sexta-feira, 29 de novembro de 2013

RMM – Autobiografia 89

            Em dias próximos a este, porém em Nova Veneza, fui rodeado por uns meninos mal vestidos, de olhos fundos e muito magros. Diziam-me para eu pedir dinheiro ao meu pai para comprarmos algumas guloseimas. Era a festa de julho, até hoje sempre que podemos participamos dela. Eu insisti que meu pai não daria o dinheiro, ainda mais se me visse rodeado de pessoas estranhas, então me falaram que eram meus tios e que, se eu pedisse, seria atendido.

            Lógico que não acreditei. Porém, como o Huascar se encontrava junto a nós, ele confirmou a conversa. Fiquei totalmente confuso, mas pedi o dinheiro. No momento, meu pai olhou e viu os meninos a certa distância nos observando. Deu dinheiro suficiente para comprarmos algumas coisas. 

terça-feira, 26 de novembro de 2013

RMM – Autobiografia 88

            Algo de difícil compreensão foi quando, em determinada novela, uma mulher falou que seria mãe e o pai era Fulano de tal. Então, em poucos segundos, interrompi: “Como ela sabe que o pai é ele se não são casados?”. Havia muitas pessoas na sala, alguns tentaram me dizer entre sorrisos sem graça que era assim mesmo.
            Meus pais fingiam não estarem interessados. Aí o Huascar, meu primo mais velho que eu uns 5 anos (em torno de 13 anos), me perguntou: “Seu pai e sua mãe não sabia que você seria filho deles?”. E eu retruquei: “Mas antes de casar?”. Por fim, acabei aceitando ou me dando por enganado. Mas nunca esqueci essa conversa.

            Lembrei-me dela quando, no colégio, aprendi como as coisas aconteciam. 

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

RMM – Autobiografia 87

            Creio que não relatei... Estando em Nova Veneza, provavelmente no período de minha primeira memória...
Lembro-me de chorar muito e meu avô me pegar no colo e ir ao encontro dos meus pais, que estavam numa festa. Ao chegar deparou primeiro com meu pai e, pedindo desculpas, disse-lhe que não havia outro jeito, a não ser me levar até eles. Meu pai apenas nos olhou e, num aceno de cabeça, indicou minha mãe.
Sua fisionomia ao nos ver foi de uma pessoa de poucos amigos. Dessa forma fui passado para seus braços. Nunca me esqueci o local que realizava a festa, que era do lado do único hotel da cidade. Este, durante décadas, foi pensão, tocado pela minha avó (mãe do meu pai) e hoje por amigos nossos, herdeiros da tia Uca.
A propósito, não era minha tia, mas essa era uma forma carinhosa que a chamávamos. Até seus últimos dias de vida, que aconteceu há poucos anos, dela eu pedia a benção.

Por falar em benção, nunca entendi bem esse procedimento, mas, seguindo a tradição, peço aos meus tios e tias, e também a minha mãe. Na adolescência tentei excluí-la, mas fui duramente repreendido por uma de minhas tias, então resolvi não correr mais esse risco. Entre meus filhos e sobrinhos, essa prática encontra-se quase extinta. 

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

PMM 107

Quis contestar um texto de certo religioso apenas pelo título: “O Primeiro e O Maior de todos os santos”. Porém, já de início cita: “Jesus, através de José, é juridicamente filho de Deus (RM 1,3). José, fisicamente, não é o pai de Jesus (...) Deus: Ele solicita a colaboração humana na obra de salvação: ela não se realiza na terra sem a parceria do ser humano. O filho de Deus quis ter um pai e uma mãe e quis ter a necessidade de José (...)”.
Não sei se podemos considerar Jesus santo, assim o colocamos muito próximo a nós. Porém, no sentido homem, ele o foi. Mas não o primeiro, no próprio texto o autor intitula José como São José, e Moisés, Miqueias, Adão, Eva, não o foram antes do Filho-do-Homem? Deus não solicita colaboração de homens e nem tampouco Cristo “Quis ter (...) e a necessidade de José (...)”. Basta! Esse texto é involucionário.
Não podemos mais nos prender a qualquer ensinamento, porém, queremos e gostamos de ser tratados como crianças e deixarmos que outros decidam a questão religiosa. E esta intimidade que acreditamos ter com Deus ou seu filho é fictícia. Só existe dentro de nosso egoísmo. E se ficarmos presos a discursos e textos pobres, que nos são ofertados, não haverá salvação, pois não a merecemos, porque não fazemos por onde.

