terça-feira, 31 de dezembro de 2013

RMM – Autobiografia 98

            Da QNA 28, mudamos para a 29. Apesar da proximidade numérica, ficavam a mais de um quilômetro uma da outra: A 28 encontra-se na extremidade junto ao Pistão Norte, perto do recém-criado parque de Taguatinga e próximo ao monumento que eu havia relatado se tratar de quadrados sobre quadrados, mas na realidade são cubos sobre cubos (às vezes faço certas confusões banais); Ali se encerra a contagem das quadras, que se reinicia na avenida comercial e, como o nome já diz, é uma das mais importantes do DF, senão a mais importante nesse quesito (comércio). 

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

RMM – Autobiografia 97

            Aliás, consultando minha memória, assim que adquirimos toca discos ou toca fitas, minha mãe tocava as natalinas o mês de dezembro inteiro. Todos os dias, o dia todo, em alto volume. No início eu gostava, mas com o passar dos anos, fui criando total aversão. Creio que o ponto alto deste sentimento foi quando certa cantora dedicada à MPB lançou um LP natalino. No Brasil não havia lugar para não ouvi-la.

            Assim também tenho pelo estilo gospel, o motivo eu não sei. Gosto de ouvi-lo apenas ao vivo, mas, por vias tecnológicas, não; salvo raras exceções. Por exemplo: dias atrás ouvi aquela: “Espírito! Espírito! Que desce como fogo!” Cantada, provavelmente, por Nelson Ned, com a ajuda de uma orquestra ou coral (acho). Ficou muito boa. Comentando este fato numa roda de amigos e amigas, todos disseram gostar da música, independentemente da religião, mesmo não a tendo ouvido na voz do baixinho. 

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

PMM 113

             Não entendi quando associaram o papa ao fim do mundo, num documentário televisivo. Quis ver o programa que se iniciaria as 23h, mas estava exausto, então exatamente neste horário desliguei a televisão. No outro dia ao ligá-la e por no tal canal, estava a três minutos do começo dele. De imediato mostrava uma das primeiras palavras do italiano nascido na Argentina, em sua nova função "foram escolher um papa lá do fim do mundo". Já ai se explicava tudo (eu achei que ele havia dito isto por ter nascido na terra do fogo, mas não foi o caso). No decorrer da apresentação, foi relatado que certo religioso a séculos atrás, num estado de êxtase, proclama que após aquele papado vigente haveria mais tantos e esta contagem proferida se encerra no atual sumo pontífice. As pessoas interessadas nesses fatos concluíram que após este, viria o fim. Quero crer que tudo relatado neste episódio seja sério e também verdade, porém não posso deixar de frisar um erro (que por ser tão corriqueiro e antigo, é por todos aceito), que foi terem dito que os papas se sentam no trono de Pedro. Pedro jamais sentaria em qualquer que fosse o trono, nem ele e nenhum dos doze. Falo isto com toda convicção, não há provas em nenhum local do mundo que Pedro tenha fundado algum segmento religioso cristão. Todos os apóstolos pregavam suas experiências nos três anos que gozaram da presença de Jesus, e dos dias que Este os visitou numa forma não humana. Historicamente o nome dado a este movimento foi cristianismo, que perdurou apenas nos primeiros séculos de nossa era, até que todos seus mais puros praticantes foram exterminados sistematicamente.

          Em breve farei outro texto abordando este último assunto.

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

RMM – Autobiografia 96

            É lógico que eu ouvia Wanderlei Cardoso, Jerry Adriani, Antônio Marcos. Minha mãe era fã de Odair José e quando ouvia There’s no more corn on the brasos, dizia que quando morresse era para tocarmos no cerimonial fúnebre. Porém, creio que hoje não se lembra mais disso. Já eu era fã do Márcio Greyck. Clara Nunes já estourava e Luiz Gonzaga popularizava o som do nordeste. E o maior e mais curto fenômeno: Evaldo Braga. Não me lembro do nome Reginaldo Rossi, creio que confundia suas canções e sua voz com a de outros, provavelmente, até mesmo, com as do legítimo rei. Para encerrar, as natalinas sempre foram, para mim, insuportáveis; e são cada vez mais.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

RMM – Autobiografia 95

Assisti uma entrevista do Eduardo Costa na qual contava um caso em que ele, quando pequeno, pegou uma caixa de Ki-suco sem que o dono percebesse; fizeram e beberam diretamente num balde, ele e um amigo. Quando o dono do armazém, suspeitando, apareceu em sua casa, ele se encontrava todo lambuzado pelo suco.

Era uma alegria quando íamos comprar esses Ki-sucos ou Ki-refrescos. O sabor que eu mais gostava era o de laranja, e normalmente o tomávamos ao natural, pois não dispúnhamos de geladeira antes da venda do lote. Excepcionalmente tomávamos o refrigerante Crush, Grapete ou Baré. O último era tão conhecido e consumido, por ser mais barato, que havia até um dito popular: “Vou buscar Baré”.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Eu e a Abril (PMM 112)

Parte III – Final
Se imaginasse que fosse dar no que deu, teria escrito, assim como a princípio pensei, seguindo as instruções de minha filha para que fosse o mais objetivo possível:

“Sei de ensinamentos importantes que o mundo deverá saber, do oriente ao ocidente. Preciso que me ajudem nesse sentido. Gostaria que, se possível, nomeassem três ou quatro pessoas com o mínimo de bom senso para lerem meus textos (que já se encontram disponíveis). Estes representam muito pouco do todo que no momento se encontra em minha mente. Num breve estudo saberão se faz sentido o que digo. Entretanto, se a opinião for contrária, não lavem suas mãos. Na história, a pessoa que isto fez, foi apenas para si mesmo, num ato insano que não foi aceito nem aqui embaixo, quem dirá no alto. Mas tais ensinamentos não precisam de mim e nem de outros para serem divulgados. De todo jeito, virão à tona. E, se os meios naturais se oporem, até as próprias pedras poderão fazê-lo.” 
Obs.: Pensei em adaptá-la para enviar novamente à Abril, mas por enquanto não. 

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

PMM 111

No início do último semestre do ano passado, pedi para uma amiga que fizesse uns cartões de apresentação do meu blog. Ficou estabelecido que eles seriam mais ou menos assim...


... em homenagem ao fim do mundo maia. Porém, ela demorou muito a me entregá-los. Quando eu já havia desistido do combinado, ela me ligou e disse já estarem prontos. Isso ocorreu no começo de novembro do referido semestre. Dessa forma, não consegui distribuir todos até a data prevista para o fim do mundo segundo o que a imprensa atribuiu aos maias e onde encerraria também os meus textos divididos em sete partes, com esse mesmo título. Assim, ficou estranho distribuí-los após esse dia, por isso, tomei a decisão de cortá-los, também em uma gráfica. Aí eles ficaram assim:

E as pessoas me perguntam qual é o motivo dos cartões faltarem uma parte, e aqui os exponho. Se bem que meus escritos intitulados Fim do Mundo não tem data de validade como outros, em breve deverei fazer um ou mais textos intitulados já há meses: “O mundo”.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

RMM – Autobiografia 94

Não me lembro mais de fatos marcantes dessa casa, nem tampouco de alguma amizade desses 2 primeiros anos de escola. Um fato intrigante foi minha mãe ter tido um sonho que, segundo ela, um grande cavalo branco batia as patas numa cartela de jogo; e ao acordar, ela tentou lembrar das treze marcações. Porém, por algum motivo, não conseguiu registrar o jogo. E, no outro dia, pediu ao Ademir, irmão mais velho do Huascar, para conferi-lo. Ele trouxe a notícia de que ela havia acertado todos. Por acaso, naquela semana, só teve um ganhador, foi aqui do Goiás. Até hoje se ouve falar desse episódio, pois era muito dinheiro e o jogo se chamava Loteria Esportiva. O resultado foi por muitos anos apresentado pela Globo com o auxílio de uma zebrinha artificial.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

RMM – Autobiografia 93

            Minha primeira foto foi nesse período, um ambulante passou e convenceu nossa mãe de tirar umas fotografias nossas. Era a face de todos os filhos em preto e branco, colocadas próximas no mesmo papel emoldurado. Até pouco tempo ainda havia essas fotos. Se encontrá-las, divulgarei a minha que, entre todas, achei a mais feia, isso fez com que não gostasse dela. Talvez por retratar a feição de uma criança sofrida. Meses depois tirei uma no colégio, e já havia melhorado bastante o aspecto. Esta tenho comigo até os dias de hoje, e seria a segunda foto. Porém, há algumas décadas, encontrei uma outra, em posse da tia Geralda. E, com certeza, esta foi a primeira, mudando assim a ordem das outras. 

