segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

RMM – Autobiografia 182

       Um acontecimento estranho foi quando assim que ele começou seus serviços, que eram mais dedicados à ornamentação: rosas, palmas e etc. ou produção de mudas (inclusive ele tentou me ensinar a fazer alguns enxertos). Um dia o acompanhei a chácara do americano, para obtermos sementes de limão, a fim de fazermos cavalos (planta que serve de base para o enxerto), assim que ela atinge o tamanha ideal, retira-se uma parte dela e clava uma outra da planta que se deseja cultivar, a maioria das frutas cítricas, rosas, e muitas outras procedem desta técnica. Bem, o fato estranho mesmo foi ele ter comunicado à minha mãe, que os cachorros o atrapalhariam muito, e se ela permitisse, ele os mataria. Tendo ela cedido ele matou dois ou três cães e os enterrou junto a restos vegetais, próximo a casa, dizendo que daria um ótimo esterco. Lembro-me de ver um dos crânios dos cães quando ele desenterrou a mistura, alguns meses após, não me abalei com aquele episódio, mas achei muito estranho. Ah! Fiquei muito decepcionado quando soube que apenas um ou dois dos meus enxertos deram certo, e nunca mais mexi com aquilo.

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Epístola

         “Feliz natal”... Que tipo de sentimento nos ocorre nesta data, seria uma mistura de profano e sagrado, animal e espiritual. Para os que não sabem, estudos me revelaram que historicamente, aproveitaram a data de uma grande festividade pagã, e lhe incorporaram o aniversário do Cordeiro. Pelos estudiosos da área não há concordância, em ano, mês, e nem dia entre as duas. Seria esta a explicação deste sentimento que nos acomete nesta época. Em meus primeiros contatos com a bíblia, não pude achar muita relação, entre o que ela descreve, e o que reza a instituição que na época eu dizia fazer parte (Católica). Pensei que deveria ler mais alguns livros, porém uma opção imediata foi estudar página por página, chegando ao Cristo não entendi, porque Ele mandava os discípulos sem duas túnicas, sem dinheiro, ou mantimentos. Amar ao próximo é fácil, mas andar sem lenço e documento é absurdo, pensei. Porque Ele recomendaria isto? Passado alguns anos, ainda envolvido em meus estudos, saí com a roupa do corpo e creio que calcei uma sandália daquelas, tipo Barrabás (alusão a um antigo filme). Disse aos meus familiares que viajaria: de dia carregava um casaco de couro, um novo testamento e a identidade em uma sacola de mercado, à noite quando frio vestia o paletó e dividia nos bolsos as outras coisas. Após um momento estressante em Santa Maria, acreditei que poderia ser por estar carregando uma pequena quantidade de dinheiro, (joguei-o fora), e em bom Jesus da Lapa resolvi interromper minha curta viagem. Até hoje me pergunto em relação ao sagrado e ao profano: estarei eu errado em meus pensamentos e todo mundo certo ou poderá ser o contrário? Estou disposto a realizar mais algumas experiências. Ah! Na viagem nada me faltou, e eu me sentia realmente imortal, e provavelmente naqueles dias fui... Enquanto isto o que posso dizer? A não ser desejar-lhes um “feliz natal”.

sábado, 20 de dezembro de 2014

PMM - Eu Sou Deus 9ª Parte

            Como surge a vida? Foi a segunda pergunta, e procedeu da área reservada às celebridades, a qual Eu Sou Deus respondeu:

- Vou levar em conta que essa indagação se refira a este planeta em particular. Se bem que, em outros tantos esparramados por este universo, aliás, em todos, ela se origina da mesma maneira, e é inconcebível que essa ideia não tenha sido ainda divulgada, porque, com certeza, alguns ou vários cientistas, ou qualquer outro com bom senso, sabe que, na natureza, as principais características se repetem em diversas formas e pelo Universo não é diferente: são órbitas, Sistemas Solares, Galáxias e etc. Já foram descobertos elementos que se ajuntam para formar a vida e todos, segundo a física, se originam do Big Bang. Através de várias metamorfoses um dia recebem a vida, então porque ela só existiria aqui? Não tenham dúvida: este é um planeta especial por ter recebido um filho do Altíssimo, que para vos é o Cristo, porém isto ocorreu bilhões de anos após a implantação da vida, e esta começa quando os elementos se agrupam, e no instante da formação do lodo em meio à água salgada, o plasma ou energia desconhecida por nós, vinda da principal esfera do Universo é injetada na matéria, e daí vem que antes temos: o mineral, logo o vegetal e depois o animal, por fim, a última forma que infelizmente poucos entre vós entendem, que é a espiritual. A vida vem do Espírito e a Ele retornará um dia. Os que não conseguem compreender estas coisas seguirão o caminho inverso. Aqueles que não se espiritualizarem regredirão do animal desarraigado do espírito, em marcha evolucionária contrária, e num tempo reduzidíssimo, rapidamente se fará lodo e ao pó retornará.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

