segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

RMM – Autobiografia 224

        Mas, não sei que diabos aconteceram, porque em poucas semanas virei o capeta em sala de aula a Verá (fictício) minha professora não cansava de repetir: como a Ana (fictício), mentiu assim para mim, falando bem de você, porque ela fez isso? Suas redações são um lixo. Não dava a mínima para o que a Verá falava, mas foi constrangedor quando ela disse tudo à professora anterior em minha presença, a Ana ficou muito envergonhada. Poucas semanas após, num dia de prova, Verá a chamou para supervisionar a sala. Em certo momento ela destacou que havia uma questão que poderia nos confundir, portanto deveríamos prestar mais atenção ao respondê-la. Logo após veio lentamente em minha direção e como eu já havia respondido a questão mencionada, para confundi-la fui à outra página, tentando esconder meu erro, porém ao chegar ao meu lado pedindo licença, Ana (ainda guardo sua feição angelical) conferiu e tomou ciência do que eu havia feito não se conteve e assim como Jesus no templo torceu minha orelha com a mão, provavelmente recordando todo o constrangimento que eu lhe havia provocado com referência a Verá. Este ato não me deixou trauma algum, pois tal atitude ainda era coisa corriqueira naquela época em todo o país.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Minhas Viagens 5

       Ao amanhecer, levantando cedo, dirigi-me a rodoviária. Olhando a tabela de preços percebi que meu dinheiro daria para ir até Barreiras, comprei a passagem. Ao retornar conversei com aquele que parecia ser o dono do hotel, explicando que meu ônibus sairia 2 ou 3 horas da tarde, (por tanto após vencer a minha diária) e se eu poderia desfrutar de sua hospitalidade por mais este tempo, sem gastos extras lógico, concordou, o cara realmente era ou ainda é uma boa pessoa. Não almocei, tomei um banho demorado que deveria valer por dias. Já era minha intenção ao chegar a rodoviária tomar um dan'up, pois havia uma propaganda televisiva que a meses o anunciava, não achei lá aquela cosa toda, mas tudo bem. A partir dali a memória leva-me ao ônibus já passando por Barreiras, aonde eu encararia a minha mais dura realidade. O cobrador anunciou o fato, demonstrei-lhe intenção de continuar no ônibus sem gastos, tendo não como resposta. Então perguntei-lhe qual o próximo destino e o valor. Com uma cara de insatisfeito olhou-me de cima em baixo (naquela hora eu vestia um blazer de couro, reformado por minha tia e muito bem pintado e lustrado por mim mesmo, refletia as luzes internas do veículo, creio que o cidadão pensou: “qual é a desse cara? E que casaco lindo”), respondendo ele, contei todos os meus trocados e percebi que daria até uma outra cidade, não me lembro o nome. Não demorou muito e lá estávamos passando por uma currutela desértica e mal iluminada, sob uma fina chuva. O funcionário passou por mim e disse: - é aqui, você vai ter que descer, dirigindo-se ao fundo do ônibus. Apenas respondi com decepção e surpresa: aquiii?

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

RMM – Autobiografia 223

Não tenho certeza se o primeiro episódio do apontador aconteceu na terceira, creio que possa ter sido na segunda série, pois na terceira ocorreu algo marcante: iniciei o ano letivo estudando no horário intermediário, na escola classe 5. Formávamos fila do lado de fora da sala e assim que os alunos do matutino saiam entrávamos, encontrando as cadeiras ainda quentes, da mesma forma agiam os alunos da tarde. Meu pai não se preocupava em que escola ou horário estudaríamos, pois ele tinha amizade forte com a Flora (fictício. Esposa do doutor Mauricio também fictício e já mencionado na autobiografia). Ela era a pessoa mais influente na área educacional em Taguatinga, chegando até mesmo a ocupar o mais alto cargo de educação no DF. Bem, sob sua influência fui transferido para o matutino. Então em minha presença a professora falou a meu respeito à outra, que me aguentaria até o fim do ano. “ele é um aluno exemplar, muito estudioso, precisa ler suas redações como são lindas, ele é meu melhor aluno”.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