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Eu e a Abril (PMM 110)

Parte II
            “Olá!
Gostaria, antes de tudo, de agradecer à presteza pela resposta e por se prontificar a enviar meu e-mail para outros.
Minha intenção era que alguém ou alguns da área de vocês lessem meus textos, não só os citados, mas todos, e pudessem compreender sua importância. Eles agrupam conhecimentos de décadas de estudos na área religiosa, filosófica e histórica. Tendo eu, não de forma acadêmica, feito várias descobertas. Acredito que seja crucial compartilhar tais descobertas com o maior número de pessoas. Isso, por enquanto, não ocorreu através de meu blog e de um jornal que circula mensalmente no entorno do DF, no qual publico textos intitulados "Epístolas de Marco Marcial".
Quero deixar claro que não pretendo com isso divulgar meu nome e também não me interesso por dinheiro ou prestígio. Apenas gostaria de ver expandidos meus conhecimentos que, até o presente, se encontram embutidos numa forma de prefácio comparado ao que existe em minha mente. Portanto, creio que posso formular textos e adequá-los a qualquer situação que vocês desejarem. E tenho certeza que, se isso ocorrer, num breve período vocês sentirão bastante satisfação em ter prestado tal serviço.
Desde já agradeço.”

            A esta, a resposta veio após alguns dias e era, aparentemente, automática. 

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Epístola de Dezembro

Um tempo desses, senti uma insistente, porém, leve, dor de cabeça. Após 40 horas com ela, me preocupei e relatei o fato a minha esposa. Esta falou que deveríamos ir ao hospital, entretanto, disse-lhe acreditar que em breve estaria livre desse mal.
A preocupação foi devido a minha cabeça nunca doer, a não ser por problema digestivo; e achava que este não era o caso. Fiquei algumas horas meditando e tentando encontrar algum motivo que poderia ter provocado tal dor. Quando ela iniciou pensei que poderia estar ligada a abstinência, pois há alguns dias não consumia certa bebida (isso foi fácil de ser resolvido). Porém, como persistiu o sintoma, deduzi que não se tratava disso. Devo ter pensado em abstinência por algum outro motivo.
Então, aprofundando em minha mente, lembrei-me de um episódio. Estava dentro do carro ouvindo rádio no ambiente do serviço, quando sintonizei numa emissora onde se iniciava a música My Sweet Lord (Beatles ou algum ex-integrante) e fui levado, por um impulso, a orar ao som da melodia. Em certo momento houve um forte sincronismo e me assustei pensando que algo fora do normal pudesse ocorrer. Cessei a oração, olhei em derredor e procurei apenas ouvir a música.
Resumindo: penso que parte do meu cérebro pôde me propiciar algo que ainda não compreendo, e, de forma súbita, outra parte mais usada resistiu com maior força. Este choque que poderia ter sido fora do físico, porém, iniciado e finalizado nele, resultou nessa dor. A princípio pensei que deveria relatar esse fato. Mas não o fiz por faltar coragem. Agora o faço por livre e espontânea pressão.
A propósito, se puderem ler a última parte do meu texto intitulado “Evolução” via blog, será ela a minha mensagem de natal.
Feliz Natal e Um Inteligente 3º Milênio!!!

Só por curiosidade, após a formulação desses pensamentos em minha mente a dor acabou. 

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

RMM – Autobiografia 92

            Saindo da E.C. 28, fui para a E.C. 23, que era próxima a minha casa, não mais do que 700 m. Lá, em vez de ser um dos alunos mais carentes, eu era um dos de família mais próspera da sala e também do colégio. Pois meu pai era um dos mais endinheirados da cidade. Tanto que, a partir daí, lhe deram um apelido, que bem demonstrava sua situação: “Senador”. Título que levou até perder todas as coisas e ser considerado louco por quase todos.

De volta à escola... Após a reprovação, todos falaram e falavam. Por causa disso, fiz uma promessa a mim mesmo que aquilo não se repetiria. Porém, esse primeiro ano repetido na E.C.23 foi muito estranho. Ninguém me acordava, e ao despertar naturalmente, faltava 5, 10, no máximo 15 minutos para o início da aula, quando não menos. Passava por minha mãe e por outros, queria perguntar por que não me chamavam, mas nunca o fiz. Esta correria aconteceu por quase todo o ano. Ainda bem que não tinha horário de verão. Apesar disso, lembro-me que nessa época havia certa felicidade, nada comparado à miséria que vivi no cursado 1º Ano. 

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

RMM – Autobiografia 91

            Quando mudamos do posto, ainda frequentei os primeiros dias de aula do 2º Ano de estudo na 28. Só agora percebi a coincidência numérica: escola classe 28, primeiro colégio, QNA 28, primeira casa decente que morei.
            Levei uma pipoca e a comia durante a aula no fundo da sala. Ao terminar, instintivamente, nos meus 7 anos de idade, enchi o saco e o estourei. Que estrondo! Todos assustaram, principalmente eu e a professora. Esta, num brado, mandou me levantar e ficar na quina do fundo da sala, de frente para parede (eram comuns esses castigos, havia relatos que alguns alunos ficavam ainda ajoelhados, até mesmo sobre grãos de milhos, reguadas e puxões de orelha não eram raros).
De imediato me deu uma grande angústia, e um nó na garganta que consegui segurar por dois ou três minutos, e quando veio à tona, foi num grande berro de choro. Creio que foi outro susto para todos. Mas não foi intencional, simplesmente me esforcei muito para conter. Sendo assim, a professora pediu que eu sentasse e não fizesse mais aquilo.

Naquele dia fiquei muito envergonhado perante todos, e o que me tranquilizava era a certeza que seria meus últimos dias naquela escola. 

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Eu e a Abril (PMM 109)

Parte I

Há exato um ano, em meio aos festejos de dezembro, fui ao mercado próximo a minha casa comprar umas coisas de última hora. Assim que entrei fui abordado por uma moça que oferecia um contrato de assinaturas de revistas da editora Abril. Quando ela me disse o valor eu entendi que a promoção seria de pagar apenas uma parcela no cartão de crédito e ter direito a um ano de revista. Dessa forma, achei o valor justo e aceitei o negócio, mas não sem antes perguntar duas ou três vezes se o valor era aquele mesmo e se valeria por um ano recebendo as revistas mensalmente; entre sorrisos e palavras lisonjeiras, me garantiu que sim e me deu um papel para que assinasse. Fiquei com vergonha de dizer que não compreendia nada por não gostar de carregar meus óculos e ainda mais por ter consumido certa bebida. No outro dia, já com os óculos, percebi que ela não havia sido honesta comigo, não sei se o fez por si mesma ou por orientação de outros. As parcelas, na realidade, eram 12. Voltei ao mercado umas duas vezes, mas não a encontrei. Então liguei para o número no contrato e acabei por fazer uma nova negociação. Tenho recebido as revistas até hoje, porém, como já está findando o contrato, tive a ideia de enviar-lhes por e-mail meu blog com sugestões de leitura, para que, de alguma forma, um dos meus textos pudesse ser publicado nas suas edições. A resposta foi (em minhas palavras): “Só publicamos textos inéditos, mas estaremos enviando o endereço do blog para outros setores.” Então enviei-lhes outro e-mail.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

RMM – Autobiografia 90

            Meu avô nos visitava e minha avó também. Ambos paternos. Porém, normalmente em períodos distintos. Eu sabia de um tal vô Neno, que nos tratava muito bem e, às vezes, acompanhava minha avó. Depois do encontro com meus tios que eu não conhecia, fiquei sabendo que meu avô morava com uma tal de Maria, que passou a ser minha tia Maria. Os moleques que eu vira eram os irmãos mais novos do meu tio Dinarte (Leão), que morava em Brasília; assim como tia Fátima, que estava sempre por aqui. Eu os acolhi, eles me acolheram. E aquela molecada dividia uma casa de dois cômodos como o barraco do posto, porém, não era de madeira, mas sim adobo; o piso, chão batido. Fazendo agora a conta nos dedos, eram 8 crianças, entre 4 e 15 anos. Sendo que um casal era de idade próxima a minha: tio Paulinho e tia Soninha. 

domingo, 1 de dezembro de 2013

Mórmons (PMM 108)

Parte III

"Ao contrário do que muitos dizem, os Mórmons são cristãos, assim como muitos outros. Não há nenhum ritual macabro ou fenomenal, oficialmente continuo sendo membro da instituição, pois lembro de ser informado que se fosse desligado seria avisado antecipadamente. Tenho vontade de frequentá-la por mais algum tempo, porém não tem sido possível.
E para encerrar, foi muito estranho os USA terem permitido que um dos seus maiores líderes religiosos, senão o maior, fosse executado quando estava ao seu cuidado (aprisionado)."

