sexta-feira, 30 de agosto de 2013

RMM – Autobiografia 63

            Dias felizes foram quando dona Carmelita, mineira, e sua grande família mudaram para as proximidades. Já no primeiro dia iniciou-se uma amizade duradoura entre as matriarcas. Havia muita fartura em seu lar e, contrariando o que dizem sobre os que nascem naquela região, ela aparentemente tinha grande prazer em nos servir de tudo o que consumiam de alimentos em sua casa: biscoitos fritos, petas, pães de queijo, etc. Após certo tempo achei uma ou duas moscas em meio a um bolo, depois disso fiquei receoso com os alimentos que me eram ofertados, imaginando que seria comum haver algumas moscas.

            Ela era um pouco mais velha que minha mãe, tanto que possuía até um netinho: José Maria que em seus primeiros passos já se dirigia sozinho até nossa casa; uma linda criança que, após alguns anos da separação de nossas famílias, teve uma doença que o deixou surdo, mudo e com outros problemas que o levou a morte em torno dos seus 20 anos. 

terça-feira, 27 de agosto de 2013

RMM – Autobiografia 62

            Em minha orelha criou-se uma crosta nas bordas da área interna. Após algum tempo, foi constatado pelos adultos que se tratava de um cobreiro. Então comecei um tratamento com dona Aparecida (diziam que ela tinha certos poderes), em algumas semanas, após várias benzidas (não me lembro se usei algum medicamento), a moléstia teve fim. Minha mãe até hoje lamenta ter perdido o contato com a benzedeira. 

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

RMM – Autobiografia 61

            Numa manhã, ao fazer xixi atrás do barraco, resolvi mexer no “dito cujo”. Em instantes, minha irmã mais velha apareceu. Acho que este foi um dos primeiros flagrantes dos vários que ela me deu. Pior era o caçula, que vira e mexe estava lá, rodeado por todos com o dito cujo ereto e a extremidade inchada ( enforcada pela pele no pescoço). Ele, desesperado chorando, e as mulheres, sem saber o que havia ocorrido, apenas comentavam se poderia ter sido uma picada de formiga ou abelha. Era angustiante vê-lo naquela situação, mas eu dizia que se o deixássemos quieto passaria com o tempo. Creio que ele próprio percebeu como as coisas aconteciam, pois esses incidentes só se repetiram no posto. 

terça-feira, 20 de agosto de 2013

RMM – Autobiografia 60

            Naquela época Silvio Santos já vinha e Fantástico estava por vir aos domingos. Nas tardes de sábado tinha o Jô Soares dirigindo um programa juvenil. A Jovem Guarda com Roberto, Wanderleia, Tremendão, Ronnie Von, etc. E de quebra ainda tinham os festivais... Eu já carregava minha primeira paixão virtual: Batgirl. Ela aparecia raras vezes no seriado em sua moto preta, toda vestida, mas com muita sensualidade e beleza. E, se quiséssemos ver Daniel Boone era só irmos à casa do Wornes, seu maior fã (tanto que batizou sua primeira filha de Rebeca). 

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

RMM – Autobiografia 59

            Tia Daíra desfrutava da mão de obra da minha mãe e provável auxílio de minhas irmãs para lavar e passar suas roupas (que não eram muitas). Certo dia minhas irmãs foram levar as ditas roupas na casa dela. Insisti que me deixassem acompanhá-las, porém elas, juntamente com minha mãe, se opuseram. Após algum choro, ao vê-las partindo para a parada de ônibus, decidi que iria até lá.
            Minha maior preocupação era a avenida principal que cortava (e até hoje corta) Taguatinga ao meio. Após poucos minutos de suas saídas, comecei minha primeira e maior jornada infantil, que seria percorrer 2 a 3 km e efetuar a perigosa travessia. Durante o percurso imaginava que todos se surpreenderiam, ficariam alegres e até me parabenizariam pela façanha. Imaginem, então, o quanto fiquei decepcionado ao ser recebido com broncas e indignação, principalmente por parte de minha tia, que fez com que voltássemos rapidamente para avisar minha mãe. Minhas irmãs, principalmente a mais velha, me repreendeu todo o trajeto de volta.

            Não me lembro se apanhei de minha mãe ao chegar em casa. Mas aprendi a lição. Talvez essa minha primeira empreitada a tenha deixado, de alguma forma, preparada para outras que ocorreriam num futuro próximo. E, por falar nisso, aumentei o tamanho dos meus textos para não demorar a chegar nas narrativas de minhas viagens, pois minha mais nova cunhada disse-me que aguarda essa parte com muita ansiedade. 

