sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

RMM – Autobiografia 115

            Na QNA 29, começamos a ver filme de terror: Frankenstein, Lobisomem, Drácula, A Sombra do Gato, emplacava no cinema O Exorcista. Fiquei muito curioso, meus pais foram vê-lo. Os relatos davam conta que pessoas passavam mal e até se retiravam do cinema antes do fim. Outras ficavam semanas com medo e assustadas.

            Quando ouvia falar de filmes no cinema, me dirigia ao centro de Taguatinga, Cine Lara e Paranoá, para ver os cartazes. Olhava um por um, e os que estavam mais em evidência eram os de Bruce Lee e as Pornochanchadas, onde podíamos ver fotos ousadas. Deste último, o título que lembro é: O Pecado Mora ao Lado ou O Sexo Mora ao Lado, não sei. 

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

RMM – Autobiografia 114

Algumas coisas que ficaram para trás...

Ainda no posto, Flávio Cavalcanti ou Sílvio Santos (não me lembro qual) apadrinhou um rapaz que fazia show na rua, tocando violão com uma corda só. Esta era comum, quase da grossura de um lápis, de origem vegetal. O nome dele era João da Praia. Só emplacou um grande sucesso: “Aonde a vaca vai, o boi vai atrás...”. Após esta, fez outra, que foi o início do seu declínio: “Formiga cabeçuda”.

Também no programa Flávio Cavalcanti, ficou em minha memória uma prova na qual dois competidores deveriam serrar um tronco. Um deles era branco e forte e o outro negro. Este, enquanto o fazia, girava o tronco. O primeiro parou, olhou, e ficou rindo, pois ele estava em grande vantagem e acabou ganhando a prova. Creio que eu torcia pelo negro. 

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

RMM – Autobiografia 113

            Iniciou em mim uma coceira que se concentrava na virilha e estendia um pouco para trás, e para frente cobria uma área maior, às vezes precisava levantar mais o short ou a calça para esconder as feridas. Fiz isso o quanto pude. Porém, um dia na chácara, andando lentamente e com as pernas um pouco abertas, o Júnior percebeu. Então saiu dizendo a todos que eu estava cagado. Após ele muito zuar, minha mãe quis saber o que estava acontecendo. Depois de muita insistência, eu falei. Insistência maior ainda foi para que eu mostrasse a situação. Pedi para minhas irmãs se retirarem e mostrei apenas uma pequena área. Só então começamos a tratá-la. 

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

PMM 121

            Passei alguns dias falando aos meus filhos que nosso almoço seria do Rorizão até que, por acaso, passando em frente a ele, cumpri a promessa. Meio envergonhado e me sentindo culpado por estar naquele estabelecimento, fui seguindo os ditames: arroz, feijão, uma rapa da panela que a moça conseguia juntar raspando para cá e para lá (imaginei ser um resto de lasanha), enquanto meu olhar vagava procurando a carne; mas esta era a tal rapa. Num copo descartável com tampa, a salada. Deram-me até copos com certo tipo de suco artificial sem refrigeração, acho que era de groselha. No momento pensei em fazer alguma observação com referência aos restos queimados na panela e o suco quente, porém, cada face dos que me serviam como se fossem robotizados, eu lia: “Não reclame! Você só está pagando R$1,00”. Igualmente nas dos que se fartavam: “Não posso reclamar! Só estou pagando R$1,00”. Decepção maior foi chegar em casa e meus filhos se negarem a comer. Procurei alguma coisa pela geladeira e os servi.

            Comentando esse fato entre amigos num ambiente aqui na esquina, me disseram que era assim mesmo, o que mais eu poderia querer pagando apenas R$1,00?! E também me relataram que existe um esquema para atravessadores pegarem marmitas e revendê-las. Falei que voltarei lá e, se der o azar que dei da outra vez, vou abrir a boca. Mas me recomendaram não o fazer, senão acabo apanhando. Gostaria que pelo menos uma vez por semana organizassem grupos de parasitas, comissionados, administradores e todos que mamam nas tetas da máquina para fazerem sua refeição naquele local. Na realidade, gostaria que almoçassem lá todos os dias, porém, se isso ocorresse, a comida mudaria e, provavelmente, os trabalhadores passariam a pagar um real em outro local. 

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

RMM – Autobiografia 112

            Assim que mudamos para a QNA 28, era comum a presença do Edson, filho mais velho da tia Geralda, em nossa casa. O que ele mais gostava era de dirigir o Dodjão. Quando resolvia ir para sua residência, perguntava ao meu pai que horas precisaria dele e o que fariam nos próximos dias. Tudo ligado ao carro. Não que meu pai precisasse de motorista, mas, com certeza, foram bons companheiros durante anos.