Folheando o caderno que em primeira mão escrevo, encontrei este texto, que provavelmente seria o final da segunda parte referente aos Mórmons. Complementei-o para que seja a terceira e última para o momento.

A relação entre Mórmons e o povo ou estado americano foi tumultuada desde o início, ocorrendo que vários membros tiveram a liberdade privada em diversos momentos. E foi devido à pressão da sociedade e estado, segundo meu entendimento, que a igreja decretou um documento desautorizando os tais polêmicos casamentos. E os que não se abstiveram dessa prática são considerados dissidentes e foram excluídos oficialmente da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.

Apesar de toda perseguição ou por causa dela, eles foram grandes desbravadores, fundando importantes cidades naquela nação. Inclusive, numa dessas empreitadas, ocorreu uma grande tragédia: tendo o inverno chegado antes do previsto, dezenas ou mais de centena de pessoas que se dirigiam à terra prometida foram mortos.

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

RMM – Autobiografia 89

            Em dias próximos a este, porém em Nova Veneza, fui rodeado por uns meninos mal vestidos, de olhos fundos e muito magros. Diziam-me para eu pedir dinheiro ao meu pai para comprarmos algumas guloseimas. Era a festa de julho, até hoje sempre que podemos participamos dela. Eu insisti que meu pai não daria o dinheiro, ainda mais se me visse rodeado de pessoas estranhas, então me falaram que eram meus tios e que, se eu pedisse, seria atendido.

            Lógico que não acreditei. Porém, como o Huascar se encontrava junto a nós, ele confirmou a conversa. Fiquei totalmente confuso, mas pedi o dinheiro. No momento, meu pai olhou e viu os meninos a certa distância nos observando. Deu dinheiro suficiente para comprarmos algumas coisas. 

terça-feira, 26 de novembro de 2013

RMM – Autobiografia 88

            Algo de difícil compreensão foi quando, em determinada novela, uma mulher falou que seria mãe e o pai era Fulano de tal. Então, em poucos segundos, interrompi: “Como ela sabe que o pai é ele se não são casados?”. Havia muitas pessoas na sala, alguns tentaram me dizer entre sorrisos sem graça que era assim mesmo.
            Meus pais fingiam não estarem interessados. Aí o Huascar, meu primo mais velho que eu uns 5 anos (em torno de 13 anos), me perguntou: “Seu pai e sua mãe não sabia que você seria filho deles?”. E eu retruquei: “Mas antes de casar?”. Por fim, acabei aceitando ou me dando por enganado. Mas nunca esqueci essa conversa.

            Lembrei-me dela quando, no colégio, aprendi como as coisas aconteciam. 

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

RMM – Autobiografia 87

            Creio que não relatei... Estando em Nova Veneza, provavelmente no período de minha primeira memória...
Lembro-me de chorar muito e meu avô me pegar no colo e ir ao encontro dos meus pais, que estavam numa festa. Ao chegar deparou primeiro com meu pai e, pedindo desculpas, disse-lhe que não havia outro jeito, a não ser me levar até eles. Meu pai apenas nos olhou e, num aceno de cabeça, indicou minha mãe.
Sua fisionomia ao nos ver foi de uma pessoa de poucos amigos. Dessa forma fui passado para seus braços. Nunca me esqueci o local que realizava a festa, que era do lado do único hotel da cidade. Este, durante décadas, foi pensão, tocado pela minha avó (mãe do meu pai) e hoje por amigos nossos, herdeiros da tia Uca.
A propósito, não era minha tia, mas essa era uma forma carinhosa que a chamávamos. Até seus últimos dias de vida, que aconteceu há poucos anos, dela eu pedia a benção.

Por falar em benção, nunca entendi bem esse procedimento, mas, seguindo a tradição, peço aos meus tios e tias, e também a minha mãe. Na adolescência tentei excluí-la, mas fui duramente repreendido por uma de minhas tias, então resolvi não correr mais esse risco. Entre meus filhos e sobrinhos, essa prática encontra-se quase extinta. 

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

PMM 107

Quis contestar um texto de certo religioso apenas pelo título: “O Primeiro e O Maior de todos os santos”. Porém, já de início cita: “Jesus, através de José, é juridicamente filho de Deus (RM 1,3). José, fisicamente, não é o pai de Jesus (...) Deus: Ele solicita a colaboração humana na obra de salvação: ela não se realiza na terra sem a parceria do ser humano. O filho de Deus quis ter um pai e uma mãe e quis ter a necessidade de José (...)”.
Não sei se podemos considerar Jesus santo, assim o colocamos muito próximo a nós. Porém, no sentido homem, ele o foi. Mas não o primeiro, no próprio texto o autor intitula José como São José, e Moisés, Miqueias, Adão, Eva, não o foram antes do Filho-do-Homem? Deus não solicita colaboração de homens e nem tampouco Cristo “Quis ter (...) e a necessidade de José (...)”. Basta! Esse texto é involucionário.
Não podemos mais nos prender a qualquer ensinamento, porém, queremos e gostamos de ser tratados como crianças e deixarmos que outros decidam a questão religiosa. E esta intimidade que acreditamos ter com Deus ou seu filho é fictícia. Só existe dentro de nosso egoísmo. E se ficarmos presos a discursos e textos pobres, que nos são ofertados, não haverá salvação, pois não a merecemos, porque não fazemos por onde.

Professamo-nos cristãos. Quando o demonstramos? No natal? Na sexta-feira santa? Quando damos esmola? Procurem conhecimento, pois o Deus que era dos judeus ou Moisés acompanha nossa evolução e, no momento, é o Deus da física, química, biologia, filosofia e de todo medíocre conhecimento que a massa acredita ter. 

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Mórmons (PMM 106)

Parte II

                Acabei fazendo um comentário mais pessoal sobre os mórmons no outro texto. Então, para complementá-lo, a sua história é essa (e, até o momento, a considero verdadeira):
                Joseph Smith (EUA) começou a receber visitas de um ser não visível por outros, e este lhe informou que havia escritos antigos que contavam a história da América do Norte. E esses lhe foram mostrados, e várias testemunhas viram os textos clavados em placas de ouro; após um delicado trabalho de tradução, o original foi ocultado. Daí advém o livro dos mórmons. Sendo que ele, Mórmon, é o tal ser (leia o livro se puder, não creio que te fará algum mal). 
                   O livro fala de vários povos que se embrenhavam em guerras até uns eliminarem os outros e, no evento do Cristo, assim como ele era esperado pelos judeus, também aqui na América era aguardado, segundo escritos de homens considerados santos, profetas, etc. Após a crucificação e os três dias, ele teria feito várias visitas ao continente do norte, esse foi o maior evento já realizado. Creio que, se essas visitas realmente ocorreram, foram transformadas em lenda, pois os civilizados, quando vieram, destruíram toda cultura que aqui havia, principalmente a escrita. 
                  Na minha procura por evidências, a ligação que achei é a de que em vários lugares e povos há relatos de visitas de um poderoso homem branco. 

terça-feira, 19 de novembro de 2013

RMM – Autobiografia 86

            Quando chegávamos, logo a notícia se espalhava. Normalmente meu pai nos deixava no meu avô e ia cumprimentar todos os familiares, aliás, toda a cidade, pois todos se conheciam.
            Um fato chocante foi quando um dia, não sei se de propósito, demos várias voltas na cidade, apenas eu e ele. Já ao anoitecer, uma jovem moça nos fez companhia por alguns instantes.
Estava dentro do carro estacionado, não me lembro se só ou em companhia da moça, numa movimentada rua à porta do salão de festas da cidade, que provavelmente antecipava alguma festividade. Vi minha mãe passar ao meu lado com uma feição irada, dirigindo-se rumo ao meu pai, que era o centro das atenções em meio aos outros.
Ao encontrá-lo deferiu vários tapas, no mínimo, quatro ou cinco sequenciais. A imagem ainda está em minha mente como um filme, e seria fácil reproduzi-la. Após isso voltou com lágrimas nos olhos. Se ela sabia que eu estava no carro ou não, eu não sei. Assim como ela evitou olhar em direção ao carro, que se encontrava entre a casa do meu avô e o salão, também evitei olhá-la.