PMM 157

         Domingo último precisei de atendimento médico, dirigi-me a rede pública, cheguei um pouco antes das 18 horas e de imediato uma péssima noticia: “a médica passou mal”. A clínica geral já próximo ao término do plantão atendeu dois ou três pacientes gravíssimos, sendo que um sucumbiu e ela segundo me disseram uma doutora ainda jovem, provavelmente não conteve o estresse e o excesso de trabalho, tendo várias convulsões consecutivas, o que levou todos que puderam ir ao seu socorro, tendo em seguida sido encaminhada a nosso hospital maior, ou ao que ela tinha direito “o de Base”. Não sei seu estado atual de saúde, mas sei que a saúde do Estado continua um caos.

         Um casal aparentemente de baixa renda ou menor que a minha, puxaram conversa, e acabaram perguntando aonde eu morava: - Samambaia. – ah! Também moramos lá. Questionei a pessoa que me acompanhava se poderíamos levá-los em casa. – dexa pra lá, não se envolve não. No final apesar de termos chegado um pouco depois, fomos liberados antes deles. Ficamos sem saber se os esperaríamos e em alguns minutos, percebemos que eles ainda não haviam sidos atendidos. A uma curta distância os observamos, então virando as costas partimos. Já se passava das onze horas e a conversa que ouvíamos ao redor demonstrava a principal preocupação de todos: - como voltaremos para casa? A partir daí, e por outras coisas semelhantes arrependo-me de dizer “cristão. Quando me perguntam a qual religião eu pertenço. Talvez fosse melhor dizer: ateu, católico, muçulmano, crente,budista,judeu,Batista,espírita,mórmon,Universal e etc. porque assim desvincularia Seu nome desta forma de discussão. Pois seu principal mandamento não foi “ama ao teu próximo como a ti mesmo ou como Eu vos amei.” Eu estando na condição daquele casal, me negaria ajuda? E se fossem meus irmãos na carne, não os esperaria? Não, não mereço me considerar cristão.  

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

RMM – Autobiografia 181

        Acho que quando o Tirêu e o Valdir foram embora, ou ainda estando eles na chácara, minha mãe arrumou um meeiro (trabalhador em que o proprietário da terra lhe prove de todos os meios para que produza excluídos os gastos pessoais, alimentação etc. E no final dividem o produto das vendas ao meio). Cazu Yamura, não sei se era nascido no Japão ou não, tinha uma esposa: jovem, magra chamada Sirene, havia comentários que ele a conheceu na zona (tirada da zona: era o termo que usávamos). Um dos fatos mais marcantes envolvendo-os foi quando realizávamos uma grande festa em minha casa, e a Sirene ficou até ao anoitecer, sempre rodeada por alguns homens em conversações. Quando de repente o Cazu apareceu e a esbofeteou, ou deu um murro em seu rosto em meio a todos, que muito se irritaram e quase o agrediram, porém o pessoal do deixa disso evitou o pior. Desses homens o mais irritado, que me recordo era o Saaveda e também o padre Artêmio. O Cazu ficava o tempo todo pedindo-lhes desculpa, enquanto se abaixava naquele gesto característico dos japoneses, inclinando o corpo da cintura para cima em direção ao outro.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

RMM – Autobiografia 180

        O Valdirão era um goiano que na época veio de Nova Veneza, dele tenho poucas lembranças, só sei que se dava muito bem com seu companheiro de serviço, o Tirêu e também com o Júnior. Os dois foram os primeiros trabalhadores remunerados da chácara, também me lembro de que ele tinha mania de dizer a quase todo instante como que falando só, a expressão, “Aimêê!” e outra ainda “audácia da pilombêta!”. Depois de muitos anos ouvi a última numa radio A.M do Goiás, e a primeira acho que se referia a uma aparentada nossa, que tinha por nome não sei se poderia ser apelido, mas a pronuncia que eu ouvia e ouço é essa “Aimê”. O que mais marcou com referência a ele foi que perto de sair do emprego, pediu a minha mãe que lhe comprasse um gravador, estilo “juruna”. Após pagar a primeira mensalidade tendo ele ido embora não pagou as outras, creio que faltava onze, que minha mãe foi obrigada a saná-las e reclamou durante anos por esse fato. 

