Vira e mexe aconteciam comentários entre nós sobre
alguma coisa relacionada ao sobrenatural. Um dos itens mais intrigantes era o
da estante; outro era sobre o pequeno carro de mão que meu irmão fazia fretes,
principalmente na feira.
Conta a minha mãe que numa noite meu pai levantou
duas vezes por ouvir que alguém estava carregando o carrinho. E, ao ouvir três
vezes, disse que não mais se levantaria, pois, aparentemente, se tratava de
algo assombroso.
Em outra noite, me encontrava no berço brincando com
meus irmãos mais novos; minhas irmãs mais velhas estavam próximas enquanto minha
mãe se encontrava na cozinha; por coincidência, os homens mais velhos (agora
definitivamente ausentes) não estavam, pois ainda era cedo, não passando das
oito e pouco da noite. Tudo estava dentro da normalidade quando, de repente,
ouvimos um alto som, como um estrondo, e todos os olhos viram caindo papéis
escritos, como se fossem jornais soltos de uma só vez, ecoando o som
característico dessa queda; até, finalmente, atingir o chão. Em meu pânico,
pulei para a cama de minha mãe, onde as mais velhas já se encontravam, ficamos
os três paralisados e amontoados sem movimento ou fala. Minha mãe nos
confortava passando a mão pelos nossos corpos e pedindo-nos calma, calma!
Quando começamos a relaxar, ela se sentiu a vontade para recolher as dezenas ou
centenas de quilos de papéis que havíamos visto pelo chão. Mas já não estavam
lá. Então, em meus pensamentos, acreditei que ela não nos retiraria dali e
dormiríamos com ela assim como estávamos. Mas, ao final, após meu pai e irmão
regressarem e ouvirem dela o ocorrido, fomos convidados a nos encaminharmos às
nossas camas.
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