            Fiquei muito chocado. Depois, a menina, que era afilhada de meu pai ou dos dois, foi até ela, preocupada se poderia ser ela o pivô de tudo. Porém, minha mãe negou. Até hoje dá mil desculpas para o ocorrido. Por acaso ontem à noite minha esposa, em meio a uma rua não muito movimentada, tirou um copo descartável de minhas mãos e o jogou ao chão, derrubando o líquido que eu já não suportava mais beber. Não gosto desse tipo de atitude, mas fazer o que?! Mulheres!

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

RMM – Autobiografia 85

            Como havia dito, após a compra dos Dodgers, eram frequentes nossas idas em Nova Veneza. Quando íamos por Anápolis, percorríamos quase 60 km em estrada de chão. E por Goiânia a distância total aumentava, sendo que o trecho de chão reduzia metade. Todos gostavam quando íamos por Goiânia e, ao aproximarmos, tínhamos aquela vista panorâmica da cidade, como ocorre até os dias de hoje.

            Numa dessas viagens, meu pai fez uma curva à direita e, não sei por qual motivo, acabou batendo o veículo num monte de entulho. Assustamos, alguns populares pararam para olhar, mas não passou disso. 

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Mórmons (PMM 105)

            Parte I
              No final do meu manuscrito, disse que falaria sobre a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (Mórmons). De antemão, considero um grande vacilo ela ter se deixado designar por esse nome simples. Isso influenciou muitos teólogos de diversos segmentos cristãos a considerá-la uma seita. Como muitos, não entendi porque foi permitido aos seus fundadores terem casamentos plurais (um homem com quantas mulheres puderem sustentar e conciliar num lar).
            Todavia, antes de me ingressar nela, fiz um minucioso estudo sobre toda a literatura que pude ter acesso a seu respeito. Só após meu batismo, foi-me permitido possuir um livro intitulado “Doutrinas e convênios”. Por coincidência, quando lia sobre tais casamentos, minha esposa se encontrava atrás de mim. E depois, sem que eu percebesse, o pegou e leu alguns trechos. É lógico, ficou muito irritada. Então lhe disse que não o lesse mais, pois só era para membros, e que os casamentos plurais haviam sido banidos a mais de séculos pela instituição.
Outra coisa que me disseram foi que cada membro não deveria poupar esforços no sentido de visitar um dos templos o mais breve possível. Sendo que o mais próximo de Brasília era em São Paulo. E lá se concretiza casamentos para a eternidade. E o batismo pelos mortos. Este sempre foi para mim um grande enigma, pois Paulo fala claramente, não me lembro em qual epístola: “De outra forma, por que se batiza pelos mortos, sendo que eles não ressuscitarão?” num discurso onde afirmava que os cristãos ressuscitariam.

Fiz o possível para visitar o tal templo. Porém, semanas antes de conseguir minha autorização, creio que comecei a fazer coisas que inviabilizariam essa intenção. Sendo assim, deixei de frequentá-la e passei a andar por lugares e com pessoas que não são consideradas religiosas pelos que se dizem ser. 

terça-feira, 12 de novembro de 2013

RMM – Autobiografia 84

            Meu pai não gostava que subíssemos no muro. Um dia, lá estava eu, em cima do muro, Jefim no chão. Este me alertou que meu pai estava chegando. Assim que olhei, mesmo a uma média distância, disse-lhe que não era meu pai, devido eu ter percebido que era um Dodge vermelho, mas o teto era preto.

            Quando o carro parou em frente o portão, gelei. Não dava para fazer mais nada. Então torci que não fosse ele. Porém, naquele dia, ele não se aborreceria, pois acabara de adquirir um charger RT. 

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

RMM – Autobiografia 83

            Na 28 tive um período de descanso dos meus terrores noturnos. Só ouvi sons uma vez, como passadas fortes no telhado. Acreditei ser sobrenatural. Falando nisso, era sempre comum, em nossa família, quando nos reuníamos, contarmos e ouvirmos histórias de assombrações: lobisomens, caipora, vozes, vultos, zunidos, etc.

            Um fato estranho ocorreu no período das fogueiras, quando a Lu disse que ia se deitar e mais tarde veio e agachou-se em volta das brasas. Após certo tempo, os mais velhos descobriram que ela dormia e a levaram para cama. No outro dia ela não se lembrava de nada.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

PMM 104

Não tenho medo de ser tachado de repetitivo, pois creio que o ditado “Água mole em pedra dura tanto bate até que fura” representa bem toda nossa história evolucionária, principalmente no campo religioso.

Ao ouvir um pai falando (em todo seu desespero, que de tão grande conturba seu entendimento) sobre o desaparecimento de seu filho: “Tenho certeza que onde quer que ele esteja está bem e sendo muito bem cuidado”; segundo meus estudos, essa criança (a não ser por uma remota possibilidade de estar ainda entre nós) se encontra num profundo sono num lugar fisicamente muito longe daqui, sobre o cuidado de vários seres com larga experiência incumbidos para que esse descanso não seja perturbado. Assim ficará provavelmente até quando esse pai naturalmente cumprir sua trajetória nesse mundo e ir ao seu encontro para fazer todo o bem que aqui não lhe foi concedido. 

terça-feira, 5 de novembro de 2013

RMM – Autobiografia 82

            Há alguns meses o Samarone, meu irmão caçula, falou em meio a nossa família que tivemos uma caminhonete preta. Repreendi dizendo que não. Porém, ele insistiu, perguntando se eu não lembrava de uma caminhonete preta que tivemos na 28. Só então veio em minha mente que tivemos uma Ford por alguns meses. Era escura e muito bem conservada, talvez zero; porém, para mim, ficou ofuscada pelo Dodge Dart ou Charger.
            Agora lembro que uma das tarefas domésticas que meu pai desempenhava era pentear as longas madeixas loiras do Samarone. Após perder dois filhos consecutivos, um ao nascer e outro poucos dias antes, fez uma promessa de que se desse tudo certo com o próximo, ele deixaria de lhe cortar o cabelo até os sete anos. Porém creio que ele a quebrou em determinado momento.

            Também me lembro de estar entrando num ônibus e ver, juntamente com meu pai, o Samarone com seus 3 ou 4 anos caminhando sozinho em direção a um assento encostado na lateral do ônibus. Na primeira curva que o ônibus fez em direção contrária, ele foi arremessado ao chão. Mas acho que ele não chorou, apenas levantou assustado. 

sábado, 2 de novembro de 2013

PMM 103

Vendo um programa na TV paga, deparei-me com um tema intrigante, porém, assim que o Pedro, meu caçula, entrou na sala, troquei de canal. Era um documentário sobre siameses, filhos de um casal do Pará que, pelas características físicas, descendem diretamente de nossos indígenas. Os filhos eram inseparáveis, a não ser que um fosse sacrificado.
O casal os batizou de Jesus e Emanuel. Então lembrei que li em textos milenares considerados Apócrifos que Jesus tinha um irmão no campo espiritual. Este, de vez em quando o visitava e algumas pessoas ficaram sabendo disso. O que vinha se chamava Emanuel. Será que o casal ouviu falar dessa história? Poderia Jesus ter um irmão em outro local do universo?
Falando em TV paga, achei muito estranho quando me disseram que viram na internet que um documentário apresentado por uma grande rede de tv era fictício, sendo que isso não foi informado. Então relatei ter visto, há alguns anos, outro duvidoso, que se tratava da descoberta de uma espécie de animal semelhante a um dragão. E junto a este, dois ou três homens portando espadas e trajes medievais, todos muito bem conservados pelo gelo. Então me disseram que esse caso também era citado como fraude.