RMM – Autobiografia 222

       Esta historia me lembrou uma recente: estando meu irmão caçula na praia ao sul da Bahia, acho que em Ilhéus (lugar que passei um grande sufoco, já relatado), enquanto banhava e desafiava as ondas, foi atingido violentamente por uma e em sequencia outras também o reviraram, tendo ele chegado à margem com diversos arranhões, inclusive um maior no rosto que foi esfregado contra a areia, ao ser indagado por sua esposa sobre o que havia ocorrido, respondeu que havia um jovem se afogando e tudo aquilo era resultado do resgate do rapaz e que ele o havia salvo. É lógico que a recente esposa comentou o fato com algumas pessoas. Logo mais a noite na pousada ou hotel não sei, durante o jantar, a responsável pelo recinto solicitou a atenção de todos, e perguntou se eles tinham conhecimento de que ali se encontrava um herói, e que este havia arriscado a própria vida para salvar um banhista. Sendo que meu irmão logo em seguida recebeu uma grande salda de palmas, de todos os presentes. Irônico não? 

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

RMM – Autobiografia 221

     De volta ao Ricardo: ele era um aluno esforçado e pela nossa amizade frequentemente eu colava, assim que chegava em sala, o dever de casa de seu caderno, talvez até alguns outros no horário de aula mesmo. Portanto para mim foi extremamente vergonhoso quando a professora parou o que estava fazendo, e sem que ninguém esperasse, principalmente eu, num discurso que não durou menos de 5 minutos, me fez vários elogios. Citando meu comportamento e tudo mais como exemplos que deveriam ser seguidos por todos, principalmente os deveres de casa que sempre eram apresentados. No final deixou claro que eu era realmente o melhor aluno da sala. Minutos depois o Ricardo comentou intimamente “você em Marco o melhor aluno da sala, é você mesmo o melhor aluno da sala Marco? Todo dia copia meu dever”. É o Ricardo foi injustiçado duas vezes por mim, uma direta e outra indiretamente, fora o que pensei quando o vi na rua. Foi mau aí Ricardo, estou com um grande débito contigo.

sábado, 13 de fevereiro de 2016

PMM 184

      ''Acima dos homens, a lei. Acima da lei dos homens, a Lei de Deus(...). Acima dos homens do céu, acima do céu dos homens, o Nome de Deus. Acima do Nome de Deus? Dinheiro, dinheiro que compra o amor verdadeiro, dinheiro". Mais ou menos assim canta uma voz rouca e nervosa, oriunda dos Titãs. Não a conhecia (a música), pude escutá-la apenas a poucas semanas, pensei: Seria para fortalecer ou me estimular a escrever sobre a pergunta da Dionete,(irmã da Ivonete, e da tia Ivete, que cumprindo ou não sua missão, encerrou suas atividades humanas de forma violenta e súbita há duas décadas), que numa reunião de parentes e amigos, perguntou a alguém, chamando-me a atenção, logo após dirigindo a pergunta a mim: Você trocaria Deus por dinheiro? Fiquei  receioso em dar a resposta, que de imediato formou em minha mente, pois havia muitas pessoas presentes, incluindo amizades novas e também por saber que a Dionete nasceu e se criou em uma cidade tradicionalmente católica (Nova Veneza), isso permitiu que ela fizesse a pergunta a outros e que ela própria respondesse: Eu não trocaria. Então falei " nua e cruamente" palavras que vinham de minha mente: Você não trocaria, ninguém aqui trocaria. Como querer fazer algo que já foi feito. o Cristianismo há tempos deixou de existir, o que dele subsiste na atualidade pouco passa de hipocrisias e tolices, dificilmente o ridicularizaremos mais. Nós nascemos e crescemos, aceitamos e vivemos no capitalismo, aonde o que impera são ensinamentos contrários aos de Cristo. Acho que já disse antes: Para toda ação existe uma reação e esta máxima da física é universal, logo, o que fizemos foi comprimir o infinito em um átomo. Portanto quando vier o efeito oposto será algo estupendo, poucos entenderão e suportarão.Não haverá humildade e nem piedade para os que trocaram Deus por dinheiro.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

