Todos os dias desfrutara das noites estreladas e enluaradas da chapada. A lua estava em transição de fases, então eu calculava a hora dela se por, saia da barraca, me distanciava das luzes um pouco temeroso, lógico, pois é a Chapada dos Veadeiros. Os patos faziam certos voos e eram comum vê-los caminhando pela noite afora. Em uma delas, os cães que eram dois ou três acuaram algo no quintal, eu escutava da barraca, mas não iria me levantar, pois não tinha lanterna e percebia que o conflito ocorria a pouco mais de dez metros do meu local de repouso. No outro dia encontrei uma galinha sem cabeça nesta distância e relatei o fato aos peões.

Minhas viagens 278

    A conversa mais comum entre todos, era sobre a grande festa que haveria em Terezina, com rodeios e muito mais, em comemoração a emancipação ou seu aniversário, que ocorreria no outro final de semana, exatamente no meu aniversário. Passava pela minha cabeça a possibilidade de ir, mas acabara de conhecer as pessoas: com o doutor tiver curtos diálogos e apenas dois ou três dias de contato, mas estava me preparando psicologicamente para aquela eventualidade.

Minhas viagens 277

     Em meu primeiro contato mais estendido com a civilização, quando no domingo saímos com o doutor, após resolver, entre aspas, o problema com o galego em Cavalcante, fomos a Terezina, lá entre o vai e vem na carroceria da caminhonete, que na realidade é um utilitário, uma saveiro (acho). Tive um forte receio que aparentemente seria necessário fazer alguma espécie de tratamento psiquiátrico ou psicológico. Pensava: falei tanto do padre Marcelo para os outros, que ele não poderia estar em depressão e pedir ajuda em orações para os fiéis e que teria que ser muito ao contrário, e agora me encontro de igual modo, logo eu, que imaginava ser um forte elo de ligação entre as coisas de Deus e esta raça humana... o que será de mim?