sexta-feira, 28 de junho de 2013

RMM – Autobiografia 45

Andava aproximadamente 1,5 km do posto ao meu colégio, quando eu tinha apenas 6 anos de idade. Atravessava uma área de cerrado que dividia dois bairros de Taguatinga Sul devido à presença de torres de alta tensão. Acompanharam-me apenas nas primeiras semanas e o maior obstáculo era a via, que, na época, era considerada a espinha dorsal da cidade (e até hoje essa pista é a única estrada interna desta área). O nome do colégio, como a maioria das coisas aqui em Brasília, é representado numericamente: Escola Classe 28. 

terça-feira, 25 de junho de 2013

RMM – Autobiografia 44

Foi no posto que comecei a estudar no ensino público que era ditado por senhores que distorceram a história e me enganaram durante longos anos (não gostei disso). Hoje escrevo este texto e o anterior enquanto a maioria dos brasileiros acompanha o jogo Brasil e Japão pela Copa das Confederações; outros participam de shows; e alguns protestam. Tudo isso aqui, no centro de todo o poder de nossa nação.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

RMM – Autobiografia 43

Meu pai não me causava estranheza até essa idade, retirando o episódio ocorrido no dia da decisão da copa. Mas analisando os fatos e acontecimentos ligados a ele a partir de uma experiente e adulta mente, era um homem, na menor das hipóteses, diferente. Não saía de casa sem estar trajado com terno e gravata, chovesse ou fizesse sol. Raramente víamos seus braços ou, até mesmo, joelho e canela. Quando fazíamos algo que o contrariasse, emitia uma espécie de chiado: “Pssst!” e, ao olharmos para sua face, víamos uma feição irada, principalmente entre os olhos e os cabelos (que eram penteados com uma escova ou pente de bolso). Normalmente saía de manhã e retornava a noite sobre efeito de certa quantidade de bebida destilada. Quando o consumo passava um pouco da medida, trazia algumas balinhas e ficava sentado com uma cara de bobo, brincando conosco entre soluços e sorrisos que não mostravam os dentes. Aliás, eu pensava se tratar de duas dentaduras, só percebi que era apenas uma após algumas décadas. De manhã comia um ou dois ovos mal cozidos em um copo misturados com azeite, sal e pimenta do reino (às vezes faço para mim e meu caçula, experimentem!). As raras vezes que ele almoçava em casa, minha mãe preparava comida e o servia. Quase não discutiam, não se abraçavam e nem beijavam, a conversa era “não”, “não” e “sim”, “sim”. Quando ela fazia algumas cobranças, ele dizia: “Paciência!”. Se ele não houvesse saído para não mais retornar ao corpo corruptivo, há nove anos atrás, hoje comemoraríamos seu aniversário.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Epístola de Junho

Não estava entendendo essas manifestações, talvez por não me interessar por facebook, então procurei me informar com os mais jovens. “Isto é por causa dos 20 centavos? Estúpidos. Pensam que sim.” Mas, ao ver no noticiário pela manhã, a imagem de um homem de costas e mãos para o alto levar um tiro de borracha a uma distância de quatro metros e, logo após, nosso secretário de segurança pública dizer que a operação foi perfeita, indignei-me. E, logo mais, já na hora de deitar, meu filho disse-me que a Mayara (minha filha) havia chamado o Rodrigo (meu sobrinho) para participar da grande manifestação que haveria no dia seguinte. Este respondeu que só iria se eu fosse.

