O evento que ela citou
foi o seguinte: estando todos os parentes prontos para voltar a Goiânia, provavelmente
numa segunda-feira. Eu por volta dos meus 12 ou 13 anos, resolvemos colher umas
mangas. Subi o mais alto que pude em uma das mangueiras, com as pontas do dedo
do pé apoiado na penúltima galha esticava o máximo possível para alcançar uma
bonita manga, em dado momento a galha estalou e instantaneamente desabou (eu
era escalador de árvores, meu erro foi não considerar a quantidade de mangas que
a galha em que me apoiava sustentava), no reflexo ou desespero ainda toquei com
violência as pontas do dedo da mão em outra galha, tentando me segurar, isto me
fez sentir a primeira dor que foi no atrito dos dedos com a galha, este
movimento também cooperou para que eu caísse por sobre o braço curvado tendo o
cotovelo atingido o solo e pressionando minha mão e antebraço ao meu peito, com
a forte dor que senti na costela tentava massageá-la, porém não sentia minhas
mãos e não entendia, só compreendi quando olhei e a vi despencada então berrei
já em choro: quebrei minha mão, todos vieram em meu socorro e me seguraram,
tentando me levar suspenso pelos braços e pernas, porém a Geni e a tia Tita
tiveram crise de riso e quase me deixaram cair é obvio que não gostei nada
daquilo achei que a Geni aproveitou da crise da tia para de alguma forma se
sentir vingada da tesourada e as duas foram andando ao meu lado sem conter os
risos. Tia Tita pedia a todo momento desculpas por aquilo tudo entre as risadas
claro, e também procurava justificativas dizendo que foi o som das mangas
caindo o responsável pelo seu temperamento inesperado. Jamais me lembraria da
presença da Jeanie... Por fim o Júnior me apoiando pelo outro braço dizia, seja
homem, devido eu estar prestes a desmaiar pela imensa dor, por várias vezes ele
repetia: - não desmaia não, não desmaia não. Não gostei da repreensão, pois
passava em minha mente: ah! Não é ele que está sentindo tanta dor. Mas obedeci
lutando contra o desmaio. No final sei que o Adjar nos levou ao HRT e teve que
nos deixar por lá para seguir sua viagem. Fiquei preocupado com a volta, pois
meus pais estavam sem carro. E não faço a menor ideia de como minha mãe se
virou para voltarmos, pois apenas ela me acompanhou e naquela ocasião como em
tantas outras nosso dinheiro era muito escasso.
Pretendo discorrer pausadamente e tentar provar que não há verdade absoluta no meio em que acreditamos viver.
quinta-feira, 28 de abril de 2016
segunda-feira, 25 de abril de 2016
RMM – Autobiografia 230
Em certo momento a
Jeanie falou: você lembra quando quebrou o braço, você chorou. Após estas
palavras percebi que apesar de nossa pouca idade ela me considerava um moleque
durão, tanto que se surpreendeu ao me ver chorar uma única vez, isto me fez
lembrar da morte de sua mãe, havia varias possibilidade de eu ir ao velório e enterro,
mas não o fiz por vergonha de chorar em meio aos parentes que só compartilhavam
alegria. Em certo momento perguntaram-me se não iria ver o tio Leão. Respondi
que não, pois ele sempre dizia que não gostava de visitar ninguém em hospital e
nem ir a velórios ou enterros, nesse momento ecoou uma voz dizendo: ele não vai
porque tem vergonha de demonstrar sentimentos, ele detesta chorar em público.
sexta-feira, 8 de abril de 2016
RMM – Autobiografia 229
Em minha defesa também
disse a Dani, que os mais velhos me torturavam, principalmente o Júnior e o tio
Leão da parte de meu pai, fora mais dois tios da parte de minha mãe (tio Julin
e Tirêu) inclusive citei que às vezes o pai dela também participava, e ficava
em minha mente a ideia de descontar em alguém, de alguma forma e não batia na
Célia apenas não queria deixá-la brincar entre os guri e para afastá-la usava
de vários métodos e/ou artifícios, inclusive semelhantes a tortura. A Jeanie
continuava dizendo que não suportava tanta violência entre nós e que procurava
se manter isolada por medo de nossas loucuras.
quarta-feira, 6 de abril de 2016
RMM – Autobiografia 228
O que me marcou mais nos encontros com aquele
moleque, foi um dia, estando apenas nós dois na estrada da chácara, ele me
irritou de alguma forma e eu pegando em pedras ameacei-o, demonstrando que as
arremessaria contra ele, porém sem sair do lugar apenas me disse: “você quem
sabe, se quiser jogar joga, você quem sabe”. Olhei ao redor e não vi mais
ninguém, pensei: será que esse moleque poderia me matar? Ou me espancar sobre
maneira? Sendo assim preferi voltar atrás.
sexta-feira, 1 de abril de 2016
RMM – Autobiografia 227
Porém tinha um agravante,
não tenho certeza se antes ou depois daquela proeza, havia eu adquirido alguma
habilidade em jogar facas, até hoje conservo-a com menos eficácia, aprendi com
um moleque que apareceu na chácara e minha mãe o empregou, por alguns meses,
ele era de 1 a 2 anos mais velho que eu, porém tínhamos o mesmo tamanho, às
vezes o Júnior nos incentivava a ter certos confrontos físicos e eu sempre
perdia pois o moleque era bem mais forte e preparado do que eu. Com o garoto também aprendi a segurar
um cabo de vassoura ou coisa parecida, com as duas mãos à frente ou atrás do
corpo e os braços bem esticados para baixo, passar as duas pernas por sobre ele
sem soltá-lo, lógico, em um movimento muito rápido, acho que ainda hoje consigo
repeti-lo.
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