Um acabou por sugerir
que me colocassem com o louco, talvez a fim de me assustar, todos riram e
concordaram. Eu por garantia pedi para que não me deixassem com o tal louco e
se seria possível arrumar outro lugar. Em conselho me levaram a uma cela que ficava
em frente ao do tal individuo, porém entre nós havia um vão, uma grande sala,
vazia, provavelmente ali os presos desenvolviam alguma atividade.
Aproximando-nos da que eu ficaria, o agente expôs a situação aos presos que
eram dois. Ainda perguntaram se havia colchão para mim, tendo ele respondido
que não, a imagem de mim tomando banho é vaga talvez tenha ocorrido dentro ou
fora da cela.
Pretendo discorrer pausadamente e tentar provar que não há verdade absoluta no meio em que acreditamos viver.
quarta-feira, 28 de dezembro de 2016
segunda-feira, 26 de dezembro de 2016
Minhas Viagens 30
Despedi e fui direto
para a delegacia, não lembro se havia passado lá antes e já garantido a
hospedagem, mas sei que quando entrei o delegado estava em uma acirrada discussão
com seus comandados e dizia que não queria ver tais contendas entre seus
homens. Não sei se entrei sem anuncio, aonde eles se encontravam, mas
provavelmente sim. O clima ficou mais ainda fora do normal pela minha presença
e o delegado provavelmente um sargento antigo (era comum nomeá-los delegados em
cidades pequenas até a poucos anos atrás). Um senhor aparentando mistura de
raças, com voz mansa, achou estranho aquele pedido, e ainda me sugeriu que
tentasse outro lugar, pois aquele... Por fim concordou, e os outros membros
disseram que eu só poderia ficar se fosse na forma de um detido, na cela, não sei
se para não tirar a liberdade dos plantonistas ou por outro motivo.
sexta-feira, 23 de dezembro de 2016
RMM – Autobiografia 257
Escorria uma água da cozinha e descia num ângulo
de cento e poucos graus, em referência a saída do cano com o campo de futebol,
que havia no nível abaixo. Os moleques colocavam um pé atrás do outro, e
desciam pela pequena vala que cabia exatamente a sola dos tênis. Sempre havia
restos de comida como arroz, feijão e algumas outras coisas, também acompanhava
isto há certa distância, nunca tive coragem de praticar tal façanha. Do lanche?
Não me lembro de nada. Mas lembro-me de uma casa de macumba, logo após a
erosão, a olhávamos com certo receio.
segunda-feira, 19 de dezembro de 2016
RMM – Autobiografia 256
No recreio divertíamos
andando na beirada de uma erosão em meio ao matagal. Eu ficava mais longe
observando, assim presenciei um moleque, que ao pisar na beirada, um pedaço do
solo cedeu e ele desceu quase verticalmente até o fundo, atingindo na mesma
posição graças a ter descido se apoiando com as mãos nas laterais lamacentas e
com alguns matos, para subir que foi muito complicado, mas ele conseguiu,
saindo de uma fundura de 4 ou 5 metros.
sexta-feira, 16 de dezembro de 2016
RMM – Autobiografia 255
Naquela escola, também
passei meus maiores problemas, com dor de barriga. Quando criava coragem de ir
ao banheiro, normalmente o encontrava trancado, até mesmo no recreio isto
acontecia. Teve um dia que rodeei o colégio desesperado, mas segurei, quando
retornei a sala percebi que de vez em quando vinha um cheiro de merda, e meu
colega ao lado me disse por varias vezes que iria entregar para a professora.
Foi uma das primeiras vezes que ouvi esta gíria e não sabia bem o significado,
mas pelas circunstâncias dava a entender que era relatar o fato. Na volta que
dei pelo colégio, tinha visto merda próxima à janela. Porém ficava na dúvida,
será que é ela ou pode ser eu que estou fedendo? Pois a dor de barriga
continuava insuportavelmente.
quarta-feira, 14 de dezembro de 2016
Minhas Viagens 29
Não sei se por sugestão
dos mendigos ou de alguns outros, ou por mim mesmo, mas em minha mente estava
certo que conseguiria abrigo na delegacia.
Porém antes voltei ao tal Mosteiro. Recebido por um
interno, expus minha condição, provavelmente tendo-lhe falado dos 40 dias, a experiência
com as palavras de Cristo e algo mais. Por fim lhe pedi abrigo. Porém em nosso
diálogo ele tentava deixar claro que as normas do recinto não permitiam
hospedagem, e eu retrucava dizendo que eles eram representantes de Deus na
Terra e por conseguinte, deveriam atender meu pedido. Este embate demorou por
quase hora. Ele tentando me explicar que pelos dogmas da igreja, meu
comportamento não estava correto e também tentava me convencer a jantar. Tendo
eu por diversas vezes recusado. Como não
entrávamos num acordo desisti e despedindo-me saí, mas em alguns metros
percorridos, parei e voltei, dizendo-lhe que aceitaria o prato de comida. Sabia
que naquele momento assim que eu pusesse a refeição na boca, seria como ter
jogado a toalha e desistido do meu propósito.
sexta-feira, 9 de dezembro de 2016
RMM – Autobiografia 254
Outra vez saindo da
chácara, algo a incomodava, fazendo com que ela ficasse mexendo e olhando o
encosto do banco. Quando a caminhonete foi de encontro à cerca, esfregando nas
aroeiras e também no arame farpado. Conseguiu voltar à estrada de chão em segurança.
Outro dia andando pelo Gama havia um carro com a porta aberta e entre ambos, o
motorista. Ainda alertei-a quanto ao homem, que segurou a porta com toda força
enquanto a caminhonete por pouco a arrancava. Minha mãe apenas disse “quem
mandou ficar com a porta aberta”, seguindo seu caminho enquanto o senhor nos
olhava afastando, com cara de assustado.
domingo, 4 de dezembro de 2016
RMM – Autobiografia 253
Enquanto esperava meu
pai, parou uma caminhonete. Desespero, minha mãe ao volante. Fiquei surpreso, decepcionado
e apavorado, ao entrar ainda perguntei por ele e o que estava acontecendo. De
imediato no primeiro retorno lá fomos nós para o canteiro central por sorte ela
conseguiu voltar à pista, após meu receio que ela atravessasse a pista
contrária. Minha mãe nos torturou por anos ao volante até que desistiu de
dirigir, não sei se por pressão nossa ou por ela mesma.
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