A partir daí não sei o que é mais ficção ou real, verdade ou mentira em toda mídia. Cria vergonha na cara, Discovery! 

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

RMM – Autobiografia 81

            Lá tive uma revelação chocante e traumática...
Certo dia, brincávamos eu, Jefim, um vizinho que não me lembro o nome, um pouco mais jovem que nós, e outro que morava nas proximidades, porém, com idade um pouco mais avançada. Era numa grama próxima a um monumento de altura inferior a quatro metros, compondo-se de uma forma de quadrados sobrepostos com ângulos laterais de 45º, sendo assim, de 2 em 2, a posição deles se repetia. Até os dias de hoje, se encontra no mesmo local.

            Começamos a falar algumas besteiras (termo que usávamos quando o assunto era sexo ou coisas parecidas, provavelmente oriundos das falas dos adultos quando percebiam as crianças com alguns comentários ou atitudes referentes a esses assuntos, então exclamavam: “Deixa de besteira, menino!”). De repente o mais velho falou: “Seu pai e sua mãe fazem isso toda noite”. Sofri um grande impacto com essas palavras. E lhe disse que isso não era verdade, que eles não faziam essas coisas. Porém, ele foi bem convincente em seus argumentos, mas me neguei a acreditar. Só aceitei esse fato anos após.  

terça-feira, 29 de outubro de 2013

RMM – Autobiografia 80

            Tivemos uma mudança radical na vida, saindo de um barraco sem energia ou de um mundo sub-humano para outro mais evoluído. Uma das primeiras partidas de futebol que vimos em nossa primeira TV foi um jogo entre Fluminense e Botafogo.
A TV era uma telefunken em preto e branco. Meu pai falava que só compraria a colorida quando a telefunken a lançasse (não sei de onde ele tirou essa ideia, que era a melhor marca, mas como ouvia falar, acreditava).

            Meu irmão dizia torcer para o Fluminense, que ganhava de 1 a 0. Já o Botafogo, não sei se pelo nome, ou simplesmente por ele estar perdendo, talvez para contrariar meu irmão, ou por todos os fatores juntos, falei que era meu time. Jamais imaginei que me contrariaria tanto, mas fazer o que?! 

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

RMM – Autobiografia 79

            Moramos menos de um ano naquela casa. O que de melhor ocorreu foi essa amizade entre vizinhos, no caso, seu Pedro. Foi com eles que fui pela primeira vez na Água Mineral, jamais imaginaria que seria a única até os dias de hoje. Íamos frequentemente ao CIT, que era um clube próximo às nossas casas, situado na região central de Taguatinga e desativado a mais ou menos uma década.

            Outro fato marcante foi quando, um dia, nossa família foi à festa dos estados, que se realizava nas proximidades da torre de TV. Eu e o Jefim nos perdemos dos demais, logo no início, e ficamos perambulando com pouquíssimo dinheiro a procura deles. Já no final da festa, encontramos todos saindo de uma das mais chiques barracas, e creio que era dos goianos, pois todos haviam se empanturrado de pamonha. Não nos ofereceram nada e nem nada compraram para mim. Simplesmente, como já estavam indo, fomos embora como se fosse muito natural dois meninos de 7 ou 8 anos desaparecerem no início de uma tumultuada festa e reaparecerem no final. Não sei se o Jefim foi tratado de igual modo. Até hoje minha mãe tem uma foto deles se alimentando na tal barraca. Sempre que a vejo lembro-me daquela situação.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

PMM 102

            “Ama a teu próximo como a ti mesmo”... “Porque se não nos amarmos, como poderemos amar outras pessoas?”. Quando vi esse comentário, do Iurassek, fiquei envergonhado, pois não pude compreendê-lo. Achei que ele distorcia o mandamento, mas, quando nos encontramos disse-lhe que não havia entendido seu comentário. Então ele tentou me explicar e a forma das suas palavras não me foi totalmente convincente.
            Disse-lhe que em minha mente, na atualidade, não consegui adaptar seus argumentos e precisaria de alguns dias para fazê-lo, e aí comentaria seu comentário (não sabia que se comentava comentários, porém todos me cobram isso. Iurassek me disse que, nesse caso, chama-se réplica).
            “Como amaremos os outros se não nos amarmos?” Faz parte de nossa evolução, realmente, partirmos do egoísmo ao altruísmo, da guerra à paz, da animalidade à espiritualidade, etc. Portanto, aparentemente, há muitos males necessários que ocorram para que um bem maior nasça.

            Refiro-me ao comentário da Epístola de Setembro. 

terça-feira, 22 de outubro de 2013

RMM – Autobiografia 78

            Enfim mudamos da vila para outra área nobre de Taguatinga. Porém, a casa ficava muito abaixo da desejada e minha mãe não aceitava esse fato. Era uma casa pequena no fundo de um grande lote na QNA (Quadra Norte A), enquanto a outra que achávamos que moraríamos ficava na QSA (Quadra Sul A). Fizemos amizade com um dos vizinhos, seu Pedro, que tinha quatro filhos, um de idade próxima a minha: Jefim (Jeferson), que se tornou meu parceiro por muito tempo. Perdemos o contato a alguns anos, porém, creio que ele se encontra ainda por aqui pelo Distrito Federal. 

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

RMM – Autobiografia 77

Ainda no posto, tivemos um dia inesquecível pela sua ambiguidade: minha mãe comprou vários cocos e disse que nós os comeríamos no outro dia com açúcar. Foi uma ótima manhã, podíamos comer à vontade. Mais tarde, quando perguntamos pelo almoço, a resposta foi: “Não! Come mais coco.” Quando nos encontrávamos saturados, começou as cenas traumáticas, todos fazendo o “2” pelo quintal afora e saindo criaturas em forma e tamanho de minhocas. Pelo que lembro algumas saiam ainda vivas. Os irmãos mais novos se desesperaram, saindo correndo e chorando com aquelas coisas penduradas. Apesar de muitos acharem incomum esse tipo de “lombrigueiro”, naquela época era normal, segundo relatos. 

RMM – Autobiografia 76

            ... Assim meu pai se mostrou presente na cidade, sendo um dos homens mais respeitados naquela época devido ao seu poder econômico, uma presença marcante pelo trajar e tudo fortalecido pelo automóvel. Comprou vários imóveis em diversas áreas, mas um em especial chamou a atenção de minha mãe: uma casa de esquina na área mais nobre de Taguatinga. Íamos lá com frequência para ver o andamento da obra em companhia do meu pai. Em algumas semanas, estava pronta. Uma das mais imponentes casas da cidade. Não seria de se imaginar a decepção de minha mãe quando soube de sua venda (acredito que ele realmente pensava em fazer daquela casa nosso lar, porém deve ter recebido uma proposta irrecusável para vendê-la).

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

PMM 101

Há tempos um companheiro de serviço tido como religioso evangélico me fez um gráfico de várias religiões cristãs. Entre elas não estava a Católica Apostólica Romana. Eu lhe repreendi dizendo que ela não poderia estar excluída do gráfico.
Dias após, conversando com outro, porém católico, comentando segmentos religiosos, excluiu todas as outras, afirmando que a única verdadeira era a sua, pois foi “Pedro que a fundou”.

Recentemente, vendo um gráfico numa certa revista, demonstrando as diversas religiões e suas perdas e ganhos de fiéis nesses últimos anos, no lugar de religiões cristãs, estava escrito “religiões católicas”. 