Professamo-nos cristãos. Quando o demonstramos? No natal? Na sexta-feira santa? Quando damos esmola? Procurem conhecimento, pois o Deus que era dos judeus ou Moisés acompanha nossa evolução e, no momento, é o Deus da física, química, biologia, filosofia e de todo medíocre conhecimento que a massa acredita ter. 

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Mórmons (PMM 106)

Parte II

                Acabei fazendo um comentário mais pessoal sobre os mórmons no outro texto. Então, para complementá-lo, a sua história é essa (e, até o momento, a considero verdadeira):
                Joseph Smith (EUA) começou a receber visitas de um ser não visível por outros, e este lhe informou que havia escritos antigos que contavam a história da América do Norte. E esses lhe foram mostrados, e várias testemunhas viram os textos clavados em placas de ouro; após um delicado trabalho de tradução, o original foi ocultado. Daí advém o livro dos mórmons. Sendo que ele, Mórmon, é o tal ser (leia o livro se puder, não creio que te fará algum mal). 
                   O livro fala de vários povos que se embrenhavam em guerras até uns eliminarem os outros e, no evento do Cristo, assim como ele era esperado pelos judeus, também aqui na América era aguardado, segundo escritos de homens considerados santos, profetas, etc. Após a crucificação e os três dias, ele teria feito várias visitas ao continente do norte, esse foi o maior evento já realizado. Creio que, se essas visitas realmente ocorreram, foram transformadas em lenda, pois os civilizados, quando vieram, destruíram toda cultura que aqui havia, principalmente a escrita. 
                  Na minha procura por evidências, a ligação que achei é a de que em vários lugares e povos há relatos de visitas de um poderoso homem branco. 

terça-feira, 19 de novembro de 2013

RMM – Autobiografia 86

            Quando chegávamos, logo a notícia se espalhava. Normalmente meu pai nos deixava no meu avô e ia cumprimentar todos os familiares, aliás, toda a cidade, pois todos se conheciam.
            Um fato chocante foi quando um dia, não sei se de propósito, demos várias voltas na cidade, apenas eu e ele. Já ao anoitecer, uma jovem moça nos fez companhia por alguns instantes.
Estava dentro do carro estacionado, não me lembro se só ou em companhia da moça, numa movimentada rua à porta do salão de festas da cidade, que provavelmente antecipava alguma festividade. Vi minha mãe passar ao meu lado com uma feição irada, dirigindo-se rumo ao meu pai, que era o centro das atenções em meio aos outros.
Ao encontrá-lo deferiu vários tapas, no mínimo, quatro ou cinco sequenciais. A imagem ainda está em minha mente como um filme, e seria fácil reproduzi-la. Após isso voltou com lágrimas nos olhos. Se ela sabia que eu estava no carro ou não, eu não sei. Assim como ela evitou olhar em direção ao carro, que se encontrava entre a casa do meu avô e o salão, também evitei olhá-la.

            Fiquei muito chocado. Depois, a menina, que era afilhada de meu pai ou dos dois, foi até ela, preocupada se poderia ser ela o pivô de tudo. Porém, minha mãe negou. Até hoje dá mil desculpas para o ocorrido. Por acaso ontem à noite minha esposa, em meio a uma rua não muito movimentada, tirou um copo descartável de minhas mãos e o jogou ao chão, derrubando o líquido que eu já não suportava mais beber. Não gosto desse tipo de atitude, mas fazer o que?! Mulheres!

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

RMM – Autobiografia 85

            Como havia dito, após a compra dos Dodgers, eram frequentes nossas idas em Nova Veneza. Quando íamos por Anápolis, percorríamos quase 60 km em estrada de chão. E por Goiânia a distância total aumentava, sendo que o trecho de chão reduzia metade. Todos gostavam quando íamos por Goiânia e, ao aproximarmos, tínhamos aquela vista panorâmica da cidade, como ocorre até os dias de hoje.

