sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

RMM - Autobiografia 1

A primeira vez que vim ao mundo minha mãe segurava-me pelos braços, colocando-me entre ela e o revólver que meu pai lhe apontava e dizia que a mataria, eu ainda não caminhava... A segunda vez que vim ao mundo... A terceira vez que vim ao mundo. Neste instante o interrompi e disse: -Pai o que é isso? - Que história é essa de vir ao mundo se o senhor nunca saiu daqui. Após um breve intervalo de silêncio respondeu-me: -Você não entende, eu quero dizer com essas palavras, quais são minhas primeiras memórias. -Ah tudo bem, já ouvi o senhor dizer isso, ela fala que este fato nunca aconteceu. Desta forma comecei um diálogo com meu pai. Nos encontrávamos na parte dianteira de nossa Kombi 73 na qual o piloto era meu irmão mais velho, me situava espremido entre meu pai e o câmbio, mas não pensem que era tão apertado, pois meu pai não era gordo e eu um magrelo sarado. Tínhamos acabado de fazer uma colheita de mandioca, já quando estavam embaladas e sendo embarcadas, foi colocado sobre um tronco uma garrafa de bebida(aguardente), então me afastei por algum instante para fazer uma comemoração individual, e ao retornar um pouco afoito ou até mesmo alterado, segurei-a pelo gargalo e a levei a boca. Meu pai balbuciou algumas palavras, e os outros em volta apenas observaram, ao devolvê-la(por já está quase totalmente escuro), só então percebi que havia alguns copos em volta, pedi desculpa dizendo não tê-los visto. Meu pai expressou que tentou me dizer. 
Em homenagem ao meu pai e a recordação que tenho deste momento, começarei minha autobiografia com as palavras iniciais do texto. E a propósito, usei o termo piloto por que meu irmão dirigia perigosamente, em uma estreita estrada de chão, que provavelmente parte dela ou até mesmo toda, agora se encontra sob as águas da chamada, barragem de “Corumbá 4”.

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