Já disse que estou velho para essas coisas, mas, amadurecendo a ideia, acabamos por ir. Foi uma verdadeira terapia. Xingamos todos os que mereciam ser xingados, como Sarney, Renan, Agnelo, Sandro Avelar (pelo que havia pronunciado), etc. Então, olhando os cartazes pude compreender quais são as reivindicações. Para essa classe que diz não saber o que queremos, faça uma coletânea de todas as imagens dos cartazes e das palavras de ordem e reúna pessoas capacitadas para fazerem uma sinopse. Isto será fácil, e já era para ter sido feito. Cabe-me agradecer à Dilma, pois, tenho certeza que a ordem de não violência adotada pelos agentes públicos do policiamento, dela partiu; e fica a esperança que, assim como ocorreu há duas décadas, essa nova geração de caras pintadas só cesse quando ver cumpridas as suas reivindicações. Nunca esquecendo que essa última tem um peso bem maior e complexo que a primeira. E, talvez, possamos cuspir o lixo de volta a eles. “Brasil, ame-o ou deixe-o”. 

terça-feira, 18 de junho de 2013

RMM – Autobiografia 42

A proximidade com o cerrado nos trouxe novas fontes de alimento e diversão. Era comum sairmos procurando caju, cabo-de-machado, mama-cadela, às vezes achávamos abóbora, chuchu, e até mesmo melancia, aí era uma festa! Quando uma pessoa mais forte participava do grupo, pegávamos os brotos de certas palmeiras rasteiras que também são comuns nessa área, e são verdadeiros palmitos.

Quando víamos jovens ou crianças desconhecidos, não interrompíamos nossa jornada, porém, quando avistávamos algum senhor, o alarme era dado: “Tarado!!!” E corríamos o máximo possível em direção às nossas casas.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

RMM – Autobiografia 41

Neste período lembro-me do nosso primeiro animal de estimação, que era uma cadela chamada Bolinha. Provavelmente a adquirimos um pouco antes da mudança. Dias tortuosos para mim era quando ela entrada no cio. Fazia uma vigilância constante, munido de todas as armas que dispunha: vara, pedra, corda, etc. Não entendia muito bem o que ocorria, mas quando os via atrelados, ficava muito contrariado.

Um dia uma criança maior, no intuito de me ajudar, pegou uma corda e, colocando entre os dois animais, arrastou-os por uns 10 metros a certa velocidade, até que se soltaram. Nestes dias minha mãe chamava-me e falava para eu deixar de lado, pois era assim mesmo. Só depois de adulto fiquei sabendo (através de conversações) que o membro do cão dispõe de uma espécie de “sacola” na extremidade; e que esta se inflama nos primeiros momentos, na parte interna da cadela e vai liberando a substância procriadora pausadamente até a desinflamação e a consequente desconexão. E, cada cão que participa desse ato, será o pai de um cachorrinho. 

quarta-feira, 12 de junho de 2013

PMM 89

Se eu fosse um homem poderoso, que pudesse ditar e fazer com que leis fossem cumpridas, procederia da seguinte forma com este elemento flagrado por câmeras, provavelmente praticando atos libidinosos em dependências hospitalares:
- Decretaria que fosse preso de imediato, em solitária, sem direito a nenhum contato humano, de dois a três meses. De preferência, alimentando-se de forma que não pudesse saborear;
- Após este período, deveria começar um tratamento especializado para os que cometem essa prática: trancafiado por um ou dois anos, em atividade remunerada, que pudesse cobrir suas despesas pessoais e os gastos decorrentes de seu aprisionamento;
- Ao sair, não poderia mais exercer funções que o colocasse em situações semelhantes àquela que o levou a praticar o crime;
- Caberia a quem de direito e a seus familiares vigiá-lo constantemente;
- Sendo novamente flagrado e comprovadamente considerado culpado neste mesmo crime, de imediato seria encarcerado, devendo fazer uso de tudo o que a ciência dispuser como desinibidor sexual, inclusive cirurgias;

- Depois de alguns anos, pelo menos uma década, ao ter a liberdade restabelecida, tomara que não cometa nada semelhante, pois a severidade da pena chegará ao seu limite máximo.  