            Numa dessas viagens, meu pai fez uma curva à direita e, não sei por qual motivo, acabou batendo o veículo num monte de entulho. Assustamos, alguns populares pararam para olhar, mas não passou disso. 

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Mórmons (PMM 105)

            Parte I
              No final do meu manuscrito, disse que falaria sobre a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (Mórmons). De antemão, considero um grande vacilo ela ter se deixado designar por esse nome simples. Isso influenciou muitos teólogos de diversos segmentos cristãos a considerá-la uma seita. Como muitos, não entendi porque foi permitido aos seus fundadores terem casamentos plurais (um homem com quantas mulheres puderem sustentar e conciliar num lar).
            Todavia, antes de me ingressar nela, fiz um minucioso estudo sobre toda a literatura que pude ter acesso a seu respeito. Só após meu batismo, foi-me permitido possuir um livro intitulado “Doutrinas e convênios”. Por coincidência, quando lia sobre tais casamentos, minha esposa se encontrava atrás de mim. E depois, sem que eu percebesse, o pegou e leu alguns trechos. É lógico, ficou muito irritada. Então lhe disse que não o lesse mais, pois só era para membros, e que os casamentos plurais haviam sido banidos a mais de séculos pela instituição.
Outra coisa que me disseram foi que cada membro não deveria poupar esforços no sentido de visitar um dos templos o mais breve possível. Sendo que o mais próximo de Brasília era em São Paulo. E lá se concretiza casamentos para a eternidade. E o batismo pelos mortos. Este sempre foi para mim um grande enigma, pois Paulo fala claramente, não me lembro em qual epístola: “De outra forma, por que se batiza pelos mortos, sendo que eles não ressuscitarão?” num discurso onde afirmava que os cristãos ressuscitariam.

Fiz o possível para visitar o tal templo. Porém, semanas antes de conseguir minha autorização, creio que comecei a fazer coisas que inviabilizariam essa intenção. Sendo assim, deixei de frequentá-la e passei a andar por lugares e com pessoas que não são consideradas religiosas pelos que se dizem ser. 

terça-feira, 12 de novembro de 2013

RMM – Autobiografia 84

            Meu pai não gostava que subíssemos no muro. Um dia, lá estava eu, em cima do muro, Jefim no chão. Este me alertou que meu pai estava chegando. Assim que olhei, mesmo a uma média distância, disse-lhe que não era meu pai, devido eu ter percebido que era um Dodge vermelho, mas o teto era preto.

            Quando o carro parou em frente o portão, gelei. Não dava para fazer mais nada. Então torci que não fosse ele. Porém, naquele dia, ele não se aborreceria, pois acabara de adquirir um charger RT. 

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

RMM – Autobiografia 83

            Na 28 tive um período de descanso dos meus terrores noturnos. Só ouvi sons uma vez, como passadas fortes no telhado. Acreditei ser sobrenatural. Falando nisso, era sempre comum, em nossa família, quando nos reuníamos, contarmos e ouvirmos histórias de assombrações: lobisomens, caipora, vozes, vultos, zunidos, etc.

            Um fato estranho ocorreu no período das fogueiras, quando a Lu disse que ia se deitar e mais tarde veio e agachou-se em volta das brasas. Após certo tempo, os mais velhos descobriram que ela dormia e a levaram para cama. No outro dia ela não se lembrava de nada.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

PMM 104

Não tenho medo de ser tachado de repetitivo, pois creio que o ditado “Água mole em pedra dura tanto bate até que fura” representa bem toda nossa história evolucionária, principalmente no campo religioso.