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

RMM – Autobiografia 75

            Uma das primeiras coisas que meu pai fez em posse do dinheiro da venda do terreno foi comprar um Dodge Dart vermelho e alguns metros de corrente e cadeado para envolvê-lo todas as noites, não que a área fosse violenta, mas apenas por precaução.
Era final de 71 e, alguns dias após, vieram os rapazes trazendo um buquê de rosas vermelhas para presentear o comprador do carro. Ao chegarem no endereço e verem o barraco e as crianças maltrapilhas, acharam um absurdo que aquela jovem senhora e a molecada fossem a família daquele cidadão que havia comprado um dos primeiros exemplares daquele automóvel de luxo em Brasília.

            Assim que meu pai soube dessa surpreendente visita, comprou roupa para todos. Após esse episódio, também passei a ter café da manhã que minha mãe preparava e o Júnior comprava os pães. Por essa lembrança fica claro que anteriormente me dirigia ao colégio em jejum, provavelmente quebrando-o com a merenda escolar.  

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

PMM 100

            Assim que meu pai passou a se portar como louco aos olhos dos que acreditam serem normais, dizia:
- Os americanos, através do FBI, instalaram um equipamento em minha cabeça e estão monitorando tudo que eu faço e penso.
E eu dizia:
- Como pai? Isso não é possível.
- Eu não sei. Só sei que fizeram e não tem como tirar.
No decorrer dos anos, em meus diálogos com “loucos”, outros me relataram histórias semelhantes, citando também o FBI. Hoje, em homenagem a eles, sempre que estou ao telefone falando alguma besteira, aviso para quem está do outro lado tomar cuidado, pois acho que meu telefone está grampeado pelos federais americanos.

Por que vários loucos sem contato entre si me relataram as mesmas palavras? Poderia ser um coincidente fato da loucura ou algo um pouco acima do compreensível, tentando nos alertar para este ato descabido?

terça-feira, 8 de outubro de 2013

RMM – Autobiografia 74

            Nas escolas públicas, pelo menos em Brasília, todos os 1os Anos adotavam o mesmo livro que falava de tal Ataliba e sua família quase perfeita. Nos 2os Anos, o livro falava sobre uma patinha. Também havia o hasteamento das bandeiras que, na menor das hipóteses, ocorria nas segundas-feiras, com todos os alunos em ordem ouvindo o hino nacional. Descíamos a bandeira na sexta-feira. A hora cívica também poderia ocorrer diariamente.  

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

RMM – Autobiografia 73

            Só me lembro de quatro emissoras de televisão: Tupi, Globo, Record e Nacional, todas tinham um horário limitado de programação, iniciado normalmente no fim da manhã e encerrando por volta da zero hora. É difícil descrever tudo que se via, mas, conforme vier em minha mente, relatarei programas como os desenhos animados: Urso do Cabelo Duro, Corrida Maluca, Zé Colmeia, Leão da Montanha, Pepe Legal e outros. Isso porque não possuía TV em casa. Lembro-me também de alguns cantores internacionais: Jackson 5, Frank Sinatra, Elvis Presley, Ray Charles, etc. e também da música francesa com sentido sexual que ouvimos por muitos meses até que os militares a proibiram, sem falar de Jorge Bem, Roberto Leal, Perla, Gal e Tim Maia.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

RMM – Autobiografia 72

            Sete de Setembro era sagrado. Chovesse ou fizesse sol meu pai nos levava. O ponto alto era os presidentes nos Royce Rolls abertos, não imaginava que aqueles senhores matavam e torturavam. Só fui tomar conhecimento desses fatos e procurar me esclarecer a mais ou menos dez anos. Havia uma cortina que nos limitava a visão. O que eu ouvia referido a isso, naquela época, para mim era apenas mais algum caso como os relacionados a bicho papão, lobisomem, caipora, etc. Ah! E antes que eu me esqueça, o que nos apavorava naquela época era a loira misteriosa. A mídia relatava casos sobre ela todos os dias. 

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

RMM – Autobiografia 71

            Não gostava de A família Jackson, mas dos Five sim; Viagem ao fundo do mar, A família Adams, Thunderbirds também eram meus favoritos. Porém, havia um problema relacionado ao horário quanto aos dois últimos.

            Chico estava à toa na vida, Gil queria tomar um xodó, enquanto Caetano lamentava a partida da felicidade. As sertanejas, que eram caipiras ou modas de viola, rodavam apenas em horários matutinos ou noturnos. Trio Parada Dura, Tunico e Tinoco, Xavantinho e muitos outros, que, na realidade, não me lembro. Ah! E certos hinos nos impulsionavam “Este é uma país que vai para frente... Eu te amo meu Brasil, eu te amo...”.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

PMM 99

            Alguns meses atrás, tivemos um fato desagradável numa reunião de familiares e amigos (comíamos e consumíamos bebidas). A principal envolvida foi minha filha. Assim que ela me informou do ocorrido, fiquei irritado e falei que ela deveria ter me relatado assim que o ato aconteceu. A partir daí, fui informado por algumas pessoas sobre muitos outros atos que culminaram no principal. Então, em posse de todas as informações, fui alertando um familiar e outro que deveríamos esclarecer todo aquele mal entendido. Cheguei a ligar para a Lu e lhe informar que sua nora seria a segunda pessoa mais atingida em toda aquela peça, e que se ela não quisesse colocá-la a par (juntamente com seu marido), de todo o teatro, eu o faria. Ela me disse que seria melhor que eles não soubessem, pois bem conhecia seu filho e também sua nora, disse que isso provocaria o afastamento do casal nas reuniões familiares. Mas, como insisti, concordou que falaria...
            Há poucas semanas, encontrei-me com o Rafael e disse-lhe que deveria ter ouvido sua mãe, pois ninguém quis seguir meu conselho de nos reunirmos e cada um falar o que tivesse para falar, sem o uso de palavras ofensivas e, em nenhuma hipótese, agressão física. Porém, infelizmente, optaram pela divisão. E assim nos encontramos até o momento. Lamento principalmente pela minha mãe, por sua idade já avançada, e pelas criancinhas, que são os únicos inocentes em toda essa trama.

            Por que escreveria essas coisas? Não seria pela decepção que estou tendo pelo cancelamento da viagem que a presidenta faria aos donos do mundo? E considero este ato, e a peça relatada, no mínimo, infantil (para não dizer outra palavra).

terça-feira, 24 de setembro de 2013

RMM – Autobiografia 70

            Falando em Roberto, estourava nas rádios “Embaixo dos caracóis dos seus cabelos...” creio que nessa época Rita Lee já era a ovelha negra da família. Havia alguns outros que diziam “Passei a noite procurando tu, procurando tu...” e me parecia que a primeira letra do pronome era a terceira do alfabeto; eu ficava com vergonha quando a ouvia no rádio ou escutava alguém cantando; achava-a descabida. Martinho havia passado no vestibular e outros diziam que um garoto havia ido ao Vietnã. Melodia entendia a juventude transviada e eu era criança, não queria conhecer, tampouco fazer parte dessa juventude “trans viada”. 

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Epístola de Setembro

            Já gostei, mas hoje não, de ser apocalíptico. Porém, tenho que deixar claro a todos que algo extraordinário está na iminência de ocorrer. Pode ser hoje ou amanhã. Talvez tenhamos cerimoniais de recordação às atrocidades da grande primeira guerra, mas da segunda não. Sendo assim, da forma que ocorreu na época de Noé, muitos serão pegos de surpresa. Nossa vantagem em relação a estes é que a grande arca já está pronta e nos espera há dois mil anos. Basta um entrar e outros o acompanharão. Creio que só falta isso para que tudo ocorra.
Quero preveni-los para que não passemos despercebidos por esse episódio. Não falo de misticismo, estudos que realizo a quase três décadas tendo como base os livros que consideramos sagrados e muitos outros sucessivamente me deixam claro que a minha margem de erro é menor que 1 em 100. E aí, o que fazer? A arca é o reino de Deus que foi pregado, portanto não é físico, onde a pessoa estiver haverá uma porta aberta e a entrada não poderá ser comprada nem vendida. O acesso será livre para todos, independentemente da religião que professam ou grupo racial ou étnico que façam parte, muito menos com quem dormem e do que fizeram ou deixaram de fazer. O que importa é entrar. As outras coisas poderão ser resolvidas a bordo.
Apenas uma coisa dará acesso ao reino e peço a todos que guardem não apenas na mente essas palavras, mas principalmente no coração: “Ama a teu próximo como a ti mesmo”, e as demais coisas te serão acrescentadas.