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

PMM 97

            Quanto àquele rapaz que invadiu a privacidade do outro, ato que alguns querem nos induzir a acreditar que levou o segundo ao suicídio, quero crer que foi justa a pena a ele imposta pela referida invasão e mais alguma coisa relatada que não me lembro. Quanto ao suicídio, seria um caso extraordinário quererem julgar, pois seria necessário muito conhecimento sobre a mente do segundo rapaz e, provavelmente, incidiria em circunstâncias até mesmo anteriores a seu nascimento, o que requereria inteligência em mentes as quais nós, meros mortais de origem animal, não dispomos.

            Esse texto escrevi ano passado e se tratava de um fato ocorrido em solo americano. Foi bastante divulgado, pois queriam que um jovem fosse condenado pelo suicídio de outro que diziam ser homossexual. Não o divulguei na época por problemas alheios à minha vontade. A propósito, disponho agora.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Epístola de Agosto

            O mundo X Marcelinho: Fiquei muito angustiado de terça a quinta procurando esclarecimentos quanto ao fato ocorrido em São Paulo. Pensava em escrever algo, mas não sabia como; não sou psiquiatra, não entendo sobre psicologia ou ciências parecidas... Até que quinta-feira, ao amanhecer com uma leve dor de cabeça, imaginei que poderia ser por esse motivo. Num grande esforço e sofrimento, naquela manhã procurei penetrar na mente daquela criança e percebi que não foi apenas por fazer parte de uma família de militares e policiais e nem por gostar de jogos de violência que ele agiu assim. Mas, juntando todas essas coisas e tudo mais que o mundo pôde lhe oferecer desde o início da formação de sua mente e memória, ele foi recebendo, mas não absorvendo, o que lhe impúnhamos. Já ao nascer lhe deram uma curta existência, e é óbvio que, num dado momento, foi informado sobre isso. Dessa forma, o acúmulo de outras informações foi despertando nele uma revolta. Não contra alguns, mas contra todos que fazem parte e aceitam esse mundo fictício como real. Então se armando de tudo que era ofertado, revidou numa forma sombria e brusca. Só aí percebeu que não conseguiria destruir o gigante que lhe atormentava. Sendo assim, não se rendeu; apenas abandonou a batalha de forma honrada. Eu, tanto como qualquer outro, tenho o direito de não crer que ele fez essas coisas. Portanto, sempre quando recordar esse fato, orarei ao Pai e pedirei mais uma chance ao Marcelinho, mas não nesse mundo que o impeliu a morte. 

terça-feira, 13 de agosto de 2013

RMM – Autobiografia 58

            Por que deixá-la esperar? Pois seu pedido foi tão simples e nenhum dos meus parentes havia solicitado tal coisa. Simplesmente a vi crescer entre os meus sobrinhos mais jovens e era natural, ao chegarmos à cidade, a sua companhia. Sem que eu percebesse, de repente, me dei conta que já era uma jovem mulher. Logo após, me surpreendi ao saber que ela estava prestes a se casar com um senhor um pouco mais velho. Porém, conhecendo-o de vista, vi que não se tratava de um relacionamento espantoso, pois ele é um cara boa pinta e deve também ser uma boa pessoa. Espero, sinceramente, que seja merecedor de nossa prima e principal elo da família entre os mais jovens. Nossa querida Suzana Melhorim.  

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

RMM – Autobiografia 57

Tia Isaura, um exemplo de simplicidade. Não me lembrava de sua fisionomia nem de ter ouvido falar nada sobre ela até os últimos dias no posto, quando virou uma rotina irmos à Nova Veneza. Por não se encontrar em minhas memórias, me fez acreditar que ela não era uma filha legítima. Até os dias de hoje, não consegui assimilar essas coisas.

Nova Veneza é uma pacata cidade que, apesar da sua proximidade à Goiânia, preserva todo o ar de cidade interiorana, com carroças, cavalos, tratores, gado atravessando a todo momento. A população então nem se fala, apesar de ter vindo de uma tumultuada área no passado (como o nome já indica), qualquer um de cidade grande pode denominá-los caipiras. 

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

PMM 96

            Uma presidente falou: “Em meu país é inadmissível que se fechem rodovias em manifestações, pois o direito de ir e vir lá é constitucional”. Dias após, nesta mesma nação, certo sindicalista disse: “Nossa mobilização foi um sucesso, pois conseguimos paralisar o trânsito em sete ou oito importantes rodovias federais”. Teria ele não ouvido a presidente? Seriam essas suas palavras apenas um desrespeito a sua autoridade? Ou poderia ser considerado crime? E para todos que porventura vierem a ter acesso a essas minhas palavras, pergunto: Que país é este?