RMM – Autobiografia 220

      Para encerrar as histórias de apontador: na sexta série, que foi no Cemab, inaugurou a primeira loja americana de Brasília e era perto do colégio e continua sendo, como eu havia ouvido de pessoas próximas a mim sobre pequenos furtos naquela e outras lojas parecidas, tipo: entrar com um chinelo velho e sair com um tênis ou sapato e outros... Achei que também seria capaz de realizar. Sendo assim me dirigi à loja, sozinho com este intuito; andei, sondei tudo ao redor e me foquei novamente num apontador (não me lembro de tê-lo usado apenas furtado). Peguei-o, e por minha sorte sai do estabelecimento, com os braços cruzados e as mãos embaixo das axilas, em uma delas o apontador. Quando me senti há uma distância segura foi só alegria, que se transformou em tristeza e angustia ao chegar em casa e narrar o fato aos meus irmãos, minha mãe ouvindo se irritou sobremaneira e ficou por horas me recriminando e ameaçando me bater, ainda tentei justificar dizendo que familiares nossos faziam e comentavam estas coisas e todos achavam graça e não contestavam, porque eu não poderia fazer? Porém [...] pelo menos apontador [...] em dias recentes amigos meus já em certa idade, disseram que devido o garçom ter demorado a trazer a conta saíram sem pagá-la. Estou pegando no pé de cada um e enquanto não formos lá, ou algum deles pagar a quantia devida não vou parar de relembrá-los.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

RMM – Autobiografia 219

      E lá foi eu sob o atento olhar de todos, principalmente do Ricardo que estava ao meu lado colocar o apontador e lápis sobre a mesa (poderia ter sido aquilo tudo coincidência ou armação talvez dos tais anjos da guarda ou outros invisíveis?). O Ricardo no momento nada falou, mas na primeira oportunidade me disse: - Você lembra de um apontador que eu tinha igualzinho há esse seu? Respondi: - Lembro, mas não é esse não este aqui eu achei na rua. Provavelmente nossa amizade ficou abalada por causa de um apontador ou melhor dizendo, pelo pequeno furto ou um ato de má fé. Vocês não imaginam o quanto desejei que aquele apontador caído ao chão já perto do fim da aula não fosse o do Ricardo. Ah! Este mesmo aluno, um dia o vi na rua e achei o seu comportamento um tanto delicado, imaginei: será que fora do colégio ele é um v-iado.                                                            

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

PMM 183

Liguei para o 191 (emergência PRF), e relatei o que vi: algo estranho esta ocorrendo aqui na BR 040, sentido BSB Valparaíso, logo após o monumento aos candangos (chifrudo). Há vitimas? Quantos carros envolvidos? Perguntou a atendente. Não percebi, apenas passei pelo local e havia um vai e vem de pessoas, algumas mulheres chorando e quase todos com celulares em uso, tinha também dois carros fora da via, mas não parecia acidente, peça que uma viatura vá até o local para averiguação. Qual seu nome?... Fiquei muito curioso e também chocado com a cena, se eu fosse um artista faria um quadro com as coisas que lembro ter visto. Porém três dias após ouvi num noticiário via radio: “foram detidos os dois menores acusados de matar um soldado de 19 anos, durante um assalto a ônibus [...] próximo a Santa Maria”. Então recapitulei o que havia presenciado. Os carros diminuam a velocidade à minha frente, quando avistei um jovem rapaz correndo parecendo em fuga, tive a impressão que seria um marginal, mas imaginei que não poderia ser, pois ninguém o perseguia. Um pouco mais a frente outro corria desesperadamente em outra direção, um ônibus parado com algumas pessoas no interior, duas mulheres abraçadas sendo que uma chorava compulsivamente e um grupo de pessoas logo há frente, cerca de quinze, que vinham se ajuntando em meio à relva próxima a pista. Ah! Os dois carros parados aparentemente eram apenas parte insignificante de todo aquele emaranhado. Poderia estar eu errado na associação dos fatos? Pessoalmente acredito que não.

           Conclusão: quando o delinquente agora assassino disparou a arma, atingindo a cabeça daquele herói anônimo (que acreditou nas palavras de seus superiores e arriscou a vida, perdendo-a, em defesa de seus compatriotas na guerra diária que nos acomete), o pavor apoderou-se de todos, em menor intensidade ao motorista que parou o ônibus bem estacionado próximo à parada (por isso não me levantou suspeita). Tendo as portas se aberta formou-se o quadro que presenciei. Após todos saírem em disparada e percebendo a rápida fuga dos bandidos foram relaxando apesar da tragédia ocorrida.