terça-feira, 11 de junho de 2013

RMM – Autobiografia 40

Minhas unhas sempre tinham pequenas manchas claras, assim que eram eliminadas pelo crescimento normal vinham outras. Algumas crianças e adultos diziam que eram vermes. Desde pequeno eu não gostava de cortá-las e, às 30 horas após o corte, ainda acho ruim. Quando minha irmã as cortava, pedia que deixasse pelo menos uma ou duas mais longas e dizia que era para coçar, mas acho que era para mexer no nariz.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Evolução (PMM 88)

Evolução
Evolution
Évolution
Pt.4
Por revelação ou simplesmente pelos seus poderes supra-humanos, os responsáveis pelo plano original, corporificados e sobrevivendo através de certo alimento banido de nossa esfera (provavelmente do qual se originou a lenda da fonte da juventude, mas não brotava como água) aguardavam e cuidavam de todos os preparativos para receber um casal na Terra. Este, assim que chegou e dadas as boas vindas, ficou só. Eles foram deixados aqui como embaixadores do primeiro ou segundo céu; enquanto todos os outros corporificados, para lá voltaram.
 Foi normal para o casal recém-chegado ter logo contato com os descendentes dos caídos. Estes não eram demônios ou cobras, mas recebiam influência de seres invisíveis, inclusive o casal era influenciado.
A lenda da costela foi simplesmente uma adaptação, processada em data posterior, para dar uma significação inferior à mulher ou subjugá-la. A falha que teve o casal, apesar de ter sido de certo modo sexual, chegou às nossas escrituras muito distorcida ou de forma evasiva.
Logo após cometê-la, a árvore que lhes garantia longa vida não mais produziu seus frutos, porém o homem e a mulher viveram muito mais do que qualquer um viveria em nossos dias, e tiveram filhos e filhas. Contudo, mais uma vez o livre arbítrio seria responsável por uma grande falha; realmente a mulher cometeu o primeiro erro, mas, assim como nos dias de hoje, devido a toda tradição milenar, o homem foi o maior responsável por esse desatino, com uma participação efetiva e crucial.

É lógico que eles e seus descendentes não viviam se escondendo e seus nomes e história foram difundidos em toda aquela extensão de terra cercada por oceanos e entre todas as raças, pois a partir desse momento adâmico estas se completaram. E não pensem que essa divisão em negros, amarelos, vermelhos, etc. foi um processo normal evolucionário terrestre.

sábado, 1 de junho de 2013

Epístola da 2ª quinzena de Maio

          Por telefone minha irmã caçula(esposa do “Virgilin”), perguntou-me se já sabia da novidade. Respondi que não, então ela me relatou que estávamos prestes a ter um clube de nudismo na cidade, e relacionou o fato ao nome de certo vereador, e o valor da chácara que haviam comprado para este fim, oficialmente não sei de nada, mas qualquer ação que seja em benefício da cidade e consequentemente resulte em bem estar para a população, é louvável, e apesar de pessoalmente não ter condições físicas nem psicológicas para frequentar tal ambiente, pelo que ouvi falar entre estes praticantes o respeito vem em primeiro lugar. Vamos aguardar pra ver.

          Também me ligaram para falar, que a justiça nacional ainda não resolveu o nosso problema, com referência ao cargo maior politico municipal, e que a qualquer momento poderemos ter alguma surpresa, em relação ao idoso(me surpreendi por que pensei que ele já fosse carta virada, do nosso embaralhado baralho), portando enquanto não houverem provas concretas, que o povo tenha deixado de apoiar este senhor, estou com eles, e ao contrário do que muitos possam imaginar, fui uma das pessoas mais insistentes para resolver o problema, de descumprimento da democracia, apoiado oficialmente por pessoas que representam uma justiça falha, por que se encontram interligadas a uma classe que aceita a corrupção, e a impunidade como algo normal. Pela democracia nosso prefeito seria o padre, então que não se pronuncie mais esse termo, em referência a nossa cidade, e nos ensinem qual devemos usar.