            Esse texto formulei para exibi-lo em um novo vídeo, porém, como dependo de outros para a divulgação de tudo o que faço, por não ter êxito nesse propósito, o adaptei para o papel. 

Evolução (PMM 95)

Evolução
Evolution
Évolution
Pt.6
            Esta proximidade ente Abraão e Melquisedeque provavelmente foi o principal fator formador da grande nação de Israel, que é uma das mais antigas e pragmáticas de nossa história. Mas isso não quer dizer que Abraão era um predestinado, poderia um negro ou amarelo ter tido a mesma iniciativa ou condição. Porém, ele soube identificar que aquele “homem entre os homens”, Melquisedeque, possuía uma inteligência fora do comum e todos ao seu redor o admirava e respeitava. Mesmo após a partida deste, apesar de muito abalado, Abraão procurou seguir e transmitir tudo que aprendera a sua progênie.
Isto influenciou vários pensadores e/ou religiosos mesmo após séculos de sua morte. Entre estes citaria Elias - um dos poucos homens nascidos de conformidade com nossa natureza a não experienciar a morte – Isaías, Daniel, Moisés e muitos outros.
Porém, acima de tudo, gostaria de deixar claro que acontecimentos contrários aos fenômenos naturais de nosso planeta não são estimulados e, muito pelo contrário, são totalmente repudiados e evitados por qualquer criatura superior. Apesar de nossas lendas, nenhum ser vindo dos céus provocou, tampouco causou, episódios espetaculares ou espantosos. Até mesmo a vinda dAquele que, para alguns judeus e para nós, seria o Cristo, foi sem grandes alardes. 

terça-feira, 6 de agosto de 2013

RMM – Autobiografia 56

            Tive em Nova Veneza em meados de Julho, quando tradicionalmente ocorre a festa da padroeira da cidade, Nossa Senhora do Carmo. Ao encontrar tia Carminha (cujo nome foi em homenagem à santa devido a data de nascimento), relatei que havia escrito algo sobre ela. Fazendo-lhe um resumo, citei o nome do Wornes. Ela falou que não se lembra desse nome, apenas recordou que certo rapaz a chamou para ir ao cinema. Nessa ocasião, o filme deu um intervalo, ela não viu o rapaz e, sem saber sobre essa pausa, pensou que o filme havia acabado e voltou só para casa.
            Também falou que nem ela nem a Vilma moraram conosco, apenas a tia Ilma, (que, aliás, chama-se Irma), conviveu com a gente algum tempo, por volta do nascimento dos caçulas. Ela, na realidade, morava com a tia Daíra (a segunda irmã mais velha de minha mãe) que veio à Brasília e aqui mora até os dias de hoje. Disse também que nos finais de semana, ou quando podia, nos visitava.

            Na quermesse encontrei a Suzana (uma das primas mais jovens, filha da tia Izaura) que, juntamente com seu esposo, eram os festeiros. Falando-lhes também sobre a autobiografia, ela me pediu que não esquecesse de escrever algo sobre ela, então respondi que demoraria muito, pois ainda estou descrevendo acontecimentos muito anteriores ao seu nascimento. Mas, em breve, falaria de sua mãe.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

RMM – Autobiografia 55

            Eu sabia que o Manolo tinha certo relacionamento com uma menininha, que fisicamente aparentava ser meses (ou até anos) mais nova que nós. Morena, tipo Luiza Brunet, costumava estar sempre de calcinha e, nos momentos que seu pai se encontrava, não saía para a rua. Ele sempre nos mostrava uma feição irada, talvez por desconfiar de alguma coisa ou, até mesmo, saber.
            Um dia Manolo passou por mim na companhia dela e me convidou a acompanhá-los, mostrando mais ou menos aonde iriam. Sem saber que atitude tomar naquele momento, acabei falando para o Júnior e um amigo dele (acho que se chamava Ítalo) que o Manolo e a menina estavam em tal local. Eles iam até lá e insistiram que eu os acompanhasse. Exitei, porém, acabei indo.
            O casal estava em meio à relva, em um pequeno declive, que ajudava a aumentar a camuflagem. Ambos, ao nos ver, correram. Porém, o Manolo virou e olhou duas ou três vezes para mim. Então percebi que não havia agido bem e, ao retornar, os que me acompanhavam disseram que eu deveria era ter aceitado o convite, ao invés de ter feito o que fiz.

Por isso e algum outro motivo, assim que tive chance falei com o Manolo para que ele me chamasse da próxima vez. A princípio ele até ficou zangado, mas, depois de algum tempo, prometeu que me chamaria. Mas, provavelmente por falta de oportunidade, isso não ocorreu.