Observação: dedico esse texto aos familiares do pioneiro e saudoso Eurico, em especial aos do carequinha, que nos deixou há alguns dias. 

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

RMM – Autobiografia 69

            Acreditava num Deus que era relacionado a certo Jesus, pois, além dos meus familiares femininos, Roberto pregava através de ondas (Jesus Cristo eu estou aqui... Eu vou subir a montanha e ficar...). Confundia-os com nosso Cristo Redentor, talvez o rei também, já que ao visitar o Rio de Janeiro a alguns anos, me disseram que ele mora ali nas proximidades.

Sabia fazer o Pai Nosso e a Ave Maria, às vezes pensava que era observado, não por criaturas invisíveis, mas pelos personagens dos filmes e novelas. Imaginava que, da forma que os via, poderia ser visto. Hoje sei que nos observam, mas, as primeiras. 

terça-feira, 17 de setembro de 2013

RMM – Autobiografia 68

            Esses senhores representavam a Shell. E, em contraoferta ao preço dado por meu pai, que era de 300 mil cruzeiros, ofertaram CR$ 200.000,00. Após algumas semanas de negociações, apareceram outros que representavam a Texaco e fecharam nos 300 mil que meu pai pedira.
A partir daí deixei de ser filho do homem que só andava de terno e se embriagava e passei a ser o filho do Odilon, o homem que se cumprisse realmente o negócio, seria o mais rico da região. As pessoas não acreditavam que se tratava de tanto dinheiro.

Dona Carmelita chorou e disse que nós a esqueceríamos, pois mudaríamos dali e não a visitaríamos. Mas até hoje mantemos contatos. Há alguns anos fui, juntamente com minha mãe, esposa e filho, visitar cumade Barba (aliás, é Bárbara, mas aprendi a falar assim com sua mãe) e Geraldino, pais do finado José Maria (acho que minha mãe o batizou). 

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

RMM – Autobiografia 67

            Creio que, para encerrar esses comentários do cerrado, vou contar mais estas histórias...
            Um dia, um xará e outro me pediram que enfiasse a mão num buraco para ver se tinha passarinho ou ovos. Exitei, mas como insistiram, enfiei a mão e disse: “Peguei!” e trouxe o pequeno animal. Quando vi, assustei e o joguei no chão. Eles riram, pois o animal era um calango.
            Outra vez, passeando com Emílio, seu cachorro e uns meninos, aquele me pediu para que segurasse a corrente do seu cão enquanto este corria solto. Acabei colocando-a em algum lugar, porém, quando solicitado, não a encontrei. Ele, muito irritado, disse-me que se eu não desse conta da corrente, me bateria. A partir daí fiquei evitando ser visto por ele. Até que um dia o Marco percebeu que eu o colocava entre o raio de visão meu e do Emílio. Ele falou para eu não me preocupar, pois não deixaria o Emílio me bater.

            Para finalizar... Estavam eu, minhas irmãs e algumas crianças, também novas, quando um grupo composto por meninos maiores nos abordaram. Gritando e correndo feito índios de filme americano, eles passavam as mãos nas meninas. A Lu estava com um bonito vestido branco de renda e eu, enraivecido e aterrorizado, inerte, apenas observava e fixava os olhos no Marco, talvez o líder do grupo de meninos. Pensava que um dia poderia me vingar, principalmente dele. Mas eles eram quase todos conhecidos. Por essa história e por outras razões, fiquei feliz quando vi meu pai pelo posto acompanhado de alguns homens bem vestidos e fui informado que eles o comprariam. 

terça-feira, 10 de setembro de 2013

RMM – Autobiografia 66

            No cerrado era normal nos depararmos com despachos. Objetos como pinga, vela, charuto, farofa, sapo com a boca costurada e fotos dentro e, às vezes, até dinheiro encontrávamos, mas não mexíamos. Eventualmente, alguns, para impressionar, buliam em alguma coisa. Um dia avistei, próximo a uma macumba, algo que parecia uma fita colorida e, como estava muito limpa, resolvi pegá-la. Porém, poucos centímetros antes de tocá-la, fugiu. Nunca mais avistei cobra semelhante.
Noutro momento eu e um ou dois meninos nos confrontamos com uma grande aranha e a cercamos, armados com varas. Ela se movimentava rápido, de um lado a outro procurando sempre estar a frente do que mais se aproximava. Não sei se ao final a matamos.

Num dia, encontrava-se com a gente uma pré-adolescente que já era mal falada na comunidade. Acho que foi a única vez que nos acompanhou. Algo a incomodava na região mais íntima, então imaginei que ela poderia estar se insinuando para mim, porém, sabia que isto era difícil devido a minha pouca idade. 

sábado, 7 de setembro de 2013

Evolução (PMM 98)

Evolução
Evolution
Évolution
Parte Final
            Jeshua Ben Joseph: um recém-nascido entre os recém-nascidos há pouco mais de 2.000 anos nesse mundo. Apesar de toda expectativa que havia em torno de sua pessoa, respondeu à senhora que há poucas décadas lhe dera a luz: “Mulher, que tenho eu contigo?” ao perceber que ela lhe pedira algo que dificilmente um ser humano poderia realizar. Mas, como o pedido partira de sua mãe, logo após essas palavras repreensivas, providenciou para que tudo fosse feito conforme a sua vontade.
Não cessaram mais tais pedidos e até mesmo provocações para que algo sobrenatural procedesse Dele. Mas, ao contrário do que muitos pensam, Ele não veio a fim de demonstrar fenômenos extraterrestres, e sim trazer um conhecimento superior que, em síntese, seria: implantar a adoração a um deus paternal e universal a homens que conheciam apenas um deus irado, tribal ou nacional.
Ele não poderia desprezar muitas das tradições que aqueles homens haviam aprendido a crer como absolutas, então agiu de conformidade com o que aquelas mentes poderiam absorver. Do contrário, provavelmente não teria obtido êxito. “Não se remenda roupas velhas com panos novos, pois o velho não suportará...”.

            São fundamentais adaptações neste mundo evolucionário. Não pensem que Ele veio para morrer por nossos pecados, mas sim para nos trazer conhecimentos do alto adaptados à nossa mente. Portanto, indubitavelmente, adquiriremos conhecimentos evolucionários ou revolucionários nos próximos anos ou décadas que farão se cumprir suas palavras. “Muitos dos últimos virão a ser os primeiros”.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

RMM – Autobiografia 65

            Um fato que deixou meu pai muito entristecido foi ter caído uma grande parede de tijolos maciços. Isto fez com que ele não mexesse mais na obra, deixando-a apenas no alicerce. Na construção (que ficava na parte mais afastada do barraco) tinha um buraco abaixo do alicerce que dava passagem para sua área interna, região um pouco mais alta devido a um aterro.

            Um dia, vendo minhas irmãs se dirigindo a essa área interna, quis assustá-las passando através do buraco. Porém, quando me embrenhei pela passagem, as duas estavam posicionadas para fazer alguma necessidade. Então, eu que assustei e recuei. Depois disso, demos muitas gargalhadas. 

terça-feira, 3 de setembro de 2013

RMM – Autobiografia 64

            Lembro-me que tive algum contato com filhotes de rato e de vê-los ou participar de suas mortes. Num dia ensolarado, uma ratazana subiu pela quina do barraco e desapareceu. Aliás, o barraco não tinha piso, mas foi bem construído, pois, ao chover, a água não entrava, apenas ficava úmido próximo às madeiras e às vezes corria um pouco por dentro, próximo à porta de entrada.

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

RMM – Autobiografia 63

            Dias felizes foram quando dona Carmelita, mineira, e sua grande família mudaram para as proximidades. Já no primeiro dia iniciou-se uma amizade duradoura entre as matriarcas. Havia muita fartura em seu lar e, contrariando o que dizem sobre os que nascem naquela região, ela aparentemente tinha grande prazer em nos servir de tudo o que consumiam de alimentos em sua casa: biscoitos fritos, petas, pães de queijo, etc. Após certo tempo achei uma ou duas moscas em meio a um bolo, depois disso fiquei receoso com os alimentos que me eram ofertados, imaginando que seria comum haver algumas moscas.

