(-É
pra ir pro céu, né Marcão?) – é pra ir pro céu. Respondi ao meu cunhado, logo
após minha filha dizer que eu não poderia ter dado um lote, para uma mulher
estranha.
Na
realidade não dei... Fiquei muito satisfeito quando há uma década consegui
comprar uma casa na Samambaia, e ainda sobrou um pouco. Pensei: - vou comprar
um barraco em Santo Antônio, porque aí eu evito problemas quando me candidatar,
e se a Rosa (fictício), resolver me mandar embora, ou por mim mesmo a deixá-la,
terei onde ficar. Comprei. Numa tarde uma mulher me ligou, dizendo ter visto a
placa de aluga-se. Como estava sem lugar para passar a noite, perguntou se eu
poderia ceder a casa a ela por alguns dias. Então mais tarde ao sair do mercado
fui ao barraco, e lá se encontravam uma jovem e magra senhora e sua filha,
ambas com os olhos fundos, e envergonhadas com a situação, acho. Não tinham
nada e a casa também estava vazia. Vocês não imaginam a alegria que me dava, ao
vê-la conseguindo comprar as coisas aos poucos com o passar dos anos. Em todos
nossos encontros ela muitas vezes me constrangia, comparando-me a anjos e a
santos ou um enviado de Deus que veio para ajudá-la. Com o tempo passei a dizer
para não se preocupar, pois a casa seria dela enquanto ela precisasse. É obvio
que muitos, principalmente da minha própria família, especularam e aparentemente
não deixaram de especular, que há algo entre nós além do que uma simples
cristandade. Então há poucos anos ela me fez uma proposta de compra e aceitei,
mas infelizmente não posso dizer a ninguém como foi o negócio, pois a maioria
ao ouvirem dirão ou pensarão. “nossa como o Marco é burro” porem para todos
tenho uma simples resposta. – apenas tento ser um cristão.