quinta-feira, 28 de abril de 2016

RMM – Autobiografia 231

     O evento que ela citou foi o seguinte: estando todos os parentes prontos para voltar a Goiânia, provavelmente numa segunda-feira. Eu por volta dos meus 12 ou 13 anos, resolvemos colher umas mangas. Subi o mais alto que pude em uma das mangueiras, com as pontas do dedo do pé apoiado na penúltima galha esticava o máximo possível para alcançar uma bonita manga, em dado momento a galha estalou e instantaneamente desabou (eu era escalador de árvores, meu erro foi não considerar a quantidade de mangas que a galha em que me apoiava sustentava), no reflexo ou desespero ainda toquei com violência as pontas do dedo da mão em outra galha, tentando me segurar, isto me fez sentir a primeira dor que foi no atrito dos dedos com a galha, este movimento também cooperou para que eu caísse por sobre o braço curvado tendo o cotovelo atingido o solo e pressionando minha mão e antebraço ao meu peito, com a forte dor que senti na costela tentava massageá-la, porém não sentia minhas mãos e não entendia, só compreendi quando olhei e a vi despencada então berrei já em choro: quebrei minha mão, todos vieram em meu socorro e me seguraram, tentando me levar suspenso pelos braços e pernas, porém a Geni e a tia Tita tiveram crise de riso e quase me deixaram cair é obvio que não gostei nada daquilo achei que a Geni aproveitou da crise da tia para de alguma forma se sentir vingada da tesourada e as duas foram andando ao meu lado sem conter os risos. Tia Tita pedia a todo momento desculpas por aquilo tudo entre as risadas claro, e também procurava justificativas dizendo que foi o som das mangas caindo o responsável pelo seu temperamento inesperado. Jamais me lembraria da presença da Jeanie... Por fim o Júnior me apoiando pelo outro braço dizia, seja homem, devido eu estar prestes a desmaiar pela imensa dor, por várias vezes ele repetia: - não desmaia não, não desmaia não. Não gostei da repreensão, pois passava em minha mente: ah! Não é ele que está sentindo tanta dor. Mas obedeci lutando contra o desmaio. No final sei que o Adjar nos levou ao HRT e teve que nos deixar por lá para seguir sua viagem. Fiquei preocupado com a volta, pois meus pais estavam sem carro. E não faço a menor ideia de como minha mãe se virou para voltarmos, pois apenas ela me acompanhou e naquela ocasião como em tantas outras nosso dinheiro era muito escasso.

segunda-feira, 25 de abril de 2016

RMM – Autobiografia 230

       Em certo momento a Jeanie falou: você lembra quando quebrou o braço, você chorou. Após estas palavras percebi que apesar de nossa pouca idade ela me considerava um moleque durão, tanto que se surpreendeu ao me ver chorar uma única vez, isto me fez lembrar da morte de sua mãe, havia varias possibilidade de eu ir ao velório e enterro, mas não o fiz por vergonha de chorar em meio aos parentes que só compartilhavam alegria. Em certo momento perguntaram-me se não iria ver o tio Leão. Respondi que não, pois ele sempre dizia que não gostava de visitar ninguém em hospital e nem ir a velórios ou enterros, nesse momento ecoou uma voz dizendo: ele não vai porque tem vergonha de demonstrar sentimentos, ele detesta chorar em público.

sexta-feira, 8 de abril de 2016

RMM – Autobiografia 229

    Em minha defesa também disse a Dani, que os mais velhos me torturavam, principalmente o Júnior e o tio Leão da parte de meu pai, fora mais dois tios da parte de minha mãe (tio Julin e Tirêu) inclusive citei que às vezes o pai dela também participava, e ficava em minha mente a ideia de descontar em alguém, de alguma forma e não batia na Célia apenas não queria deixá-la brincar entre os guri e para afastá-la usava de vários métodos e/ou artifícios, inclusive semelhantes a tortura. A Jeanie continuava dizendo que não suportava tanta violência entre nós e que procurava se manter isolada por medo de nossas loucuras. 

quarta-feira, 6 de abril de 2016

RMM – Autobiografia 228

        O que me marcou mais nos encontros com aquele moleque, foi um dia, estando apenas nós dois na estrada da chácara, ele me irritou de alguma forma e eu pegando em pedras ameacei-o, demonstrando que as arremessaria contra ele, porém sem sair do lugar apenas me disse: “você quem sabe, se quiser jogar joga, você quem sabe”. Olhei ao redor e não vi mais ninguém, pensei: será que esse moleque poderia me matar? Ou me espancar sobre maneira? Sendo assim preferi voltar atrás.

sexta-feira, 1 de abril de 2016

RMM – Autobiografia 227

     Porém tinha um agravante, não tenho certeza se antes ou depois daquela proeza, havia eu adquirido alguma habilidade em jogar facas, até hoje conservo-a com menos eficácia, aprendi com um moleque que apareceu na chácara e minha mãe o empregou, por alguns meses, ele era de 1 a 2 anos mais velho que eu, porém tínhamos o mesmo tamanho, às vezes o Júnior nos incentivava a ter certos confrontos físicos e eu sempre perdia pois o moleque era bem mais forte e preparado do  que eu. Com o garoto também aprendi a segurar um cabo de vassoura ou coisa parecida, com as duas mãos à frente ou atrás do corpo e os braços bem esticados para baixo, passar as duas pernas por sobre ele sem soltá-lo, lógico, em um movimento muito rápido, acho que ainda hoje consigo repeti-lo.