            Nos finais de semana, já na chácara, ele levava sua namorada, a Regina. Morena bonita, de olhos claros. Seu programa era repetitivo, gostava de ficar deitada, principalmente no sofá. Entre um cochilo e outro levantava, falava com algumas pessoas - poucas palavras, porém, sempre com bom humor - e voltava para sua rotina. Eu achava que ela era preguiçosa, mas era simplesmente a Regina. No final das contas, casaram-se por volta dos anos 80 e tiveram dois queridos filhos (e também primos): Julianna e Alexandre. Hoje, 02 de Fevereiro, chega-me a notícia do seu falecimento; sem a companhia do Edson que, a mais de década, é outra que desfruta. 

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Eu Sou Deus (PMM120)

Parte II
            O tumulto foi imenso, e pela sua estatura avantajada, só piorava. Ao seu redor havia muitos federais, militares, enfim, homens do governo. Estes, sem saber o que fazer, lhe propuseram que aceitasse ser retirado daquele local por um helicóptero. Assim sucedeu após seu consentimento. Usaram cordas para isso e foi realmente um resgate cinematográfico, literalmente falando. As autoridades divulgaram a todos os meios de comunicação vigentes que o povo deveria retornar às suas residências e aguardar por notícias, pois, nas condições que tudo estava ocorrendo, não havia outra coisa a ser feita. Disseram que o homem ficaria bem e, em poucos minutos, já relataram que ele estava em solo firme, nas proximidades. Divulgavam sua imagem a todo momento e ele falava em inglês para terem paciência, pois haveria tempo para vários encontros e conversas.
Especularam que esse ser deveria estar em alguma fazenda isolada em Nova Jersey. Dirigiam-se ao local o vice-presidente, tanto quanto governador e prefeito de Nova York e vários líderes religiosos, inclusive os do mais alto escalão do Vaticano. Enquanto isso, o Sumo Pontífice aguardava um encontro pessoal com ele o mais rápido possível.
A plateia toda, apesar de decepcionada, retornou aos lares, salvo alguns que ficaram tumultuando pelas ruas até o anoitecer (já que o acontecimento principal ocorreu pela manhã). Todos os líderes mundiais enviaram representantes, e naquela tarde houve um colapso aéreo entre o Velho Mundo e o continente do norte, como jamais houvera. 

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

RMM – Autobiografia 111

Não ficamos nem um ano na nova e melhor casa que tivemos. Logo após a mudança (que até o momento não me recordo de nenhuma delas), meu pai comprou uma chácara nas proximidades de Taguatinga, exatamente no quilômetro 5 da BR 060, o que hoje é logo após a via que liga Samambaia ao Recanto das Emas, na altura da Fazendinha.
A chácara entre a nossa e a via é uma ramificação cristã, provavelmente de origem americana.

Já a nossa não nos pertence mais. Assim que meu pai faleceu, há quase 10 anos, nós passamos o terreno para outra pessoa. 

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Epístola de Marco Marcial

Há mais ou menos 15 anos assinei a TV A, não queria ver meus filhos vendo novelas ou programas adultos. Alguns anos após, ela passou a ser Mais TV. Há pouco mais de 4 anos, me ligaram da Sky dizendo que ela havia incorporado aquela rede e que eu deveria solicitar a troca dos equipamentos; o valor aumentaria. Fiz conforme o solicitado.
Na Mais TV, quando atrasava a mensalidade e cortavam o sinal, em dois ou três dias sem o serviço, o valor acrescido da multa não passava do valor que eu normalmente pagava. E se passasse mais alguns dias sem sinal, o valor diminuía.
Já na Sky, atrasei duas ou três vezes. Percebi que a cada atraso com corte de sinal me cobravam o valor de R$ 30,00, na época, sem terem me avisado antecipadamente. Pensei em fazer algo, mas não. Há uns dois anos mudamos nosso pacote, ficou determinado que teríamos um desconto se, de antemão, eu me comprometesse a pagar via cartão de crédito. Sugeriram, inclusive, o Visa. Aceitei. Porém, por alguns problemas entre eles, o pagamento às vezes não era efetuado. Então, sem aviso, voltaram a me enviar boletos, retirando o desconto. Pensei em ..., mas não.
Há uns 5 ou 6 meses passaram a me cobrar alguns canais que não dispúnhamos. Liguei, relatei o problema, e me disseram que o valor pago seria restituído. Não ocorreu e continuaram me cobrando. Sendo assim, contratei outra empresa e liguei para a Sky cancelando o plano. Após várias tentativas e horas perdidas, me cobraram mais R$ 100,00 e me disseram para ligar depois de uns dias para buscarem os equipamentos.
Creio que, agindo dessa forma, fiz o que a maioria faria. Porém, minha briga, na realidade, não é com a Sky, nem com a Volks (PMM 35 e PMM 37), nem tampouco com a Oi (PMM 38), é muito maior; não sei quando ela se realizará e as condições que ocorrerão, mas estou me preparando. E vocês?