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

PMM 156

      Sexta, numa reunião de amigos de meus filhos subsequentemente nossos, no início da madrugada a tranquilidade foi quebrada, quando um jovem exclamou: - meu celular sumiu. Instantaneamente recordei, quando há alguns anos atrás minha irmã mais velha anunciou em um microfone “sumiu uma câmera”, ou celular sei lá (não dou a mínima para essas coisas). “Ninguém sai enquanto ela não aparecer”. Fiquei muito envergonhado e tanto lá quanto aqui até de mim suspeitei. De volta ao presente. Gritei: - ninguém entra ninguém sai em homenagem a minha irmã, e pegando meu celular pedi que me dessem o número do outro, neste ínterim uma moça que tinha vindo com o rapaz disse que estava chamando e ninguém atendia. A tortura não durou mais que quatro minutos finalizando quando exclamei: - você merece dois cascudos, dois não três, aliás, um de cada dos presentes bem dado, após ele anunciar ter encontrado o aparelho no porta-luvas do seu carro. Dirigiu-se a mim pedindo desculpa. – tudo bem, mas não faça mais isso. Nas recordações me veio ainda quando numa festinha de um casal de amigos, o dono da casa ameaçava bater em sua filha, uma jovem no final da adolescência, após a confusão fiquei sabendo que ela havia dado o alarme “sumiu meu celular” e seu pai em meio à discussão dizia: - o celular é seu a festa é minha, você não tinha o direito de desrespeitar meus convidados por causa desta porcaria, que falasse comigo em particular que eu saberia o que fazer, e que isto não se repita jamais em nosso lar. 

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

RMM – Autobiografia 179

         Um dia retornamos da fazenda na carroceria da c10 coberta pela lona, alguém fez a indelicadeza de soltar um... Então o Tirêu começou a me perturbar. Dizendo ter sido eu, em defesa e resposta jogava a culpa nele, enquanto isso uma recente empregada nossa: - jovem negra, porém muita robusta vinda do Piauí achava graça do Tirêu me zoar, aí resolvi jogar a culpa nela, subitamente ela agarrou uma das varas de pescar e me ameaçou, dizendo: - não me aperreia menino você não me aperreia. Com uma feição muito irada. Pensei realmente que iria apanhar e nunca tinha ouvido aquela expressão “aperreia”. O Tirêu achou isto tudo a coisa melhor do mundo. A partir daí fiquei no meu canto quieto, sem mencionar nenhuma palavra, enquanto ele se acabava em risos. Num certo dia ele chegou a mim com as malas na mão e disse “agora seis pode ficar feliz to indo embora”. Achei estranho e nada falei, foi um momento triste, mas também de alivio. Logo após nos deixar, nosso relacionamento mudou, e em poucos anos nos tornamos amigos. Até os dias de hoje sempre quando vou à Nova Veneza, faço questão de visitá-lo. E lá temos que passar por um certo ritual, que é experimentar a variedade de pingas que sempre lhe presenteiam. 

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

RMM – Autobiografia 178

     Nas raras vezes que íamos à Nova Veneza na companhia dele, estranhava muito ele brincar com as outras crianças. Pensava: - nos trata tão mal e aqui se relaciona tão bem com as meninas da tia Nega. Mas, com o Toninho, por mais estranho que possa parecer, até hoje tem problemas. A diversão dele é perturbar o Titonim até deixá-lo muito irritado, quando meus avós eram vivos o normal era eles intervirem, e atualmente normalmente algumas pessoas ainda intervém. Eu quando presente infelizmente não consigo deixar de achar graça, e dou muitas gargalhadas. Realmente o Tirêu é um cara diferente. Mas também havia algumas brincadeiras que ele nos proporcionava: - aquela que mais gostava era quando ele nos colocava na carriola (carrinho de mão) e corria pra lá e pra cá. Ficava um pouco temeroso pensando que de repente ele pudesse nos machucar propositadamente, mas nestas aventuras isto nunca ocorreu, também vira e meche amarrava cordas pelas árvores para balançarmos.