Ao ouvir um pai falando (em todo seu desespero, que de tão grande conturba seu entendimento) sobre o desaparecimento de seu filho: “Tenho certeza que onde quer que ele esteja está bem e sendo muito bem cuidado”; segundo meus estudos, essa criança (a não ser por uma remota possibilidade de estar ainda entre nós) se encontra num profundo sono num lugar fisicamente muito longe daqui, sobre o cuidado de vários seres com larga experiência incumbidos para que esse descanso não seja perturbado. Assim ficará provavelmente até quando esse pai naturalmente cumprir sua trajetória nesse mundo e ir ao seu encontro para fazer todo o bem que aqui não lhe foi concedido. 

terça-feira, 5 de novembro de 2013

RMM – Autobiografia 82

            Há alguns meses o Samarone, meu irmão caçula, falou em meio a nossa família que tivemos uma caminhonete preta. Repreendi dizendo que não. Porém, ele insistiu, perguntando se eu não lembrava de uma caminhonete preta que tivemos na 28. Só então veio em minha mente que tivemos uma Ford por alguns meses. Era escura e muito bem conservada, talvez zero; porém, para mim, ficou ofuscada pelo Dodge Dart ou Charger.
            Agora lembro que uma das tarefas domésticas que meu pai desempenhava era pentear as longas madeixas loiras do Samarone. Após perder dois filhos consecutivos, um ao nascer e outro poucos dias antes, fez uma promessa de que se desse tudo certo com o próximo, ele deixaria de lhe cortar o cabelo até os sete anos. Porém creio que ele a quebrou em determinado momento.

            Também me lembro de estar entrando num ônibus e ver, juntamente com meu pai, o Samarone com seus 3 ou 4 anos caminhando sozinho em direção a um assento encostado na lateral do ônibus. Na primeira curva que o ônibus fez em direção contrária, ele foi arremessado ao chão. Mas acho que ele não chorou, apenas levantou assustado. 

sábado, 2 de novembro de 2013

PMM 103

Vendo um programa na TV paga, deparei-me com um tema intrigante, porém, assim que o Pedro, meu caçula, entrou na sala, troquei de canal. Era um documentário sobre siameses, filhos de um casal do Pará que, pelas características físicas, descendem diretamente de nossos indígenas. Os filhos eram inseparáveis, a não ser que um fosse sacrificado.
O casal os batizou de Jesus e Emanuel. Então lembrei que li em textos milenares considerados Apócrifos que Jesus tinha um irmão no campo espiritual. Este, de vez em quando o visitava e algumas pessoas ficaram sabendo disso. O que vinha se chamava Emanuel. Será que o casal ouviu falar dessa história? Poderia Jesus ter um irmão em outro local do universo?
Falando em TV paga, achei muito estranho quando me disseram que viram na internet que um documentário apresentado por uma grande rede de tv era fictício, sendo que isso não foi informado. Então relatei ter visto, há alguns anos, outro duvidoso, que se tratava da descoberta de uma espécie de animal semelhante a um dragão. E junto a este, dois ou três homens portando espadas e trajes medievais, todos muito bem conservados pelo gelo. Então me disseram que esse caso também era citado como fraude.

A partir daí não sei o que é mais ficção ou real, verdade ou mentira em toda mídia. Cria vergonha na cara, Discovery! 

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

RMM – Autobiografia 81

            Lá tive uma revelação chocante e traumática...
Certo dia, brincávamos eu, Jefim, um vizinho que não me lembro o nome, um pouco mais jovem que nós, e outro que morava nas proximidades, porém, com idade um pouco mais avançada. Era numa grama próxima a um monumento de altura inferior a quatro metros, compondo-se de uma forma de quadrados sobrepostos com ângulos laterais de 45º, sendo assim, de 2 em 2, a posição deles se repetia. Até os dias de hoje, se encontra no mesmo local.

            Começamos a falar algumas besteiras (termo que usávamos quando o assunto era sexo ou coisas parecidas, provavelmente oriundos das falas dos adultos quando percebiam as crianças com alguns comentários ou atitudes referentes a esses assuntos, então exclamavam: “Deixa de besteira, menino!”). De repente o mais velho falou: “Seu pai e sua mãe fazem isso toda noite”. Sofri um grande impacto com essas palavras. E lhe disse que isso não era verdade, que eles não faziam essas coisas. Porém, ele foi bem convincente em seus argumentos, mas me neguei a acreditar. Só aceitei esse fato anos após.