            Obs.: Os PMMs são textos contidos no blog.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

RMM – Autobiografia 110

            Numa noite, acordei com um grande impacto e dor. Havia caído da cama de cima do beliche, a primeira parte a atingir o chão foi a cabeça. Todos no quarto despertaram, inclusive o “Tirêu”. Foi uma fortíssima dor. Eu apertei a cabeça entre as mãos, pois a impressão que tinha é que ela estava vibrando. Todos que se encontravam no quarto vieram em meu auxílio, chorei bastante até que deitei e adormeci. Algumas horas após, acordei, já era dia, com uma forte dor de cabeça. Fui ao banheiro e vomitei. Meus pais não se levantaram no momento da queda e não sei se minha mãe tomou alguma providência no outro dia. Não me lembro se relatei a ela ter vomitado.
Aliás, tínhamos como certo que o nome do “Tirêu” era Areovaldir. Mas, após a morte dos meus avós maternos, descobrimos que era mais do que isso. Tanto que hoje não sei seu verdadeiro nome. Vou me informar e divulgarei para vocês.

“Tirêu” é um apelido adotado pelos sobrinhos. Na verdade, o apelido correto é Rêu. Mas o R é falado como se estivesse no meio da palavra, com uma vogal antecedendo-o. Não consegui expressar esse apelido da forma correta aqui no texto escrito. Para facilitar, quando o citarmos, será “Tirêu”.   

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

RMM – Autobiografia 109

            Um dia cheguei em casa, não me lembro de onde, e havia duas ou três folhas de caderno esparramadas pela parede e chão com escritos indicando onde estava a chave. Acredito que foi ideia da Lú. Qualquer um poderia lê-los, apesar dela ter achado que apenas eu compreenderia que a chave encontrava-se embaixo do tapete. Todos tinham ido para a chácara. E foi assim, lentamente, sem que eu percebesse, que um dia estávamos morando lá. Porém, antes, trouxeram meu “Tirêu” de Nova Veneza, para ir realizando os serviços nela.
Às vezes o Júnior ia e passava alguns dias. Até que numa dessas temporadas sofreu um corte na perna, próximo ao joelho. Como as conduções eram difíceis, quando meu pai foi vê-lo, o corte estava muito infeccionado, com pano embebido em sangue e pus, sujo ao derredor. Minha mãe ficou indignada, e não permitiu que ele ficasse por ali mais de três dias.
Segundo relatos que me lembro, o acidente ocorreu devido a ele ter jogado o facão contra alguma árvore e este, com o impacto, voltou, ferindo-o. 

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

PMM 119

            Às vezes, vindo do trabalho, para evitar os engarrafamentos da BR 040, passo pelo Gama e Embrapa, chegando a 060 pelo viaduto novo, no final de Samambaia, que é minha cidade destino. Ah! Meu serviço é no Polo JK, entrando pelo Monumento aos Candangos (chifrudo). Num desses percursos, um rapaz acenou, pedindo carona. Parei e ele disse logo ao entrar:
- Muito obrigado! A maioria não para por causa do facão.
Só aí reparei que ele carregava um na cintura. Não dei a mínima, pois suas características eram de um trabalhador rural no geral. Cerca de 4 km já estávamos na área do seu serviço.
            Nesse ínterim, num papo rápido, disse-lhe, entre outras coisas, que seu serviço era perto e que uma bicicleta seria melhor que ônibus ou carona. Então ele respondeu que tinha uma, mas estava com o pneu furado, entre outros pequenos problemas.
            Algumas semanas após, lá estava ele de novo. E como da primeira vez, só o avistei muito perto. Disse a ele para ficar de olho, pois sou distraído, para que não perdesse a carona. Já no carro:
            - E a bicicleta?
            Cheguei falando.
            - Não consegui arrumar, pois a firma terceirizada que prestava serviço para a Embrapa, a qual eu trabalhava, saiu e não nos pagou.
            - Não é possível! Que isso! O trabalhador tem que receber.
            - Pois é, eles disseram que quebraram. Mas essas firmas não quebram não. Vão é dando calote aqui e ali. Fecham e abrem com outro nome, e assim continuam.

            A Embrapa e o EMATER (me confundo entre essas duas) são umas das poucas empresas brasileiras conceituadas e respeitadas, de modo geral. Não deveriam permitir que esse tipo de coisa acontecesse, ainda mais em prejuízo daqueles que realmente dão seu suor e sangue pelo país e pelo seu pão de cada dia. 

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

RMM – Autobiografia 108

            Após o acidente com o “Dodjão”, meu pai comprou um Fuscão, também vermelho. Teve também uma ou duas kombis ao mesmo tempo, provavelmente provenientes de algum negócio com imóveis. Seu escritório imobiliário ficava no centro de Taguatinga, não me lembro bem, mas acho que era próximo à galeria que fica perto do BRB, quase em frente o relógio da praça.

Deusidete estava sempre ao seu lado, provavelmente seria seu braço direito, um homem de confiança. A primeira vez que fomos à chácara, ele nos acompanhou, juntamente com sua família. Nesse dia tomamos banho no córrego Vargem da Benção, que era o divisor de lotes. E hoje, creio que continua dividindo as regiões. Samambaia, pelo lado da BR 060, e Recanto das Emas, pelo outro lado.