            Ela era um pouco mais velha que minha mãe, tanto que possuía até um netinho: José Maria que em seus primeiros passos já se dirigia sozinho até nossa casa; uma linda criança que, após alguns anos da separação de nossas famílias, teve uma doença que o deixou surdo, mudo e com outros problemas que o levou a morte em torno dos seus 20 anos. 

terça-feira, 27 de agosto de 2013

RMM – Autobiografia 62

            Em minha orelha criou-se uma crosta nas bordas da área interna. Após algum tempo, foi constatado pelos adultos que se tratava de um cobreiro. Então comecei um tratamento com dona Aparecida (diziam que ela tinha certos poderes), em algumas semanas, após várias benzidas (não me lembro se usei algum medicamento), a moléstia teve fim. Minha mãe até hoje lamenta ter perdido o contato com a benzedeira. 

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

RMM – Autobiografia 61

            Numa manhã, ao fazer xixi atrás do barraco, resolvi mexer no “dito cujo”. Em instantes, minha irmã mais velha apareceu. Acho que este foi um dos primeiros flagrantes dos vários que ela me deu. Pior era o caçula, que vira e mexe estava lá, rodeado por todos com o dito cujo ereto e a extremidade inchada ( enforcada pela pele no pescoço). Ele, desesperado chorando, e as mulheres, sem saber o que havia ocorrido, apenas comentavam se poderia ter sido uma picada de formiga ou abelha. Era angustiante vê-lo naquela situação, mas eu dizia que se o deixássemos quieto passaria com o tempo. Creio que ele próprio percebeu como as coisas aconteciam, pois esses incidentes só se repetiram no posto. 

terça-feira, 20 de agosto de 2013

RMM – Autobiografia 60

            Naquela época Silvio Santos já vinha e Fantástico estava por vir aos domingos. Nas tardes de sábado tinha o Jô Soares dirigindo um programa juvenil. A Jovem Guarda com Roberto, Wanderleia, Tremendão, Ronnie Von, etc. E de quebra ainda tinham os festivais... Eu já carregava minha primeira paixão virtual: Batgirl. Ela aparecia raras vezes no seriado em sua moto preta, toda vestida, mas com muita sensualidade e beleza. E, se quiséssemos ver Daniel Boone era só irmos à casa do Wornes, seu maior fã (tanto que batizou sua primeira filha de Rebeca). 

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

RMM – Autobiografia 59

            Tia Daíra desfrutava da mão de obra da minha mãe e provável auxílio de minhas irmãs para lavar e passar suas roupas (que não eram muitas). Certo dia minhas irmãs foram levar as ditas roupas na casa dela. Insisti que me deixassem acompanhá-las, porém elas, juntamente com minha mãe, se opuseram. Após algum choro, ao vê-las partindo para a parada de ônibus, decidi que iria até lá.
            Minha maior preocupação era a avenida principal que cortava (e até hoje corta) Taguatinga ao meio. Após poucos minutos de suas saídas, comecei minha primeira e maior jornada infantil, que seria percorrer 2 a 3 km e efetuar a perigosa travessia. Durante o percurso imaginava que todos se surpreenderiam, ficariam alegres e até me parabenizariam pela façanha. Imaginem, então, o quanto fiquei decepcionado ao ser recebido com broncas e indignação, principalmente por parte de minha tia, que fez com que voltássemos rapidamente para avisar minha mãe. Minhas irmãs, principalmente a mais velha, me repreendeu todo o trajeto de volta.

            Não me lembro se apanhei de minha mãe ao chegar em casa. Mas aprendi a lição. Talvez essa minha primeira empreitada a tenha deixado, de alguma forma, preparada para outras que ocorreriam num futuro próximo. E, por falar nisso, aumentei o tamanho dos meus textos para não demorar a chegar nas narrativas de minhas viagens, pois minha mais nova cunhada disse-me que aguarda essa parte com muita ansiedade. 

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

PMM 97

            Quanto àquele rapaz que invadiu a privacidade do outro, ato que alguns querem nos induzir a acreditar que levou o segundo ao suicídio, quero crer que foi justa a pena a ele imposta pela referida invasão e mais alguma coisa relatada que não me lembro. Quanto ao suicídio, seria um caso extraordinário quererem julgar, pois seria necessário muito conhecimento sobre a mente do segundo rapaz e, provavelmente, incidiria em circunstâncias até mesmo anteriores a seu nascimento, o que requereria inteligência em mentes as quais nós, meros mortais de origem animal, não dispomos.

            Esse texto escrevi ano passado e se tratava de um fato ocorrido em solo americano. Foi bastante divulgado, pois queriam que um jovem fosse condenado pelo suicídio de outro que diziam ser homossexual. Não o divulguei na época por problemas alheios à minha vontade. A propósito, disponho agora.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Epístola de Agosto

            O mundo X Marcelinho: Fiquei muito angustiado de terça a quinta procurando esclarecimentos quanto ao fato ocorrido em São Paulo. Pensava em escrever algo, mas não sabia como; não sou psiquiatra, não entendo sobre psicologia ou ciências parecidas... Até que quinta-feira, ao amanhecer com uma leve dor de cabeça, imaginei que poderia ser por esse motivo. Num grande esforço e sofrimento, naquela manhã procurei penetrar na mente daquela criança e percebi que não foi apenas por fazer parte de uma família de militares e policiais e nem por gostar de jogos de violência que ele agiu assim. Mas, juntando todas essas coisas e tudo mais que o mundo pôde lhe oferecer desde o início da formação de sua mente e memória, ele foi recebendo, mas não absorvendo, o que lhe impúnhamos. Já ao nascer lhe deram uma curta existência, e é óbvio que, num dado momento, foi informado sobre isso. Dessa forma, o acúmulo de outras informações foi despertando nele uma revolta. Não contra alguns, mas contra todos que fazem parte e aceitam esse mundo fictício como real. Então se armando de tudo que era ofertado, revidou numa forma sombria e brusca. Só aí percebeu que não conseguiria destruir o gigante que lhe atormentava. Sendo assim, não se rendeu; apenas abandonou a batalha de forma honrada. Eu, tanto como qualquer outro, tenho o direito de não crer que ele fez essas coisas. Portanto, sempre quando recordar esse fato, orarei ao Pai e pedirei mais uma chance ao Marcelinho, mas não nesse mundo que o impeliu a morte. 

terça-feira, 13 de agosto de 2013

RMM – Autobiografia 58

            Por que deixá-la esperar? Pois seu pedido foi tão simples e nenhum dos meus parentes havia solicitado tal coisa. Simplesmente a vi crescer entre os meus sobrinhos mais jovens e era natural, ao chegarmos à cidade, a sua companhia. Sem que eu percebesse, de repente, me dei conta que já era uma jovem mulher. Logo após, me surpreendi ao saber que ela estava prestes a se casar com um senhor um pouco mais velho. Porém, conhecendo-o de vista, vi que não se tratava de um relacionamento espantoso, pois ele é um cara boa pinta e deve também ser uma boa pessoa. Espero, sinceramente, que seja merecedor de nossa prima e principal elo da família entre os mais jovens. Nossa querida Suzana Melhorim.  

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

RMM – Autobiografia 57

Tia Isaura, um exemplo de simplicidade. Não me lembrava de sua fisionomia nem de ter ouvido falar nada sobre ela até os últimos dias no posto, quando virou uma rotina irmos à Nova Veneza. Por não se encontrar em minhas memórias, me fez acreditar que ela não era uma filha legítima. Até os dias de hoje, não consegui assimilar essas coisas.

Nova Veneza é uma pacata cidade que, apesar da sua proximidade à Goiânia, preserva todo o ar de cidade interiorana, com carroças, cavalos, tratores, gado atravessando a todo momento. A população então nem se fala, apesar de ter vindo de uma tumultuada área no passado (como o nome já indica), qualquer um de cidade grande pode denominá-los caipiras.